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27.11.2019O diretor-executivo da Organização Não Governamental (ONG) Transparência Internacional, Bruno Brandão, acompanhado do controlador-geral do Estado, Henrique Ziller, visitou hoje (26/11) o Colégio Estadual Jardim América, em Goiânia, onde conheceu de perto as ações desenvolvidas no âmbito do projeto ‘Estudantes de Atitude’, coordenado pela Controladoria-Geral do Estado (CGE) e pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
A visita foi marcada por depoimentos inspiradores e emocionados de estudantes, professores, gestores escolares e servidores do Governo de Goiás, com a apresentação dos resultados da mobilização que envolveu a comunidade escolar na revitalização de espaços da escola.
O representante da Transparência Internacional parabenizou os estudantes pelo trabalho desenvolvido e fez uma breve apresentação da organização global, que hoje atua em 110 países com ações em prol da luta contra a corrupção em governos, empresas e sociedade civil. “É inspirador ver o que vocês estão fazendo. Essa força social é muito importante. Depois, vocês têm de dar aula sobre como fazer, se organizar, cobrar e trabalhar juntos. Esperamos, com a ajuda de vocês, levar essa iniciativa para outros estados e quem sabe até outros países, disse Bruno Brandão.
Satisfação
Alunos que participaram das ações enalteceram a experiência e reforçaram a satisfação em executar o desafio. No caso da escola, foram três projetos de intervenção, identificados a partir do diagnóstico da ‘Auditoria Cívica’, uma das etapas previstas pelo Projeto ‘Estudantes de Atitute’.
Foram realizadas revitalizações nos banheiros masculino e feminino, na biblioteca e no pátio interno da unidade escolar. “Com o projeto, a gente aprende a trabalhar em equipe, a respeitar as diferenças, ajudar mais dentro de casa, valorizar suas coisas pessoais e o trabalho de seus pais. Fica também a lição de que não adianta prejudicar o patrimônio público porque vai afetar a você”, comentou o estudante Lucas Sousa Santos, do 3º ano do Ensino Médio.
O controlador-geral do Estado, Henrique Ziller, descreveu a interação com os estudantes como um “dia de emoção” para todos. “Quando vejo vocês falando, percebo que o projeto faz sentido e não há nada mais gratificante para um servidor público”, disse.
Representando a secretária de Educação, Fátima Gavioli, a superintendente do Centro de Estudos, Pesquisa e Formação dos Profissionais de Educação da Seduc, Rita de Cássia Ferreira, afirmou nunca ter havido dúvida sobre o êxito do projeto. “Desde o início, a professora Fátima Gavioli já previa esse engajamento e nunca teve dúvida de que vocês seriam agentes de transformação da escola”, dirigiu-se aos estudantes.
Intervenções artísticas
Nos banheiros do Colégio Estadual Jardim América, as pichações deram lugar a um ambiente acolhedor, com frases motivadoras e de autoafirmação, além de imagens de pintores famosos, desenhadas pelos próprios alunos – Frida Kahlo para o banheiro feminino e Vicent Van Gogh para o masculino.
Alunas do 9º ano do Ensino Fundamental, as irmãs Anne e Taís Neves, que participaram destas intervenções, explicaram que os artistas foram escolhidos por terem trabalho significativo e serem conhecidos pela maioria da comunidade escolar. “Dedicar atenção a esse trabalho foi incrível para mostrar a Arte para o resto da escola”, ressaltou Taís.
As transformações artísticas também ocorreram na biblioteca, que ganhou um grande painel pintado pelos alunos e uma reorganização do espaço, com nova disposição dos livros, catalogação e incremento das obras literárias, por meio de doações recebidas pela comunidade escolar.
No pátio interno, o grande desafio foi construir lixeiras com as cerca de 20 latas de tinta recolhidas na localidade e devidamente lixadas e pintadas para a coleta seletiva, tendo em vista que existia apenas um recipiente de depósito indiferenciado em cada sala de aula.
Engajada nesta ação, a estudante Natália Roberta Ferraz Cruvinel, também do 9º ano, explicou que a ideia inicial era colocar em prática os conceitos de sustentabilidade e “pegar do lixo para jogar o lixo”. Ela destacou que “agora, sim” os alunos fazem a separação adequada dos resíduos.
Coordenação do desafio
As transformações na unidade escolar levaram dois meses e meio para ficarem prontas e envolveram mais de 60 estudantes do Ensino Fundamental e Médio. Eles se revezaram nas atividades, juntamente com professores, no período de contraturno, finais de semana e até em feriados.
Coordenador do projeto, o professor de Biologia da escola, André Luís Thomé Ribeiro, explicou que as entrevistas realizadas na etapa da ‘Auditoria Cívica’ extrapolaram as 40 previstas no projeto original, a fim de ampliar a representatividade dos cerca de 1.500 alunos que estudam na instituição nos três turnos.
O professor afirmou que, incialmente, não sabia da proporção que o desafio tomaria e, segundo ele, o grupo procurou executar as intervenções com mais possibilidade de serem desenvolvidas naquele momento. “Foi muito importante a participação dos estudantes; a harmonização deles, debatendo sem imposição, realizando a divisão de tarefas, cumprindo prazos. Do ponto de vista da cidadania e aprendizado, superou muito a expectativa”, afirmou, acrescentando que o desafio não impediu que os alunos continuassem concentrados nos estudos. “Eles são bons alunos e não deixaram a nota cair. Inclusive era uma das condições para participar do projeto”, destacou.
A diretora da unidade escolar, Rosirene Dias Rosa, ressaltou o papel do coordenador nas atividades. “Quando o professor motiva dá certo, e os alunos vão até além do que a gente imagina. Esse projeto é só o início. Os alunos vão querer continuar propondo mudanças para que a escola seja mais agradável à permanência deles. E isso vai contribuir para diminuir a evasão escolar e melhorar as notas. Mesmo que não sejamos selecionados entre os 10 projetos, só de ver os alunos engajados como cidadãos, a escola já ganhou muito”, ressaltou.
‘Estudantes de Atitude’
As escolas inscritas no Projeto ‘Estudante de Atitude’ que executaram propostas de melhoria em suas instalações passarão por auditoria de servidores da Controladoria-Geral do Estado (CGE) nesta semana.
Os 10 melhores trabalhos serão premiados com recursos entre R$ 5 mil a R$ 30 mil. O resultado será divulgado pelo governador Ronaldo Caiado no dia 9 de dezembro, às 8 horas, em solenidade no Teatro Goiânia.
Lançado pelo Governo de Goiás em setembro deste ano, o projeto-piloto contempla escolas de 36 municípios, abrangidos pelas Coordenações Regionais de Educação (CRE) de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade, Inhumas, Goiás e Rio Verde. Para 2020, ele estará aberto à participação de todas as escolas estaduais.
Podem participar alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do 1º ao 3º ano do Ensino Médio de instituições de ensino conveniadas com a rede estadual e de escolas regulares, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e do sistema socioeducativo da rede pública estadual de ensino.
O projeto busca despertar uma postura de protagonismo nos estudantes e na comunidade escolar, com o compromisso de manutenção do patrimônio público e o exercício da cidadania. As ações são desenvolvidas por meio de gincanas executadas em várias etapas. O objetivo é estimular a participação social, a educação fiscal, a conscientização socioambiental e os valores éticos, sobretudo relacionados ao combate à corrupção.