Jogos Escolares
26.06.2019A Síndrome de Granulomatose de Wegener tem um nome curioso, é rara e acomete pessoas de ambos os sexos principalmente a partir dos 40 anos. Guilherme Henrique Castro Álvares, 13 anos, é portador da doença há um ano e deposita na fé e no esforço o desejo de se tornar um atleta reconhecido mundialmente.
Capitão da equipe infantil do voleibol da escola estadual Gonçalves Dias, de Ji-Paraná, o garoto experimentou a dor da doença em sua estreia pelo futsal nos Jogos Escolares de Rondônia (Joer), aos 12 anos, na etapa estadual das modalidades coletivas realizada em Cacoal, em 2018.
“Foi terrível! Tudo começou com uma dor na cabeça, que avançou para o tórax e órgãos como baço e fígado. Fiquei em observação em hospital público três vezes e não pude concluir minha participação no Joer. Estávamos na fase quartas de final”, conta o menino, que na época precisou ser removido ao interior do Paraná para submeter a tratamento médico e cirúrgico em hospital particular.
Para a surpresa do estudante, outra doença foi diagnosticada: a osteoporose, que o levou ao centro-cirúrgico onde submeteu a três procedimentos na perna esquerda.
“Vou ter de tomar remédios para o resto da vida. Mesmo assim não vou abrir mão de praticar esporte. No Joer eu descobri que tenho várias habilidades esportivas e agora estou gostando do voleibol”, dispara o aluno-atleta, que tem como meta ser o melhor atacante do voleibol brasileiro.
Para o treinador do estudante, professor de educação física Alvanei Fornel, Guilherme Álvares é uma referência em superação. “Diante do quadro clínico apresentado, ele é um líder nato na quadra. Fiquei surpreendido”, disse Fornel, que preparou o aluno-atleta para fase regional do Joer em apenas um mês.
A SÍNDROME
O quadro geral da Síndrome de Gramulatose de Wegener foi apresentado e formalizado pelo patologista alemão Friedrich Wegener entre 1936 e 1939. É uma doença autoimune – ataca células saudáveis do organismo – caracterizada pela inflamação dos vasos sanguíneos.
A doença afeta aproximadamente 8,5 indivíduos a cada 1 milhão de habitantes. A literatura médica aponta que 90% das pessoas acometidas pela síndrome são de pele branca, a partir dos 40 anos de idade de ambos os sexos.
A causa da doença ainda é desconhecida e pode durar anos ou a vida inteira. A maioria dos casos é tratada com corticosteroides. Os sintomas podem surgir gradativamente ou abruptamente, como ocorreu com o Guilherme Álvares.
“As pessoas geralmente pensam que vão morrer quando adoecem. Eu não. É o contrário. Temos de lutar pela vida. Tenho fé que um dia tudo isso acaba e me tornarei o melhor dos melhores do voleibol mundial”, disse o aluno-atleta, após a equipe dele vencer pelo placar de 3×0 a equipe do Colégio Tiradentes da Polícia Militar 4, de Ji-Paraná, na fase regional Centro Oeste do Joer.