Paraná
22.03.2022Ter uma condição específica não é tabu na rede estadual de ensino. Rafael Pusch Mendes, de 14 anos, é um bom exemplo. Aluno do 7° ano no Colégio Estadual Cívico Militar Yvone Pimentel, em Curitiba, Rafa, como é chamado pelos professores e colegas, estuda quase em período integral.
Com aulas à tarde no ensino regular todos os dias da semana, ele tem duas aulas diárias pela manhã de segunda a quinta-feira na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) da escola, que também atende estudantes de outros dois colégios próximos. Ele é um dos 35 estudantes (entre manhã e tarde) do Atendimento Educacional Especializado (AEE) na área da deficiência intelectual, deficiência física-neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais específicos. Desse total, Rafael e mais um têm Síndrome de Down.
De natureza pedagógica, a SRM complementa a escolarização desses estudantes. “A sala de recursos faz parte do atendimento educacional especializado das escolas regulares e tem como função auxiliar o aluno com laudo a se desenvolver plenamente”, explica a professora Lauren Duarte Ferreira, que atua exclusivamente nesse atendimento, que demanda um trabalho colaborativo com os demais professores.
“Nós trabalhamos conteúdos defasados das séries anteriores, principalmente na Língua Portuguesa e Matemática, e também resgatando habilidades que serão imprescindíveis para prosseguir nas próximas séries”, complementa.
Uma das disciplinas, inclusive, é a favorita de Rafael, que, sem titubear, crava: “Matemática”. E a professora concorda. “Tem sido uma experiência bem bacana. O Rafael é muito atento. Se ele não entendeu, ele pede ajuda, e a gente busca outra forma de explicação, outra metodologia. É muito inteligente, tem mostrado durante as aulas a rapidez no raciocínio lógico”, relata.
Na SRM, o estudante compartilha a sala com outros quatro estudantes com autismo e tem acesso a diferentes materiais para potencializar seu aprendizado, por meio de programas e jogos de computador, de tabuleiro e seu preferido, o quebra-cabeças.
Desde o ano passado na rede estadual, quando ingressou no 6° ano, Rafa é atendido na sala de recursos, na época ainda através de videochamadas. “Foi um tempo especial, porque foi um tempo de acolhimento, precioso, de a gente começar a entender e reconhecer as dificuldades de cada um e suas potencialidades”, ressalta Lauren.
Ao todo, são cerca de 14 mil estudantes com Síndrome de Down matriculados nas escolas estaduais do Paraná. Ainda há o atendimento na rede conveniada, na qual uma parceria entre o Governo do Paraná e organizações da sociedade civil também garante um atendimento educacional especializado e a inclusão social à pessoa com Síndrome de Down.
Em julho do ano passado, o governo firmou um convênio de mais de R$ 430 milhões até o início de 2023 com 400 instituições mantenedoras de escolas de educação básica na modalidade de Educação Especial e de Centros de Atendimento Educacional Especializados.
Data — Em 2006, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o dia 21 de março como Dia Internacional da Pessoa com Síndrome de Down, uma alusão à trissomia do cromossomo 21. No ano passado, foi estabelecido por lei o Dia Estadual da Conscientização sobre a Síndrome de Down e a Semana de Ações no Campo da Síndrome de Down no Paraná.