Rio de Janeiro
25.11.2024Profissionais de educação de todo o estado do Rio de Janeiro participaram do III Seminário Estadual Programa de Formação Por uma Educação Antirracista: Consolidando Práticas e Proposições Por uma Educação para as Relações Étnico-raciais, realizado na quinta-feira (21/11) pela Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ), no Imperator – Centro Cultural João Nogueira, no Méier, Zona Norte do Rio. O evento foi a culminância das ações do programa de formação Por Uma Educação Antirracista, instituído pela pasta, que contou ainda com cursos on-line, encontros regionais e circuitos da herança africana. A iniciativa tem o objetivo de capacitar os profissionais, ampliar o debate e criar políticas educacionais efetivas de combate ao racismo nas escolas.
Na abertura do seminário, a secretária de Estado de Educação, Roberta Barreto, destacou a importância do programa em um país onde há uma população excluída do contexto de educação, com mais de 19 milhões de jovens que não completaram o Ensino Médio, dos quais aproximadamente 10 milhões são negros, além da população indígena.
– A gente está há 500 anos clamando num hino nacional o “penhor da igualdade”, mas não consegue, porque as práticas ainda são as mesmas há 500 anos. E olha o papel que deram agora para a escola. Essa escola que agrega, que acolhe, que tem a missão de educar, de fazer o conteúdo, de efetivar o planejamento, de gerar conhecimento, ela também tem uma das missões mais nobres que existem, que é promover a igualdade e a equidade – afirmou a secretária.
O programa Por Uma Educação Antirracista visa oferecer novos elementos para a conscientização e o enfrentamento do racismo na rede estadual de ensino. A proposta é que todos estejam conscientes e engajados em ações institucionais antirracistas e que não reproduzam situações de desigualdade, discriminações e preconceitos. Assim, a ideia é eliminar ações que resultem em práticas racistas nas unidades escolares.
– Quando a gente dá o uniforme para todo mundo, é para dizer: “Nós somos iguais”. Quando a gente quer dar o mesmo material didático para todo mundo, é para dizer: “Nós podemos ter as mesmas coisas, sim”. Então, as práticas de gestão têm que ser práticas de responsabilidade. É por isso que a gente luta por tudo isso, que a gente luta para o livro chegar à sala de aula, e que ele seja de acesso para todos os estudantes de forma igualitária – frisou Roberta Barreto.
As ações formativas desenvolvidas por meio do programa foram definidas tendo por finalidade precípua a melhoria da qualidade da educação pública estadual, sob uma perspectiva antirracista, anticapacitista e pautada nos direitos humanos, e devem instrumentalizar os servidores da rede pública estadual de ensino para uma atuação consciente acerca do papel da política de educação e da escola na promoção da equidade. Ao todo, foram realizados 15 seminários sobre o tema em 15 regionais.
– Com esse encontro, a Seeduc-RJ reafirma seu compromisso com a busca por equidade junto aos nossos alunos. Assim, pretendemos contribuir para que suas experiências escolares sejam efetivas. Ainda atendendo a preceitos legais, esses eventos promovem a cidadania de cidadãos fluminenses pretos e pardos. Esse movimento é poderoso instrumento de desenvolvimento social, cultural e econômico para todos – destacou o superintendente de Desenvolvimento de Pessoas, Diego Ferreira.
Segundo a coordenadora de Avaliação e Gestão de Formação, Vivian Barros, a ideia do projeto não era focar apenas no professor em sala de aula, na comunidade escolar, mas em todos os servidores da rede Seeduc.
– A gente tem que ter práticas antirracistas para reverberar nas nossas ações, nos projetos que a gente vai colocar para a rede, não só nas formações para a escola, mas as formações para nós todos, para que a gente possa cada vez menos reproduzir situações de racismo, de discriminação, de preconceito – comentou a coordenadora.
Durante o evento, os participantes, profissionais da Seeduc e convidados, se dividiram em cinco mesas, discutindo e apresentando temas como ‘Políticas públicas, desigualdade racial, desafios e possíveis soluções no contexto educacional’, ‘Cultura e Educação – Possibilidade e desafios’, ‘Consolidando práticas e propondo ações por uma educação para as relações étnico-raciais’ e ‘O papel da gestão no combate ao racismo e suas interseccionalidades’. Também houve apresentações culturais de alunos e professores dos Cieps 201 Aarão Steinbruch e 327 Pedro Américo.
– A lei já proíbe, e a gente precisa proibir também, na nossa prática, no nosso coração. Meu desejo sincero para todos os dias do ano é que a gente tenha essa reflexão, que a gente não tenha mais nenhuma criança sendo educada com preconceito, que a gente não tenha mais preconceito em lugar algum. Talvez eu seja um pouco utópica, mas sonho com isso. Um dia, encontrar igualdade, respeito e cuidado em cada escola, em cada sala de aula e em cada família brasileira – disse a subsecretária de Planejamento e Ações Estratégicas, Myrian Medeiros.
Foto: Ellan Lustosa - Seeduc-RJ