A busca pelo primeiro emprego é um momento divisor de águas na vida de um jovem. As cobranças, a incerteza quanto a sua vocação e a dúvida sobre como redigir – e onde entregar – um currículo estão entre os pensamentos que permeiam a mente de quem concluiu o ensino médio. Nesta conjuntura, a escola tem um papel fundamental de ajudar o estudante a se descobrir como profissional e cidadão. Na rede estadual de Alagoas não é diferente e, nesta reportagem, contamos a história de quatro jovens que hoje estão inseridos no mercado de trabalho e que, nas suas escolas, adquiriram não só a formação, mas também a confiança para dar o primeiro passo rumo à vida adulta.

Rede  de contatos - Carlos André dos Santos Silva foi um aluno atuante nos três anos em que cursou o ensino médio na Escola Estadual Marcos Antônio, no complexo Benedito Bentes, em Maceió. Lá, teve o ensino médio acoplado a um curso técnico de Recursos Humanos, o que lhe propiciou uma formação diferenciada e também uma rede de contatos.

“Ter o ensino integral com o curso técnico me proporcionou experiências diferentes das quais estava acostumado em outras escolas e me abriu portas graças ao empenho dos nossos professores, que, além de repassar conhecimento, faziam com que vivêssemos a prática daquilo que víamos em sala de aula”, frisa André, que hoje está em seu segundo emprego e atua como assistente de marketing em uma rede farmacêutica.

Ele recorda de um projeto específico desenvolvido pela escola e que lhe ajudou a entrar no mercado de trabalho. “No meu último ano na escola, em 2018, as professoras Luciane Cedrim, Lucineide Miguel e Martha Santana conseguiram fechar uma parceria com o Coletivo Jovem da Coca-Cola, o que ampliou nosso leque de conhecimento e contatos. Tive a oportunidade de participar de um evento privado como voluntário e, por meio dele, consegui ingressar no meu primeiro emprego semanas após ter concluído o ensino médio”, conta Carlos André, que, em 2019, foi aprovado em 1º lugar pelo Sistema de Cotas no curso de Administração da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e atualmente cursa o 3º período.

Apoio - Em Arapiraca, a estudante Ana Paula da Silva Nunes, comemorou, simultaneamente, a aprovação no curso de Matemática da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e a conquista do seu primeiro emprego como assistente administrativa. Ela credita o ensino integral da Escola Estadual Senador Rui Palmeira – mais conhecida como Premen - como essencial para essa façanha.

“No Premen eu tive a oportunidade de fazer o curso de Microempreendedorismo Individual, e isso foi determinante para eu conseguir o emprego. Eu estudei o ensino fundamental inteiro no parcial, e somente no médio mudei para o integral. Senti uma grande diferença entre os dois. O integral me fez focar mais nos estudos e isso foi um diferencial para a minha aprendizagem. Além disso, tenho um carinho enorme por todos que fazem a escola e que levarei sempre na minha memória”, afirma a garota.

Descoberta de vocação – Já na Escola Estadual Princesa Isabel, no Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa), Raynara Kawane Barros Ferreira e Daniel Paulino encontraram não só uma segunda família – “a Realeza”, como orgulhosamente se identificam – mas também a vocação profissional. Lá, ambos descobriram que os seus futuros estavam ligados à comunicação social.

“Como estudante do ensino integral, participei de uma série de ações que enriquecem nossa formação, como disciplinas eletivas, projetos integradores, clubes juvenis, estudos orientados. Projetos que me ajudaram a ter autonomia e proatividade e me fizeram construir um perfil que o mercado de trabalho procura”, fala Raynara, que trabalha no setor de Marketing/ Administrativo de uma multinacional do ramo de bebidas e que, este ano, foi aprovada em 1º lugar no curso de Jornalismo da Ufal pelo Sistema de Cotas.

Já Daniel, que terminou o ensino médio antes de Raynara, em 2017, deu seus primeiros passos no jornalismo como diretor de comunicação do grêmio estudantil da escola. No Grêmio Força Estudantil, participou da elaboração de informativos digitais, da rádio escolar e ainda ajudou na organização de eventos como a festa de 85 anos da instituição.

“Costumo dizer que eu não escolhi o jornalismo, ele me escolheu. No Princesa Isabel, tive a chance de desenvolver atividades voltadas para área da comunicação. Mas não só isso. Lá fui preparado não somente para o ambiente acadêmico e profissional, mas para a vida. Encontrei excelentes professores, corpo técnico e gestoras que se tornaram uma segunda família para mim. Foi uma experiência que mudou minha vida e transformou minha perspectiva em relação ao ensino público”, relata Daniel, que, atualmente cursa o 4º período do curso de Jornalismo da Ufal e faz estágio no Poder Municipal.