Escolas da rede estadual de Sergipe levantam debates sobre Dia da Consciência Negra

Sergipe

19.11.2019

Desde 2011, escolas, órgãos públicos, entidades, organizações não governamentais e demais coletivos reaquecem os debates em torno do Dia da Consciência Negra, sancionada a partir da Lei nº 12.519/2011, que estabelece o dia 20 de novembro a data para lembrar a morte de Zumbi dos Palmares, líder quilombola e um dos pioneiros na resistência contra a escravidão na América. Consequentemente, a data provoca a reflexão sobre questões raciais no Brasil. 

A Consciência Negra é uma expressão que consiste em designar a percepção histórica e cultural que os negros têm de si mesmos erepresenta a luta dos negros contra a discriminação racial e a desigualdade social. É nesse contexto que as escolas realizam nesta semana uma extensa programação de atividades, debates, exibição de filmes, rodas de conversas, exposições e apresentações culturais. 

Dando o pontapé inicial sobre a reflexão acerca das causas e efeitos do racismo, foi realizada no Colégio Estadual Silvio Romero, situado no município de Lagarto, uma série de atividades durante as aulas do professor de história, Ricardo André, e a culminância que se deu na última semana. Os alunos das três séries do Ensino Médio discutiram os temas sugeridos no projeto Consciência Negra – Encarando e valorizando nossas origens.

“O silêncio não vai acabar com o preconceito racial. Nós temos o entendimento de que o colégio é um espaço privilegiado para discutir, debater e combater”, enfatizou o professor Ricardo André, ao se referir às ferramentas de combate à discriminação e à escola como provedora do conhecimento e de pensamento crítico. 

Na semana passada, a programação do Colégio Estadual Frei Inocêncio, localizado em Nossa Senhora do Socorro, começou com a realização da oficina de máscaras africanas ministrada pela professora de Artes da Universidade Federal de Sergipe, Majori Garrigo. O momento se concentrou no resgate sobre o significado das máscaras no continente africano. O colégio segue a agenda até o dia 21 e 22, com apresentação de grupo folclórico e a exposição sobre a história, a culinária e a cultura de cada lugar.

A Escola Estadual Marinalva Alves, também em Socorro, realiza entre os dias 18 e 23 a Semana do Abraço Negro, oportunizando aos alunos a descoberta e o aprimoramento dos assuntos que envolvem a comunidade negra. A escola abre as portas para os alunos e a comunidade a fim de participarem das oficinas de rimas, fanzine, penteados afro, roda de conversa, capoeira e outras atividades desenvolvidas com o apoio do Coletivo Ginká, Movimento Negro, Movimento de Mulheres, Movimento Negro Unificado (MNU) e do grupo Sete Quedas. No dia 23, os alunos de todas as escolas do município serão convidados para participar da Marcha das Crespas e Cacheadas.

Para celebrar a Consciência Negra, o Centro Estadual de Educação Profissional José Figueiredo Barreto vai realiza esta semana uma mesa-redonda com o tema Educação, Diversidade e Equidade, com a profa. Drª Maria Batista Lima, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), a Yalorixá profa. Angélica Oliveira e o prof. Me. Robson Anselmo. Além do debate, será lançado o livro de Severino D’Acelino intitulado Raízes Negras. 

O projeto pedagógico da Semana da Consciência Negra, articulado pelo Colégio Estadual Jornalista Paulo Costa, preparou uma intensa programação para os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e as turmas de Educação de Jovens e Adultos. Até o dia 22, o colégio vai realizar a exposição “Cacumbis em Laranjeiras”; a palestra As Divas do Samba, com o grupo de “Samba de Moça Só”; apresentação dos grupos Capoeira Abadá, Baobá e Oxolufã, além de performances e outras apresentações culturais e musicais. 

A Escola Estadual José de Alencar Cardoso, localizada no Conjunto Bugio, programou atividades para dois dias de muita discussão. Os alunos do Ensino Fundamental puderam compreender por que e para que serve o dia da Consciência Negra. Tiveram também a oportunidade de conhecer a herança cultural e outros assuntos relacionados à cultura afro-brasileira. O último dia de programação, que será realizada nesta terça, 19, vai reservar as discussões sobre racismo estrutural e institucional; haverá a palestra Cultura Negra: Luta e resistência de um povo, com Lina Nunes; o Cine Afro; as oficinas de Acessórios Afro, sob o comando da professora Iramaia; Pinturas africanas em telha, com a professora Mônica; e Vivências em cultura afro e popular, ao lado da educadora social Ellen Suzan. Por fim, os alunos vão assistir aos resultados das oficinas durante a exposição de encerramento.

Também em alusão ao tema, a Escola Estadual Olavo Bilac realizará neste dia 20, das 18h às 22h, o evento “A 2 passos de Wakanda”, com a intenção de mostrar a representação social do negro a partir de debates. “O trabalho é anula com palestras, visitas técnicas e oficinas. Teremos um bate-papo com a repórter Maristela Niz e a ialorixá Kelli”, afirma o professor Jairton Peterson, articulador de História do Pré-Uni e professor do Olavo Bilac.

No Centro de Excelência João de Melo Prado, em Divina Pastora, haverá a II Mostra Afro literária “O Negro Como Protagonista da Escrita Literária”, no dia 6 de dezembro, das 9h às 16h.