Alagoas
02.12.2019Empreendedorismo. Preocupação social e com o meio ambiente. Inovação. Criatividade. E, acima tudo, o desejo de ajudar a comunidade do seu entorno. Essas características resumem o que foi a Mostra de Ciência,Tecnologia e Inovação (MECTI), uma das atrações do Encontro Estudantil da Rede Estadual de Ensino, que aconteceu até a última sexta-feira (29), no Cepa, em Maceió.
Ao todo, 98 projetos de escolas de todo o estado se fizeram presentes no evento. Muitas escolas levaram trabalhos que visam não só ajudar as suas comunidades, mas também promover a preservação ambiental.
É o caso das escolas estaduais Manoel de Matos, de Santana do Mundaú e Fernandina Malta, de Rio Largo. Enquanto o primeiro projeto traz uma máquina promove o amadurecimento mais rápido e saudável das bananas, a segunda traz um modelo de estação de tratamento para reduzir os problemas de abastecimento d'água de Rio Largo.
“Nossa máquina propõe amadurecer a banana por meio da vaporização do etileno e sem o uso do carbureto, que é nocivo para nossa saúde. Como somos um município com forte tradição agrícola, esse projeto ajudaria muitos produtores”, avaliam os estudantes Saulo Manoel Lourenço e Ana Letícia Souza, da Escola Manoel Matos.
Já Ana Karolayne Alves e Pedro Gabriel Gomes, da Fernandina Malta, querem ajudar a reduzir a falta d'água em Rio Largo. “Muitas vezes ficamos dependentes de outros municípios, mesmo tendo o Rio Mundaú banhando nossa cidade. Com essa estação, essa água poderia ser melhor aproveitada”, observam os estudantes.
Inovação – A tecnologia a favor da educação e da comunidade também foi outro tema recorrente da Mostra. As escolas estaduais Humberto Mendes, de Palmeira dos Índios e Senador Rui Palmeira (Premen), de Arapiraca, levaram para o evento aplicativos de celular desenvolvidos por seus alunos.
Produzido por alunos da Escola Humberto Mendes, o aplicativo Feira Moderna reúne informações sobre os artistas de Palmeira dos Índios. “A ideia era difundir esses artistas no meio digital”, destaca Jaciele Florêncio, aluna da 2a série do ensino médio.
O desenvolvimento de videogames também esteve presente na Mostra. A Escola Estadual Edleuza Oliveira, de São Miguel dos Campos, produziu dois games para facilitar a aprendizagem de ciências exatas, enquanto a Escola Estadual Benedito Moraes, de Maceió, focou no estudo da astronomia.
“Os nossos jogos estão integrados a videoaulas e outros conteúdos, de forma a tornar a aprendizagem mais divertida”, destacam as estudantes Rafaele dos Santos e Anny Caroliny de Assis. “É um jogo que estimula os alunos com dinâmicas, perguntas e respostas sobre astronomia”, explicam Julya Rayanne Nobre dos Santos e Isaac Augusto dos Santos, da Escola Benedito Moraes.
Empreendedorismo – O evento também foi uma oportunidade para revelar o lado empreendedor das escolas. Foi o caso da Escola Estadual Theonilo Gama, de Maceió, que, a partir de Projetos Integradores (PI) e eletivas do ensino integral, já vislumbra novas oportunidades para seus alunos.
A unidade levou dois trabalhos para a Mostra: o PI de preservação ambiental e reciclagem de lixo e a produção de cosméticos. O primeiro surgiu da necessidade de conscientização dos adolescentes para o descarte indevido de lixo. “Daí, o projeto cresceu e focamos na reciclagem, reaproveitando papel para fazer objetos e o óleo de cozinha para a produção de sabão. Agora, já pensamos em abrir uma startup para dar uma nova destinação ao lixo”, adiantam Ranya Gabrielly dos Santos e Camilly Vitória da Silva.
Já seus colegas Josivaldo dos Santos e Érica Ludmila Batista levaram os cosméticos caseiros que começaram a fazer nas aulas da eletiva de Química. “Nossos cosméticos têm o diferencial de não serem agressivos por não levarem soda cáustica em sua composição. Já vendemos sabonetes líquidos e aromatizantes na escola e estamos planejando abrir uma empresa júnior”, contam.
Inclusão – Mas a MECTI não foi só tecnologia, abrindo espaço, pela primeira vez, para trabalhos de ciências humanas. Um deles foi apresentado pelas alunas Janielle Delmiro e Andryelle de França da Escola Dorgival Gonçalves, do Distrito de Luziápolis, em Campo Alegre. As garotas fizeram uma ação voltada para a inclusão social dos idosos da região.
“Entrevistamos 101 idosos e percebemos que muitos deles não têm vida social, desconhece a vida cultural da cidade e também seus direitos. Por isso, fizemos um café da manhã para eles, para que saíssem do isolamento e interagissem com novas pessoas. Além disso, quisemos mostrar que a idade não é um empecilho para realizar sonhos. Muitos até já pensam voltar a estudar”, revelam as garotas.
Premiação – A MECTI integra a Feira de Ciências do Estado de Alagoas (Feceal), que também conta com a Mostra de Robótica. O coordenador da Feceal, Sebastião Palmeira, informa que o melhor trabalho da Feceal vai ganhar credenciamento para a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia da Universidade de São Paulo (Febrace- USP), a maior vitrine de jovens cientistas do país.
“Além disso, os vencedores das oito categorias da Feceal ganharam bolsas de iniciação científica jr da CNPq. Também teremos uma premiação específica para as meninas”, informa.