Febrace 2021
03.02.2021Os projetos de iniciação científica de três escolas estaduais de Sergipe são finalistas na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace) 2021, cujos eixos de pesquisa norteiam estudos na categoria de Educação, Ciência e Tecnologia de Alimentos e Engenharia Agrícola. São as seguintes unidades: o Centro de Excelência Maria das Graças Menezes Moura, em Itabi, Colégio Estadual Dom Juvêncio de Britto, em Canindé de São Francisco, unidades que ofertam o ensino médio em tempo integral, e o Colégio Estadual Prefeito Anfilófio Fernandes Viana, em Umbaúba. A Febrace 2021 será realizada no formato virtual entre os dias 15 e 27 de março, e a programação oficial será divulgada nas próximas semanas.
Durante o evento, os projetos finalistas estarão disponíveis ao público por meio da plataforma Febrace Virtual. Os visitantes poderão conhecer as pesquisas, deixar comentários com mensagens de incentivo e sugestões e votar em seus projetos preferidos para o Prêmio Febrace Virtual. A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia é um movimento nacional de estímulo ao jovem cientista que todo ano realiza na Universidade de São Paulo (USP) uma grande mostra de projetos. Por conta dos efeitos da pandemia, as ações presenciais tiveram que ser adaptadas ao formato online.
Com o projeto Pandemia e Educação em Sergipe: Avanços ou Retrocessos, a equipe finalista do Centro de Excelência Maria das Graças, de Itabi, foi destaque na categoria educação. De acordo com a orientadora, professora Edivane Rodrigues Santos de Matos, a comunidade escolar recebeu a notícia com alegria. "Chegar à final foi um sonho almejado que se concretizou e agora estamos sonhando com o 1° lugar, quem sabe ele não vem? Tem uma frase que sempre digo aos meus alunos: "Todo esforço que fazemos será recompensado; pode não ser de imediato, mas um dia colheremos os frutos. Essa final é uma Vitória para mim e com certeza para as meninas que trabalharam duro no projeto.", declarou a professora, informando que o projeto de pesquisa analisa os efeitos da pandemia na educação dos jovens que não têm acesso à internet.
"A maioria dos nossos alunos residem nos povoados e comunidades afastadas nessa região e muitas vezes não têm acesso à internet nem a outros recursos adequados para ver os conteúdos disponibilizados durante as aulas remotas. No projeto, a gente observa como as aulas estão chegando a esses jovens, como eles lidam com a falta de recursos, quais as alternativas usadas por eles, entre outros pontos que foram estudados também por outras escolas", disse Edivane Rodrigues, que orientou as alunas Jaqueline Nascimento Araújo, Maria Suzany Oliveira Cruz e Larissa Meneses Melo.
O destaque vai também para os alunos e professores do Colégio Estadual Dom Juvêncio de Britto, situado em Canindé de São Francisco, veteranos na Febrace, foram finalistas com o projeto Plastleite - Bioplásticos produzidos a partir das proteínas do Leite. "Ficamos imensamente felizes com a notícia, não só porque a Febrace é um megaevento, mas também, e sobretudo, por vermos o nosso trabalho sendo reconhecido, mostrando a produção científica do Alto Sertão sergipano", salientou o orientador do projeto, Alex Alves, que divide a coordenação do projeto com a professora Lark Soany.
O projeto Plastleite foi desenvolvido pelas alunas Vitória Soares, Maria Eduarda Inácio e Thayrla Rayssa Teixeira. Ainda segundo o professor Alex Alves, para além do reconhecimento, "percebemos a alegria e a motivação que ações como esta produzem em nossos alunos, bem como o leque de possibilidades que se descortinam diante deles, no momento em que eles podem usar o conhecimento científico produzido dentro dos muros da escola para a resolução de problemas do cotidiano, contribuindo assim para a transformação de sua postura diante do mundo e de uma práxis social", disse.
Na categoria Engenharia Agrícola, Sergipe está sendo representado pelo Colégio Estadual Prefeito Anfilófio Fernandes Viana, de Umbaúba. A equipe concorre com o projeto Tecnologias Alternativas e Sustentáveis no combate à Mosca-Negra-Citros (Aleurocanthus Woglumiashby-Aleyrodidae). O professor Pedro Ernesto Oliveira da Cruz explica que todos estavam na expectativa do resultado da seleção. "E para a gente é muito importante esse reconhecimento, porque foi um projeto construído durante a pandemia. Mesmo com todas as dificuldades conseguimos ser finalistas", declarou o orientador, lembrando que a ideia do projeto surgiu a partir de uma discussão em sala de aula, onde foi sugerida a solução para alguma problemática da comunidade.
"Nesse sentido, por nosso município ser um dos maiores produtores de laranja do estado, os alunos optaram por estudar alternativas de combate à mosca-negra, inseto que causa danos diretos e indiretos aos citros e prejudica o desenvolvimento dos pomares aqui na região. Então estudamos estratégias que fossem sustentáveis e com custo acessível para que o produtor pudesse se apropriar dessa tecnologia", disse o professor Pedro Ernesto, que orientou os alunos Alisson Souza da Cruz e Paulo dos Santos.
Um dos resultados da pesquisa foi a construção de um hidrodestilador para extrair o óleo essencial da casca da laranja, que, nos estudos, se mostrou eficaz no combate ao inseto. Outra alternativa utilizada foi o extrato manipueira (um subproduto obtido na produção de farinha de mandioca). "Esse subproduto é tóxico e normalmente é descartado ao ar livre, contaminando o meio ambiente. Assim, ao utilizar esse subproduto que tem atividade biológica comprovada na literatura contra a mosca-negra, estaríamos com uma tecnologia sustentável e barata, já que existem muitas casas de farinha na região", concluiu Pedro Ernesto.