Alagoas
16.10.2024Em seu dia a dia, o professor tem a missão de inspirar os estudantes a transformarem suas vidas por meio do estudo. E muitas vezes eles são uma referência tão positiva que os alunos terminam seguindo a carreira do magistério. Nesta terceira reportagem especial em homenagem ao Dia do Professor, conheceremos a história de Nadja Souza e Johnny Gomes, que são referência no incentivo à iniciação científica na rede estadual.
O começo
O ano era 2010. O cenário era a Escola Estadual Nossa Senhora da Conceição, localizada no município de Lagoa da Canoa. O estudante Johnny Pereira Gomes cursava o ensino médio quando conheceu a professora de química, Nadja Souza. Um primeiro encontro que marcou as vidas e as histórias dos dois. Ali, naquele lugar e hora, a “química” aconteceu. Num misto de emoções, o jovem descobriu seu amor pela ciência, pela pesquisa e pela docência.
“Ela já era uma referência no ensino, mas foi por meio de sua dedicação aos projetos de iniciação científica que ela verdadeiramente impactou minha trajetória. Aquele primeiro contato com a professora Nadja foi decisivo para mim. Não apenas pela paixão com que ela ensinava, mas pelo modo como mostrava que a docência ia muito além de transmitir teorias e conceitos. Ela me apresentou à prática de pesquisa, uma experiência que revelava o quanto aprender e ensinar podiam estar conectados à descoberta e à inovação. Foi ali que percebi que a educação é também um caminho de transformação através da curiosidade científica”, afirma Johnny.
Juntos, Johnny e Nadja percorreram diversas feiras científicas e colecionaram premiações. Dentre elas, vale destacar a premiação na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia da Universidade de São Paulo (Febrace/USP) em 2012, onde foram premiados na categoria Diário de Bordo, com o projeto sobre obtenção de óleo de coco por meios alternativos e de baixo custo, e no Instituto Federal Fluminense (IFF) de Macaé/RJ. No ano seguinte, voltaram a ser premiados em feira do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) Campus Palmeira dos Índios, e representaram a rede estadual de Alagoas no London International Youth Science Forum (LYSF), fórum que reuniu jovens cientistas de todo o mundo na capital britânica.
Hoje, mestre em Ensino pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e professor efetivo da rede estadual, Johnny escolheu a mesma escola onde esta história começou para trilhar sua jornada na docência, na disciplina de História, inspirado pela professora Nadja. E ele foi além: adotou para si, para a prática com seus alunos, a mesma metodologia: a de “educar pela pesquisa”.
“É algo que carrego comigo. Sempre estou em busca de oportunidades, editais de financiamento, como os da Fapeal, e de talentos que possam, assim como eu, beneficiar-se dessa abordagem educativa que a professora sempre incentivou. Se hoje sou um educador comprometido com a pesquisa, é porque lá, em 2010, tive a sorte de ser inspirado por alguém que enxergava o verdadeiro valor da educação. A professora Nadja não só transformou minha visão de mundo, como também plantou em mim a semente da docência que inspira e transforma. Ela nos ensinou, mais do que química, mas o poder de acreditar no potencial dos alunos e de buscar sempre o melhor, tanto em nós mesmos quanto em nossa prática educativa. E por isso, serei eternamente grato”, garante Johnny.
E a sua mestra, “professora Nadja”, como é amplamente conhecida e reconhecida, não só na região Agreste de Alagoas, onde concentra grande parte do seu trabalho, mas em todo o estado, por estudantes, companheiros professores, pesquisadores e gestores, recebeu, com alegria, a decisão de Johnny e de outros ex-alunos de seguir na mesma trilha traçada por ela mesma lá atrás.
“A pesquisa abre a mente. Ela permite enxergar um mundo de possibilidades e oportunidades. E esta foi a maneira que encontrei desses meninos me seguirem fazendo pesquisas. Foi neste caminho que escolhi para mim, que me abriu inúmeras portas, que me realizou como pesquisadora e também com a docência. E, que bom, além de tudo, poder inspirar meus alunos a seguirem este caminhar”, reconhece emocionada a professora, que, em agosto deste ano, foi agraciada com o “Prêmio Professor de Impacto” durante a edição 2024 do Trakto Show, em virtude da excelência acadêmica de seus projetos.
Manuella Nobre / Ascom Seduc Fotos: Cortesia