Equidade racial: 23 escolas recebem o Selo ERER Enedina Alves Marques do Governo

Paraná

07.03.2025

A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) entregou o Selo ERER Enedina Alves Marques às 23 escolas estaduais selecionadas no concurso, cujo objetivo é valorizar projetos que promovessem a cultura afro-brasileira, indígena e quilombola no ambiente escolar. A certificação, inédita na rede estadual de ensino, reconhece iniciativas voltadas para a equidade racial e foi entregue aos diretores das instituições de ensino contempladas durante o I Seminário de Diretores 2025, realizado em Foz do Iguaçu. 

 

O selo foi idealizado pela Coordenação de Diversidade e Direitos Humanos da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR). Espécie de concurso, a certificação permitiu que as escolas inscrevessem práticas pedagógicas desenvolvidas ao longo do ano letivo, dentro da perspectiva da Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER). As escolas atenderam aos três eixos estabelecidos para o concurso: recursos de mídia e materiais didático-pedagógicos, gestão do espaço físico e práticas educativas.

 

Cada prática inscrita recebeu uma pontuação específica. Para atingir a pontuação mínima de 600 pontos e obter a certificação, as escolas precisavam apresentar múltiplas iniciativas dentro desses três eixos.

 

Inscreveram-se na ação mais de 220 escolas em todo o Estado. Destas, 23 colégios pertencentes a 13 Núcleos Regionais de Educação alcançaram a pontuação necessária.

 

Entre os projetos premiados, destacaram-se iniciativas que utilizaram diferentes linguagens, como podcasts, oficinas culturais e pesquisas acadêmicas, conectando os alunos às suas histórias e identidades culturais.

 

“Essa certificação inédita não apenas celebra iniciativas inspiradoras, mas também reforça a importância de uma educação antirracista contínua, que conecte nossos estudantes às suas raízes e promova um ambiente escolar mais inclusivo e representativo", destaca o secretário da Educação, Roni Miranda.

 

ENGAJAMENTO – Envolvendo toda a comunidade escolar, o Colégio Estadual do Campo Henrique Denck, localizado no município de Ipiranga, se destacou no Selo ERER pela produção do livro "Cores em Versos", uma obra que resgata e valoriza a cultura afro-brasileira e indígena por meio da poesia. Criado por alunos, professores e funcionários, o livro foi desenvolvido como projeto multidisciplinar, que sensibiliza sobre racismo, discriminação e igualdade. 

 

“Seus poemas expressam reflexões sobre diversidade, identidade cultural e superação do preconceito, tornando-se uma ferramenta educativa e inspiradora para a comunidade escolar”, explica o diretor da escola, Eran Luiz Pacheco

 

Além do livro, diversas ações foram desenvolvidas para promover a valorização das culturas afro-brasileira e indígena. O Dia da Consciência Negra e o Dia dos Povos Indígenas foram celebrados com exposições e eventos que destacaram a herança cultural, os hábitos e a culinária dessas comunidades. A programação também incluiu palestras sobre discriminação racial e bullying, reforçando o respeito às diversas etnias.

 

Outro destaque foi a Mostra Cultural, que trouxe debates sobre a influência africana e indígena na sociedade, além da gastronomia típica, estudo de ervas medicinais, arte e vestimentas tradicionais. “Essas ações contribuíram para a criação de um ambiente escolar mais inclusivo e para o fortalecimento da identidade cultural dos alunos e da comunidade escolar”, ressalta o diretor. 

 

PESQUISA DE CAMPO – No Colégio Estadual São Braz, de Curitiba, o destaque ficou por conta de um grupo de alunos que visitou o Memorial Enedina – escultura que homenageia Enedina Alves Marques, localizada no Calçadão da Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba – e realizou entrevistas com os passantes para verificar o conhecimento da população sobre a autora.

 

Na escola, foram promovidas rodas de conversa com todas as turmas, nas quais foram realizadas exibições dos vídeos da visita e das entrevistas para discutir a biografia da engenheira e a contribuição da população negra para a sociedade paranaense.

 

Além das atividades realizadas, os estudantes do Colégio Estadual São Braz criaram uma frase representando o aprendizado sobre o combate ao racismo e o respeito às diversidades: "Mesmo com pedras no caminho, acredite em si e prove que é possível".

 

“O principal impacto deste trabalho foi mostrar que qualquer pessoa, independentemente dos desafios que enfrenta, pode alcançar grandes méritos. Essa trajetória inspira meninos e meninas a acreditarem em seus sonhos e a persistirem, mesmo diante das dificuldades”, afirma o diretor da escola, Josemi Lima de Almeida.

 

ENEDINA ALVES MARQUES – Enedina Alves Marques formou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1945, tornando-se a primeira mulher desta área no Estado e primeira engenheira negra do Brasil. Filha de uma trabalhadora doméstica, Enedina foi criada na casa do delegado e major Domingos Nascimento Sobrinho, tendo recebido educação em escolas particulares e públicas, destacando-se academicamente, desde a infância.

 

Ela trabalhou como auxiliar na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas e Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica. Contribuiu de forma significativa para o Plano Hidrelétrico do Paraná, destacando-se no aproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu, com a Usina Capivari-Cachoeira, considerada sua maior realização. Outras obras importantes que levam o nome da engenheira incluem o Colégio Estadual do Paraná e a Casa do Estudante Universitário de Curitiba (CEU). 

 

Foi nomeada com nome de rua no Bairro Cajuru, em Curitiba. No ano 2000, foi eternizada no Memorial à Mulher, em Curitiba, ao lado de outras 53 mulheres pioneiras do Brasil. Em 2006, foi fundado o Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques, em Maringá.

 

Conheça todas as escolas contempladas com o Selo ERER:

Colégio Estadual Cívico-Militar Olavo Bilac, em Faxinal (Núcleo Regional de Apucarana)

Colégio Estadual Professora Rosilda de Souza Oliveira, em Piraquara (NR Área Metropolitana Norte)

Colégio Estadual Cívico-Militar Emília Buzato, em Campo Magro (NRE Área Metropolitana Norte)

Colégio Estadual Tenente Sprenger, em Pinhais (NRE Área Metropolitana Norte)

Colégio Estadual Alvino Schelbauer, em Rio Negro (NRE Área Metropolitana Sul)

Colégio Estadual Sagrada Família, em Campo Largo (NRE Área Metropolitana Sul)

Escola Estadual do Campo de Marilu – EF, em Iretama (NRE Campo Mourão)

Escola Estadual Maria Pereira, em Leópolis (NRE Cornélio Procópio)

Escola Estadual Cecília Meireles, em Bandeirantes (NRE Cornélio Procópio)

Colégio Estadual Barão do Rio Branco, em Assaí (NRE Cornélio Procópio)

Colégio Estadual Júlia Wanderley, em Curitiba (NRE Curitiba)

Colégio Estadual Emílio de Menezes, em Curitiba (NRE Curitiba)

Colégio Estadual São Braz, em Curitiba (NRE Curitiba)

Escola Estadual do Campo Sagrada Família, em Planalto (NRE Francisco Beltrão)

Colégio Estadual Aldo Dallago, em Ibaiti (NRE Ibaiti)

Colégio Estadual do Campo Joaquim Maximiano Marques, em Carlópolis (NRE Jacarezinho)

Escola Cesar Soriani – EI EF na Modalidade de Educação Especial, em Sertanópolis (NRE Londrina)

Colégio Estadual Cívico-Militar Professor Francisco Villanueva, em Rolândia (NRE Londrina)

Colégio Estadual Cívico-Militar Manuel Bandeira, em Cambé (NRE Londrina)

Colégio Estadual Cívico-Militar do Patrimônio Regina, em Londrina (NRE Londrina)

Escola Professora Selma Rodrigues dos Santos – EI EF na Modalidade de Educação Especial, em Terra Rica (NRE Paranavaí)

Colégio Estadual do Campo Henrique Denck, em Ipiranga (NRE Ponta Grossa)

Colégio Estadual do Campo Professor Estanislau Wrublewski, em Cruz Machado (NRE União da Vitória)