Estudantes da rede estadual do Rio de Janeiro criam barco movido a energia solar e ganham prêmio

Rio de Janeiro

09.08.2024

Os alunos do Ciep 218 Ministro Hermes Lima – Intercultural Brasil-Turquia, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, conquistaram o Prêmio Superação no Desafio Solar Brasil, com um barco criado por eles e movido a energia solar. A competição de embarcações sustentáveis foi realizada entre os dias 22 e 28 de julho, na Praia do Canto, em Búzios, na Região dos Lagos. A escola se tornou a primeira da rede estadual de ensino a competir no desafio.

A disputa reuniu 12 equipes formadas por estudantes do Ensino Médio e universitários de quatros estados brasileiros – além do Rio de Janeiro, participaram conjuntos do Espírito Santo, Pará e Santa Catarina. A equipe da Baixada Fluminense levou o troféu especial por ser considerada a mais resiliente. Durante a competição, eles completaram sete provas, com percursos que variavam entre 200 metros e 6 quilômetros. 

Na competição semelhante a uma prova olímpica de vela, em formato de regatas diárias, mas com barcos movidos a energia solar, o time do Ciep 218 foi aprimorando a embarcação para os moldes de cada desafio, sempre somando pontos na classificação geral, conforme o desempenho.

— Estou bastante orgulhosa do resultado que conseguimos. Foram várias provas concluídas. Isso é muito importante aqui, já que é bem comum os barcos quebrarem e não finalizarem. Nós tivemos alguns problemas ao longo da competição, que foram contornados com muita garra e companheirismo dos alunos — destacou Marcella Freire, professora de Educação Física, responsável por implementar o projeto extracurricular na unidade e comandar a criação da embarcação movida a energia solar.

A professora afirmou ainda que a experiência teve êxito, já que os estudantes entenderam como tantos conhecimentos podem ser compilados num único barco.

 A equipe de 16 estudantes que participaram da competição ganhou o nome de ‘Güneş’ (sol em turco). Ao ser perguntado sobre qual palavra define a estreia no desafio, o piloto João Vitor Severo, de 18 anos, respondeu orgulho, por todo o desafio enfrentado e empenho de seus colegas.

 — Esta semana de competição foi essencial para a gente como equipe, já que conseguimos superar as adversidades que iam surgindo no decorrer das provas. Mas foi, principalmente, importante para o nosso amadurecimento pessoal, pois nos ajuda a escolher algumas profissões para seguir. Tem muita gente aqui que quer a área da Engenharia, tanto naval quanto elétrica — disse o jovem, que não conseguia esconder a felicidade por pilotar o barco pela primeira vez.

O desafio foi organizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por meio do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (NIDES), cujo objetivo é promover tecnologias sustentáveis, proporcionando uma qualidade na educação voltada para a preservação do meio ambiente.

Margô, a amiga do meio ambiente

 Preocupados com os impactos do aquecimento global e o futuro do planeta, alunos do Ciep 218 Ministro Hermes Lima – Intercultural Brasil-Turquia, em Duque de Caxias, desenvolveram ‘Margô’, um barco movido a energia solar. A embarcação possui módulos fotovoltaicos, usados para captar a luz solar e gerar energia, tem baterias e uma bomba de porão em cada casco – o catamarã é composto por dois cascos paralelos em sua base, e as bombas elétricas são utilizadas para retirar a água do fundo da embarcação e jogá-la de volta ao mar. Além disso, é equipada ainda com âncora, cabo de reboque, colete salva-vidas e reserva de flutuabilidade. E há espaço só para o piloto, o único tripulante a bordo.

 A iniciativa tem o objetivo de incentivar jovens talentos e incorporar o conceito de sustentabilidade no aprendizado dos alunos. E a implementação tem trazido resultados significativos.

 — Trabalho com projetos há muitos anos, minha pesquisa de mestrado é nesta área. Posso afirmar que não tem nem comparação o nível de aprendizagem da turma que utiliza a prática como metodologia — garante Marcella Freire, que observou o rendimento dos alunos com o método.

 Em setembro, o grupo volta a colocar a 'Margô' na água para participar da 2ª etapa do Desafio Solar Brasil, que será realizada na Universidade de São Paulo (USP).

Foto: Sandra Barros - Seeduc-RJ