Sergipe na Idade Certa completa um ano gerando perspectivas para estudantes

Sergipe

02.09.2020

Há cerca de um ano, a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc), instituiu o Programa Sergipe na Idade Certa (ProSIC), que contempla as ações do Plano do Governo de Sergipe no quadriênio 2019-2022, a fim de promover intervenções pedagógicas para o avanço das aprendizagens dos estudantes da Rede Estadual de Ensino que se encontram em situação de distorção idade-série.

Isso significa que um jovem com idade avançada cursando uma série pela qual já deveria ter estudado, tem a oportunidade de corrigir as distorções e superar as práticas de exclusão social na escola por meio de um acompanhamento permanente do fluxo escolar. Ainda é recorrente em regiões como o Nordeste que as vulnerabilidades suscitadas de condições pouco favoráveis afastem as crianças e os jovens do ambiente educativo para trabalhar e ajudar no sustento da família, bem como outras razões particulares à dinâmica de vida de cada indivíduo.

Dados da Seduc indicam que das 134.338 matrículas da Rede em 2020, 53.707 (40%) estudantes estão em distorção idade-série. Desse número, 4.994 são dos anos iniciais do Ensino Fundamental (3º ao 5º ano); e 17.776 dos anos finais (6º ao 9º ano). Para desenvolver o programa, a Seduc conta com parceiros implementadores que empreendem o trabalho em diferentes frentes. A UNICEF contribui com a experiência do Trajetórias de Sucesso Escolar (TSE); Comunidade CEDAC atua na formação dos gestores das escolas do ProSIC; Instituto AvisaLá gerencia a formação dos professores dos anos iniciais; e, por fim, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) atua na formação dos formadores da Seduc para trabalhar junto aos professores dos anos finais.

Para a diretora do Departamento de Educação (DED), Ana Lúcia Lima, o programa tem como foco a formação dos gestores escolares, coordenadores das equipes regionais, diretores regionais e os professores dos anos iniciais e anos finais do Ensino Fundamental, para que seja possível uma abordagem diferenciada para o trabalho com as crianças e adolescentes que estão em distorção. “Utilizamos metodologias sob um olhar acolhedor para que eles consigam ter novas perspectivas e recuperar a trajetória escolar", declarou.

Em 23 de agosto de 2019, a Seduc lançou o programa e iniciou o ciclo formativo ministrado por parceiros e técnicos da secretaria de educação, direcionado para professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Em seguida, 12 escolas-piloto passaram pela implementação, obtendo 22 turmas e atendendo a 495 estudantes. Atualmente são 45 unidades de ensino, 103 turmas e mais de 2.600 estudantes matriculados no programa.

Quatro fases de ensino separam as turmas. De acordo com Roseane Santana, coordenadora do programa, a primeira fase atende estudantes em distorção no 3º ano; a segunda fase os alunos do 4º e 5º ano; a terceira, 6º e 7º ano; por fim, a quarta fase acolhe os estudantes do 8º e do 9º ano.

Foi na fase 4 que o adolescente Joherllysson dos Santos, estudante do Colégio Estadual Cel. João Fernandes de Brito, localizada no município de Propriá, restabeleceu os estudos depois de ter reprovado por dois anos no ensino convencional. Segundo o estudante, que se denominava como um rebelde sem interesse em estudar, o diretor da unidade, Glaedson Novais, apresentou o programa de correção de fluxo, sendo esse o momento que viria a mudar a perspectiva de vida do jovem de 16 anos.

Dado o primeiro passo, Joherllysson não somente pensa em se dedicar aos estudos e alcançar o ensino superior, tornando-se psicólogo, como mudou o comportamento e abandonou os pensamentos negativos. Hoje ele deseja conquistar outros espaços no Brasil e também fora dele. “Hoje eu sou uma pessoa que pensa muito no futuro, que sonha em sair do Brasil e viver o mundo de outra forma. Eu me sinto mais maduro”, disse.

Com a chegada da pandemia ao Brasil, as aulas do programa continuaram, agora, de forma online ou com o material didático impresso para os alunos sem acesso à internet em casa. Além disso, tiveram prosseguimento as atividades de formação continuada dos professores alinhadas ao contexto de pandemia; produção e distribuição dos cadernos de atividades integradas; planos de aula integrado para professores e apoio pedagógico.