As escolas da Rede Pública Estadual de Educação de Sergipe aguardavam com expectativa os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2019, divulgados nessa terça-feira, 15, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Desde 2005, o exame monitora o desempenho da educação no Brasil. Ele reúne, em um só indicador, os resultados de duas dimensões de qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O índice é calculado a partir dos dados sobre aprovação, obtidos no Censo Escolar, e dos resultados do Saeb.

Dentre os resultados obtidos e analisados pela Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc), Sergipe subiu alguns degraus na melhoria de todas as etapas da Educação Básica, crescendo 6,4% nos Anos Iniciais; 2,9% nos Anos Finais e 6,5% no Ensino Médio. O crescimento segue uma tendência desde o Ideb 2015, quando o estado pontuava 2,6 e subiu para 3,1, em 2017, e para 3,3, em 2019, resultando um aumento de 0,7 ponto percentual.

Com o avanço, foi possível identificar também que as escolas circunscritas à Diretoria Regional de Educação 2 (DRE 2), responsável pelas unidades situadas na Região Centro-Sul de Sergipe, pontuaram no ranking dos dez melhores resultados nos Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental. Trata-se das escolas estaduais Epifânio Dória (Poço Verde), Senador Leite Neto (Lagarto), Nossa Senhora da Piedade (Lagarto), Escola Rotary Club (Lagarto), Rosinha Felipe (Tobias Barreto), Manoel Sobrinho (Simão Dias), Monsenhor Marinho (Lagarto), José de Carvalho Déda (Simão Dias), Maria de Lourdes Silveira Leite (Simão Dias); Colégio Estadual Dr. Evandro Mendes (Lagarto) e Escola Estadual Aristeu Carlos Valadares (Simão Dias).

Segundo  Daniela Silva Santos, diretora da DRE 2, esses números refletem-se como uma missão. "Dos 10 maiores Ideb do estado, sete estão concentrados nessa região. Temos a missão de continuarmos, e a nossa grande responsabilidade é manter a tendência de melhoria. O resultado do Índice é o reconhecimento de todos os esforços dos gestores, dos professores, dos alunos, da equipe técnica e do pessoal de apoio", pontua, ao acrescentar que o Ideb da Escola Estadual Epifânio Doria não somente é motivo de orgulho para a região, como também é um incentivo para o estado todo, já que superou a média do Brasil.

Nesses destaques, uma escola longínqua dos grandes centros urbanos de Sergipe, já na divisa com a Bahia, destacou-se na pontuação do Ideb 2019 em duas categorias da mesma etapa. A Escola Estadual Epifânio Dória, em Poço Verde, obteve o 1º lugar entre as escolas da Rede Estadual nos Anos Iniciais, com a nota 7,6; e o 3º lugar nos Anos Finais, pontuando 5,3. Em uma análise minuciosa, foi observado que a qualidade do ensino nos Anos Iniciais dessa unidade seguiu uma tendência de crescimento desde 2011. Já o desempenho nos Anos Finais sofreu oscilações durante este percurso, mas apresentou significativos avanços a partir de 2015.

O professor e atual diretor da E.E. Epifânio Dória, Carlos Henrique Acioly, comemora os resultados do Ideb 2019 destacando os índices positivos edificados como resposta a uma construção coletiva entre equipe gestora, professores, pessoal de apoio, estudantes e familiares. "O nosso foco é a aprendizagem do aluno. Utilizamos a estratégia de trazer a família para o nosso convívio", disse.

O fluxo escolar, dimensão de qualidade da educação mensurada no estudo divulgado pelo Inep, comumente alcança uma taxa de 91% de aprovação na E.E. Epifânio Dória, pouco ou nem um abandono escolar e uma parceria sólida de longo prazo com os professores; além do apoio da Rede de Proteção vinculada ao município, por meio dos Centros de Assistência e do Conselho Tutelar. "O resultado veio a partir dessa parceria. Como gestor, a gente dá o suporte, e trazendo a família foi identificado que é possível conquistar. As notas do Ideb 2019 são fruto também dos anos percorridos anteriormente pelos alunos até chegar ao 5º ano, onde o professor lapidou o que faltava", enfatizou o diretor Carlos Henrique Acioly, indicando o iminente sucesso da trajetória escolar desses alunos.

Como prova de que a presença recorrente da família na escola melhora o ensino e a aprendizagem do alunado, e o relacionamento entre os profissionais e as famílias evolui, a equipe gestora, bem como a pedagoga e secretária da unidade, Rejane Correia, planejam e executam, com o apoio de diversos servidores, projetos de acolhimento e de atendimento.

"Minha Família é Show" foi o projeto que orientou as temáticas e a execução de eventos como o do Carnaval, o São João e outros eventos. Tarefas, exposições, apresentações em datas comemorativas incluindo a participação de mães, pais ou responsáveis no contexto recreativo; e o plantão pedagógico, no qual é agendado um momento em que familiares buscam as avaliações e se deparam com a oportunidade de conversar com os professores, que passam a conhecer a dinâmica e a realidade em que vivem as crianças, aproxima e vincula de forma afetiva a comunidade escolar com a população atendida pela unidade.

Os projetos têm como protagonistas os alunos, mas nos bastidores atuam merendeiras, agentes de limpeza, bibliotecárias, professores, secretária e diretor, entre outros colaboradores. São nas apresentações que ocorrem a culminância do que as crianças aprendem em sala de aula durante o bimestre, semestre e o ano letivo como um todo. O professor Agnaldo Almeida, que leciona na turma do 5º ano, examinada pelas avaliações que resultaram o Ideb 2019, faz jus aos resultados positivos.  Basta a curiosidade em conhecer as ações planejadas por ele.

Na sala vazia, em virtude da pandemia, o professor Agnaldo conta como atua na prática docente. Ele inicia o ano letivo com um momento de escuta e socialização, quando passa a conhecer as deficiências de aprendizagem identificadas pelos colegas professores referentes à trajetória do estudante no ano anterior, e que serão readequadas em seguida pelo atual regente de classe. "A gente tem essa conversa para ter uma noção de como cada aluno é em sala de aula e tentar iniciar o ano letivo com foco na resolução dos problemas", enfatiza.

A partir desse momento foram realizados a avaliação diagnóstica e o planejamento anual alinhados aos conteúdos programáticas e a uma espécie de força-tarefa para nivelar a leitura e a escrita das crianças. Nesse contexto, Agnaldo intensificou as atividades voltadas à leitura e à escrita utilizando a arte em diversas vertentes, e criou rodas de leitura, apresentações teatrais; passeios externos pelo município para que os alunos pudessem identificar no território em que vivem os assuntos estudados nas aulas de geografia, por exemplo; a inclusão da gamificação no estudo da matemática, aula digital, sessões de cinema e até o preparo de refeições na cantina.

"A gente trabalha com muita arte. E foi uma parceria grande entre a direção da escola, os professores de forma geral e a família", justifica o professor diante do sucesso dos trabalhos desenvolvidos na unidade. Porém, a resistência dos alunos foi o primeiro percalço encontrado por Agnaldo, que logo se transformou em engajamento, e as crianças passaram a se comprometer com metas de estudo.

O sentimento de pertencimento e a construção do conhecimento na perspectiva da criança tornaram-se o combustível para acordar cedo e se preparar para ir à escola com o entusiasmo de que encontrará o novo, o que acaba de nascer. A maioria dessas crianças, que não somente aprendem, mas que estão sendo ensinadas que o conhecimento é divertido, agora sentem muita falta do pátio onde brincavam na E.E. Epifânio Dória, da merenda, dos amigos e de todo mundo.

A aluna Layla Sebastiana, de 11 anos, comprova a dobradinha, diversão e conhecimento.  "Aprendi muitas coisas com as brincadeiras e competições que o professor Agnaldo nos proporcionou; muitas alegrias através de viagens e leituras. Será inesquecível para mim". Ana Raquel, 12 anos, também. "No ano passado, juntamente com a minha turma conseguimos aprender várias formas de aprendizagem, dentre elas: leitura, formação corporal, arte, apresentações que davam ânimo de no dia seguinte voltar à escola", declara.

"Eu estudo na Epifânio Dória desde o 1º ano e aprendi muito vendo meus professores inventando mil formas para que eu aprendesse e desse o meu melhor", disse o aluno Renzo Gabriel, de 10 anos. As alunas Elloisa Souza e Ana Clara enviaram cartinhas que podem ser lidas na caixa de fotos desta matéria.

Para conhecer mais a Escola Estadual Epifânio Dória acesse o instagram @e.e.epifaniodoria

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