Professor Amaral, de Cocal dos Alves/PI, é finalista do Prêmio Veja-se

Piaui

29.11.2017

O professor Antonio Amaral está entre os finalistas do prêmio Veja-se, premiação da revista Veja que busca valorizar as histórias inspiradoras de cidadãos excepcionais que, muitas vezes longe dos holofotes, se destacaram em 2017 como agentes de mudança na sociedade brasileira.

São três finalistas em cada categoria, escolhidos pela equipe de Veja com base em indicações feitas por especialistas de todas as regiões do Brasil. Os critérios para a seleção são o impacto social, o alcance e a originalidade de atuação dos candidatos.

As categorias são: Educação, Saúde, Diversidade, Políticas Públicas, Inovação e Cultura.

A votação popular, por meio do site da revista, e um corpo de notáveis escolherão os vencedores, que serão revelados em cerimônia de premiação no dia 12 de dezembro, em São Paulo.

OBMEP

Antonio Amaral é professor de matemática na Escola de Ensino Médio Augustinho Brandão e acumula 131 medalhas na Olimpíada e teve mais de 70% dos formandos do ensino médio aprovados em universidades federais em 2016.

Em 2016, o Piauí obteve um resultado recorde na OBMEP, conquistando 11 medalhas de ouro, 20 medalhas de prata e 64 de bronze, além de 567 menções honrosas. Deste quantitativo, os alunos da rede estadual conquistaram 42 medalhas, sendo 06 ouros, 13 pratas e 23 bronzes.

O resultado alcançado é fruto da parceria da escola com o professor Amaral. "Aqui na escola tudo que é feito é continuidade do que acontece em sala de aula. O trabalho do professor em sala e a preparação dos alunos para a Obmep se complementam. A escola trabalha no intuito de cada vez mais ter um ensino de qualidade. A preparação para a Obmep faz parte do calendário da escola. O professor Amaral planeja, conduz e executa e conta com apoio da escola em tudo", afirmou Aurilene Vieira de Brito, diretora da escola Augustinho Brandão.

PERFIL DO PROFESSOR AMARAL - (Fonte: site Veja)

À primeira vista, a hora do recreio na Escola Augustinho Brandão é igual a qualquer outra: crianças e adolescentes correm, jogam bola na quadra e conversam pelos corredores do pequeno colégio estadual de Cocal dos Alves, cidade de 5.000 habitantes a 300 quilômetros de Teresina, no Piauí. A diferença aparece nos pequenos grupos com papel e caneta na mão — eles estão debatendo possíveis resoluções para complexos problemas matemáticos. Na hora do recreio? Pois é: na Augustinho Brandão, matemática é a matéria preferida da esmagadora maioria dos 325 alunos. Mesmo quem não gosta muito não faz feio. Em consequência, a escola, situada em um município pobre e carente de infraestrutura, acumula 131 medalhas na Olimpíada Brasileira da disciplina e teve mais de 70% dos formandos do ensino médio aprovados em universidades federais em 2016.

Todos os dezoito professores se empenham para motivar a criançada, mas o motor da excelência matemática é Antônio Amaral, que divide com um colega as aulas da matéria em todos os níveis. Formado em matemática pela Universidade Estadual do Piauí e filho de agricultores analfabetos que sempre insistiram que o melhor caminho para vencer na vida são os estudos, ele resolveu ser professor porque achava que seria fácil arrumar emprego. Lecionou pela primeira vez aos 20 anos, em uma turma de alfabetização de adultos, e ainda se lembra com carinho da primeira aluna que aprendeu com ele a ler e escrever. Tomou gosto pelo ensino e, aos 21, ingressou na escola em que trabalha até hoje para dar aulas de matemática a turmas desinteressadas e acostumadas a notas baixas.

A Olimpíada de Matemática mudou tudo: em 2005, ele montou uma equipe de 25 alunos que mergulharam em cálculos e aprenderam a gostar da matéria. Três deles voltaram com medalhas e revolucionaram o ambiente escolar. Hoje, em véspera de Olimpíada, até a casa de Amaral vira sala de estudo. “Como vou dizer não a um grupo que chega no sábado pedindo ajuda com exercícios? Seria como se eu me negasse a melhorar meu país”, diz o professor, pai de gêmeos de 15 anos que, claro, adoram matemática. Embora ele participe intensamente da preparação dos adolescentes para a competição, seu maior prazer mesmo é apresentar os números às crianças dos primeiros anos. “A qualidade mais bonita de Antônio é não desistir de ninguém”, diz Aurilene de Brito, diretora da escola, que trabalha junto com o professor há dezessete anos. “Ele fica extremamente incomodado quando um aluno não aprende. Insiste, insiste e acaba envolvendo até os menos aplicados.”