Rio de Janeiro
10.10.2024Cercado por 107 hectares de natureza, o Centro de Ensino Integrado Agroecológico (CEIA) Barão de Langsdorff, localizado na Fazenda Conceição do Suruí, em Magé, na Baixada Fluminense, é um verdadeiro paraíso natural para os estudantes aprenderem sobre temas ligados ao meio ambiente. Como resultado, a unidade promoveu, na última quinta-feira (3/10), a Expoceia, uma mostra das atividades e da produção do colégio para a comunidade escolar.
Por meio de maquetes, produtos agrícolas, biojoias produzidas com sementes, distribuição de mudas, degustação de alimentos feitos nas aulas de processamento de produtos agrícolas e até mesmo uma trilha dentro dos limites da escola, os visitantes puderam aprender sobre o dia a dia da unidade.
A ideia foi atrair estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental de escolas da região, tanto da rede pública quanto privada, que em 2025 entrarão no Ensino Médio e poderão escolher o CEIA Barão de Langsdorff como escola. Por lá, além da modalidade regular, a unidade oferta o curso de técnico agrícola, no qual os alunos saem formados para lidar com plantas e animais no campo.
Para que isso ocorra, ao longo do curso os estudantes aprendem a cuidar das várias hortas e animais da unidade, como coelhos, galinhas, patos, entre outros, como explica a aluna Ana Vitória Arcanjo, de 16 anos.
— Eu não queria estudar aqui, mas logo que cheguei me apaixonei. É um colégio dinâmico, onde a gente divide as tarefas e aprendemos juntos. Além do diploma, vou levar o conhecimento para a vida — afirmou a jovem.
Durante a Expoceia, os alunos explicaram aos visitantes sobre diversos temas, como a influência da água no solo, decomposição das folhas, meliponário, processamento laboratorial, evolução de plantas, alternativas ao adubo químico com uso de adubos orgânicos e verdes, tratamento contra lagartas, tipos de solo, filtragem de água por granulação, ciclos da água, maturação do cacau e até manipulação de caranguejos e minhocas.
Outro ponto importante foi a demonstração do uso da estação meteorológica, equipamento utilizado para medir direção e velocidade do vento, volume das chuvas e temperatura. Os dados são enviados para outro equipamento que é manipulado pelos estudantes, como explica o professor de Geografia, Wagner Aguiar.
— É uma estação completa e serve como base para que os alunos possam se orientar, já que eles precisam entender sobre o clima para realizar o trabalho de campo.
A unidade conta ainda com uma plantação de cerca de 2.500 pés de café, que, assim como toda a área da escola, é monitorada com uso de um drone do próprio colégio. A tecnologia foi adotada também para prevenir focos de incêndio, e o uso do equipamento é feito pelos alunos do projeto.
A estudante Marina Isméiro, de 16 anos, faz um paralelo com a vida no campo e vê na escola a base para a vida profissional ligada ao meio ambiente.
— A gente lida com a horta, tratamos dela com adubo agroecológico que não tem insumo químico e cuidamos dos animais. É a mesma coisa de quem trabalha no campo. Tudo o que a gente aprende aqui não agrega valor só em nossa profissão, mas também em nossa vida. Somos beneficiados pelo meio ambiente, e isso nos ajuda como pessoas. Torço para que mais alunos venham estudar aqui e fazer o técnico, a gente se acostuma e se apaixona — contou a jovem.
A escola conta ainda com uma granja onde os alunos aprendem sobre o tempo de eclosão dos ovos de galinha, pato e codorna. Hortaliças como alface, alface roxo, cebolinha e jiló são vistas por toda a parte na escola. E é sobre isso, que a professora da área técnica em agropecuária, Magali Rodrigues, destaca em sua fala.
O diretor-adjunto, Antônio Carlos, explicou que os alunos do curso técnico passam o dia na escola, fazendo três refeições no colégio e que o fato de a escola não ter muros, mas sim área verde, contribui para o aprendizado deles.
— Em geral, temos estudantes de Magé, Guapimirim e Duque de Caxias. Eles são atendidos por cinco linhas de ônibus exclusivas para a escola e os que cursam o técnico passam o dia aqui. Estes alunos estudam de forma concomitante, ou seja, além das matérias regulares, há a questão ecológica, a preservação do meio ambiente, a prática esportiva, o estudo de plantação e os cuidados com os animais — explicou o docente.
O CEIA Barão de Langsdorff é uma das diversas escolas que oferecem modalidades distintas na rede. Além dela, a Secretaria de Estado de Educação possui unidades vocacionadas à música, ao esporte, cívico-militares, de formação de professores, interculturais, tecnológicas, rurais e até indígenas.
Desta maneira, o Governo do Estado, por meio da Seeduc, busca democratizar o ensino público, oferecendo aos estudantes fluminenses a chance de escolher a educação que mais lhe agrada, ofertando tanto as disciplinas regulares quanto as eletivas da unidade.
— Estamos formando profissionais que vão cuidar dos nossos alimentos e que estarão empenhados em produzir isso de uma maneira livre de insumos químicos e diminuindo a escassez dos recursos naturais, uma proposta nutricional acessível e que eles também podem reproduzir em suas famílias. Quando vejo os alunos fazendo isso, eu fico mais tranquila por saber que teremos profissionais preocupados com a saúde e segurança alimentar da população — afirma a professora.
Foto: Divulgação - Seeduc-RJ