Iniciação científica transforma vidas de estudantes da rede estadual de ensino

CIÊNCIA E INOVAÇÃO

26.02.2021

"Acho iniciação científica algo muito bacana e agradeço muito a minha professora Nadja por ter me apresentado à pesquisa. Fazer esses trabalhos em meio a uma pandemia foi difícil no começo, mas abriu um leque de oportunidades. Por não podermos viajar, já que os eventos presenciais foram cancelados, participamos de muitas feiras online, fizemos muitos contatos, aprendemos muito. Tivemos até pessoas da Holanda avaliando nossos trabalhos. Para 2021, as expectativas são as melhores possíveis”.  O entusiasmo do estudante Samuel Tavares, aluno da Escola Estadual Izaura Antônia de Lisboa, de Arapiraca, reflete como o envolvimento com ciência, inovação e tecnologia pode transformar a vida de um jovem ainda no ensino médio.

Samuel Tavares Escola Izaura de Lisboadurante a Experiment AL de 2019 foto Thiago Henrique

Prestes a cursar a 3ª série do ensino médio, Samuel já pode se considerar um “veterano” na área, e, nos últimos dois anos, participou e expôs projetos em eventos como a Feira de Ciências da Educação Básica de Alagoas (Experiment-AL), Encontro Estudantil da Rede Estadual de Alagoas,  Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec) e Feira Brasileira de Ciências e Engenharia da Universidade de São Paulo (Febrace-USP) –na qual teve o seu segundo trabalho consecutivo selecionado, tendo participado em 2020 e sendo escolhido novamente em 2021.

Samuel e a Escola Izaura Antônia de Lisboa não serão os únicos a representarem Alagoas na Febrace 2021, a maior feira de iniciação científica do Brasil: as escolas estaduais Arthur Ramos, do Pilar; Théo Brandão e a Escola SESI de Educação Básica Industrial Abelardo Lopes – ambas de Maceió - também estarão expondo a ciência produzida pelos estudantes caetés.

O superintendente de Políticas Educacionais da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Ricardo Lisboa, destaca a qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelas escolas estaduais. “Em um ano atípico, mesmo com os desafios impostos pela pandemia, elas desenvolveram excelentes projetos e que orgulham nossa rede e nosso estado”, frisa.

Reconhecimento - Os irmãos gêmeos Júlia e Mateus Domingues, que desenvolveram uma linha de cosméticos a partir de resíduos do coco para a Escola Estadual Théo Brandão, também tiveram suas vidas transformadas pela iniciação científica: ano passado ficaram em terceiro lugar no Encontro Estudantil 2020 com o mesmo trabalho e, este ano, estreiam na Febrace.

Júlia Domingues da Théo Brandão desenvolve produto com resíduos de coco fotos cortesia

“O reconhecimento do nosso projeto mostra que as pessoas não estão preocupadas apenas com a qualidade do produto, mas também do seu processo de produção”, observam Júlia e Mateus. “Isso não reflete apenas a qualidade da nossa pesquisa, mas também o potencial de cada aluno do país, não importando sua origem ou classe social”, complementam os irmãos, agradecendo o apoio da escola e de suas professoras orientadoras.

Professora Tatiane Omena em foto de 2015 fotos Valdir Rocha 26

Orientadora de Júlia e Mateus, a professora Tatiane Omena ressalta o empenho de seus jovens cientistas. “Mesmo em meio aos desafios impostos pela pandemia, eles deram um show de determinação e estão super preparados e empolgados em representar o nosso estado em uma feira do porte da Febrace”, conta Tatiane.

Arte e ciência – A Escola Estadual Graciliano Ramos, de Palmeira dos Índios, encontrou uma forma divertida e criativa de estimular o interesse pela ciência e pela pesquisa. Impulsionado pelo professor de Arte Anderson Gomes, o grupo teatral da escola criou a peça “Heróis da Ciência”, onde uma liga de heróis e heroínas busca proteger a ciência, a literatura e as comunidades indígenas, lutando contra vilões que querem destruir o planeta. O espetáculo torna mais lúdico o ensino da química, já que aborda a composição da tabela periódica.

Escola Graciliano Ramos apresenta projeto Heróis da Ciência na Experiment AL Fotos Thiago Henrique 152

O projeto percorreu diversos eventos, sendo premiado na edição 2019 da Experiment-AL e , recentemente, no VI Encontro de Iniciação Científica do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), campus Palmeira dos Índios, o que rendeu bolsas de iniciação científica jr da CNPq para as estudantes Andressa Pereira e Eduarda Pimentel.

“Por causa desse projeto, eu me descobri mais profissionalmente e deixei de lado o preconceito que eu tinha com a química. Receber a premiação e a bolsa foi uma realização muito grande, pois vi que nossos esforços tiveram resultados positivos”, destaca Eduarda. “O projeto nos ajudou muito no aprendizado de química, pois como as personagens da peça eram elementos da tabela periódica, absorvemos muita coisa. A premiação é o reconhecimento desse trabalho”, complementa Andressa..

Andressa sentada de azul eus colegas e o professor Anderson em evento de 2019 fotos cortesia

Em dezembro, Andressa e Eduarda, junto com os colegas Ranyara Oliveira e Kaio Matias, também foram premiadas no Desafio Criativos da Escola – iniciativa do movimento global Design for a Change  que estimula crianças e jovens a desenvolverem ações que transformem realidade de suas comunidades. A premiação decorreu do projeto News Podcast, onde o grupo produziu diversos podcasts informativos e formativos

Anderson Gomes professor de Artes e a EE Graciliano Ramos Palmeira do Índios 7 foto thiago henrique

“O projeto nasceu com o início das aulas remotas, em abril, como um instrumento informativo e de combate às notícias falsas e que também propiciava conteúdos que auxiliassem o processo de ensino e aprendizagem. Hoje temos mais de 80 podcasts gravados e a ideia é, com a premiação, ampliar as produções”, informa o professor Anderson Gomes.