Todos os dias é Dia da Terra na rede estadual de ensino de Sergipe

Sergipe

24.04.2023

“Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores para o nosso planeta”. Provavelmente você já se deparou com mensagens deste teor, as quais circulam pela internet, sobretudo quando estamos próximos do dia 22 de abril, data em que se comemora anualmente o Dia Mundial da Terra. Acontece que nas escolas da rede estadual de ensino de Sergipe isto não é apenas uma frase para reflexão, isto é sinônimo de ação. Conheça alguns projetos sustentáveis e inspiradores que estão sendo realizados por professores, alunos e a comunidade escolar do Estado. 

Por dois anos consecutivos, o Colégio Estadual 11 de agosto, em Aracaju, recebeu o Selo ODS. O evento promovido pelo Movimento ODS Sergipe consagra aqueles que se destacam no desenvolvimento de ações a favor dos objetivos para o desenvolvimento sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Única escola da rede pública a receber os prêmios, o Colégio 11 de Agosto destacou-se por promover projetos socioambientais na educação inclusiva, tais como a coleta seletiva de resíduos, incluindo a coleta de óleos comestíveis, e o projeto de horta comunitária.

A energia dessa comunidade escolar não para por aqui! Eles também realizam palestras sobre sustentabilidade e, em parceria com a Cooperativa dos Agentes Autônomos de Reciclagem de Aracaju (CARE), criaram coletores na escola, ecoponto para coleta e drive thru de coleta para a comunidade do entorno. A comunidade escolar também realiza palestras e oficinas sobre compostagem e criação de horta no quintal, oficina de sabão com óleo de cozinha usado e oficina de artes recicláveis. Não satisfeitos com os efeitos positivos de suas ações, eles ainda produzem coletores para tampinhas e lacres de alumínio para trocar em cadeira de roda, coletam material eletrônico e melhoram a área de lazer da escola com a criação de um parque de pneus. 

No outro canto do estado, mais precisamente no Alto Sertão sergipano, o Colégio Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro vem desenvolvendo, em parceria com o Instituto Pangea, dois projetos importantes para a região. No primeiro, conhecido como Bioágua, a comunidade escolar faz o reaproveitamento da água consumida na pia da cozinha para irrigar a horta da escola. O projeto prevê duas estações de tratamento das águas cinzas, bem como a utilização de uma cisterna para captar a água da chuva. 

“Com o reaproveitamento das águas cinzas e da água da chuva podemos sanar o maior problema que temos na nossa região para a produção de alimentos: o acesso à agua!. Além disso, esse projeto vai auxiliar na realização de um segundo projeto, também de grande importância, que diz respeito à criação de um viveiro de mudas nativas da caatinga para o reflorestamento de nossa mata e da mata ciliar no rio São Francisco”, explica a diretora indígena Ângela Apolônio. 

De volta a Aracaju, nos deparamos com um laboratório vivo onde é possível explorar e experimentar diversas práticas e temáticas de forma interdisciplinar, transversal e inclusiva. Essa é a proposta do projeto Hortas Pedagógicas que vem sendo implementado pela Escola Estadual Jornalista Paulo Costa, no bairro Bugio. O projeto conta com recursos do Programa de Transferência de Recursos Financeiros Diretamente às Escolas Públicas Estaduais (Profin), na ordem de R$ 5 mil, e está sendo executado em parceria com o Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA), do Instituto Federal de Sergipe (IFS).

De acordo com a diretora da Escola Estadual Jornalista Paulo Costa, Deise Nascimento, o objetivo do projeto é construir no ambiente escolar um espaço que proporcione aos alunos, professores, servidores e à comunidade do entorno a possibilidade de estudar e aprender através do plantio e do cuidado com o solo e as plantas. “A nossa escola é acolhedora! Por isso, queríamos desenvolver um projeto que pudesse contribuir com a formação pedagógica de alunos e professores. Além disso, queríamos que trouxesse uma mudança de paradigma em relação aos hábitos alimentares da comunidade escolar e também incluísse todos aqueles que têm interesse em trabalhar com a terra e com a produção de alimentos saudáveis”, comenta a gestora.

Um dos diferenciais do projeto de Hortas Pedagógicas é a possibilidade de trabalhar num mesmo espaço tanto o uso de tecnologias, quanto o estímulo à inclusão de pessoas com deficiência. Em relação ao uso de tecnologias, o aluno do 3º ano do Ensino Médio Matheus dos Santos Lima comenta que ele e outros integrantes do Espaço Maker, no laboratório de Robótica do C.E.J. Paulo Costa, já desenvolveram o protótipo de um aplicativo que vai controlar a distância, sobretudo nos fins de semana, todo o processo de irrigação da horta. Já a professora da Sala de Recursos, Gilda Correia, sublinha que a horta pedagógica serve como um espaço terapêutico, cujo intuito é promover o bem-estar de alunos com algum tipo de deficiência e estimular a participação ativa deles a fim de auxiliá-los na recuperação das suas capacidades funcionais e sociais.