Ceebjas adotam práticas para conquistar alunos

Paraná

24.11.2015

Concluir os estudos, conseguir um bom trabalho e melhorar a qualidade de vida são metas de muitos paranaenses que não tiveram oportunidade de frequentar a escola na idade adequada. Mas conciliar escola e trabalho é difícil para muitos deles. Por isso, os colégios que ofertam a Educação para Jovens e Adultos (EJA) apostam na proximidade e interação com os estudantes, readequação do cronograma escolar e em atividades diferentes para diminuir a evasão escolar.

O Paraná tem 97 Centros Estaduais de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebja), que atendem mais de 140 mil estudantes acima de 15 anos. Além dos Ceebja, a Secretaria de Estado da Educação conta com 245 escolas que ofertam a educação para jovens e adultos.

O Ceebja Professora Maria do Carmo Bocati, em Cambé, no Norte Central, é uma referência nesta modalidade de ensino. A diretora da unidade, Ivete Ribeiro Cerrato, explica que a escola faz acompanhamento individual e estabelece um vínculo de proximidade para que o aluno se sinta acolhido.

“Primeiro é necessário conquistar a confiança e motivá-los a retomar os estudos”, diz Ivete. “O segundo passo é ter professores preparados para trabalhar com esse público e manter um padrão de ensino, assim conseguimos estabelecer uma proximidade e eles não desistem.”

O Ceebja Professora Maria do Carmo Bocati atende em média 450 estudantes de 15 a 69 anos, individual ou em grupos. Para que os alunos se sintam motivados são feitas várias atividades práticas, palestras e oficinas culturais e artísticas. “Muitos alunos chegam cansados do trabalho e precisam de atividades que os motivem a encarar a rotina dos estudos”, lembrou Ivete.

Segundo a diretora, a maioria destes estudantes chega à aula por volta das 18h30, após o trabalho, e faz um lanche leve oferecido pela escola. Na hora do intervalo, os estudantes têm uma refeição reforçada, com arroz, feijão, carnes e salada.

O acompanhamento não se limita apenas à escola. Se algum aluno falta, a diretora liga para a casa ou trabalho do estudante para saber o motivo. “Ele percebe que nós nos preocupamos com ele, isso faz a diferença. Quando o aluno está desmotivado, nós vamos até ele para conversar. Isso ajuda a não termos desistência”, contou a diretora.

ADAPTAÇÃO - No município de Florestópolis, também na região Norte, a direção do Ceebja Genésio Franco da Rocha reorganizou o cronograma para atender as necessidades dos 200 alunos matriculados.

A escola fez um levantamento, em parceria com as empresas da região, para diagnosticar o grau de escolaridade dos funcionários. “As empresas abraçaram a ideia e passaram a incentivar os trabalhadores sobre a necessidade de retomar os estudos para obter o crescimento profissional”, disse o diretor do colégio, Antônio Marcos Luz.

Outra medida importante foi a readequação do cardápio escolar, adaptado para oferecer uma refeição mais reforçada aos estudantes que vão direto do trabalho para a escola. “Muitos fazem a principal refeição da noite na escola e por isso reforçamos a alimentação para que eles tenham energia para os estudos”, revelou o diretor.

As medidas deram certo. A escola diminuiu em 40% o número de desistências. Antes, o colégio iniciava o ano com 300 matrículas e terminava com média de 170 alunos.

“Com esse sistema iniciamos o ano letivo com um número menor de estudantes, mas conseguimos mantê-lo até o final”, contou Antônio.

A chefe do Departamento de Educação para Jovens e Adultos da Secretaria de Estado da Educação, Márcia Dudeque, afirma que iniciativas como estas são fundamentais para evitar a evasão escolar. “É importante o envolvimento da direção da escola para reconhecer as necessidades de cada estudante e para realizar o processo de escolarização”, diz Márcia. “Essas escolas são exemplo de gestão e representam possibilidade de sucesso dos nossos estudantes da EJA.”