Sergipe compartilha experiências exitosas da Busca Ativa Escolar

Sergipe

10.12.2019

A Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc) promoveu na manhã desta terça-feira, 10, o Encontro Estadual Intersetorial de Gestão da Busca. O evento foi realizado no auditório da Universidade Maurício de Nassau, em Aracaju, e contou com representantes de secretarias e órgãos públicos do Estado, que formam a rede de colaboração do Busca Ativa.

O encontro teve como objetivo fazer uma apresentação dos trabalhos realizados e das experiências exitosas realizadas nos municípios em 2019. O programa Busca Ativa Escolar visa garantir o trabalho articulado entre as áreas de educação, saúde, assistência social, entre outras, para encontrar criança ou adolescente fora da escola e tomar as medidas necessárias para a rematrícula e permanência na escola. Mais de 340 crianças que estavam fora da escola foram matriculadas.

O superintendente executivo da Seduc, professor José Ricardo de Santana, esteve presente ao encontro. Ele ressaltou a importância das parcerias com as diversas instituições que auxiliam a Seduc e os municípios nesta ação, e falou que o Busca Ativa vai além da garantia do acesso à escola. "Temos também uma grande tarefa, que é o acompanhamento dos alunos. É preciso monitorar para evitar a evasão e garantir o direito do jovem adolescente à escola. Chamou-me a atenção o fato de que um dos motivos da evasão seja a falta de atratividade das escolas. Na Seduc temos discutido algumas medidas interessantes, e uma delas é a integração com o eixo profissionalizante, deixando a escola mais atrativa. É importante também esse movimento que está sendo feito com a rede de colaboração com os municípios, como o Pacto Sergipano pela Alfabetização na Idade Certa, a fim de que possamos dar oportunidade para que esses alunos sigam adiante", afirmou.

A diretora do Departamento de Educação (DED/Seduc), Ana Lúcia Lima Rocha, explicou que a rede estadual aderiu à Busca Ativa em outubro de 2018, quando 42 municípios já haviam aderido à plataforma da Unicef. Houve um trabalho de mobilização para que 100 % dos municípios aderissem, o que foi conseguido já em janeiro de 2019. Desde então, a Seduc tem desenvolvido um trabalho de parceria em regime de colaboração com os 75 municípios, tendo havido alguns destaques pela excelência do trabalho, a exemplo de Itabaianinha, Lagarto e Cristinápolis.

Ela lembra ainda que há uma integração com diversos serviços e setores de órgãos públicos, como Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, secretarias estaduais (Educação, Saúde, Inclusão), entre outros. "Há uma verdadeira intersetorialidade para que a gente tire todas as crianças que estão fora da escola, que a gente rematricule esses jovens e que nós possamos assegurar a sua permanência na escola. É um olhar diferenciado que as redes de ensino precisam ter, um trabalho que não é apenas da educação, pois todo o apoio necessário para que eles permaneçam na escola vem também de outros setores", afirmou.

O encontro contou ainda com a presença de Daniela Rocha Magalhães, consultora da área de Educação do Unicef Brasil, que ressaltou que "Sergipe tem tido um trabalho importante no fomento aos municípios para que consigam implantar a Busca Ativar escolar e identificar as crianças e adolescentes que estão fora da escola. Hoje é um momento em que a gente pode avaliar esses resultados ao longo de um ano. Isso é muito importante e demonstra o compromisso do Estado com o regime de colaboração com os municípios para garantir o direito das crianças e adolescentes à educação".

Combate ao trabalho infantil

Alguns convidados da área jurídica enfatizaram que a Busca Ativa Escolar é também uma importante ação para evitar o trabalho infantil. Foi o caso do procurador Alexandre Alvarenga, da Procuradoria Regional do Trabalho. "Nós, do Ministério Público, sabemos da relação direta entre trabalho infantil e evasão escolar. Então a implementação da Busca Ativa faz com que seja efetivado o direito à educação e também o combate ao trabalho infantil", disse.

A mesma opinião foi compartilhada por Verônica Passos Rocha Oliveira, representante da OAB no Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção do Trabalhador Adolescente (FEPETISE). "Nós, da OAB, entendemos que essa política da Busca Ativa contribui definitivamente para a prevenção e erradicação do trabalho infantil, uma vez que grande parte desses jovens está no trabalho infantil e fora da escola", declarou.

Experiências exitosas

Durante o encontro foi realizado o compartilhamento de experiências exitosas da Busca Ativa Escolar, como as realizadas em Cristinápolis e em Ilha das Flores. Um dos momentos emocionantes foi a exibição de um vídeo produzido pelo Unicef contando a história de Viviane Rodrigues dos Santos e de seu filho, Everton Rodrigues Diniz Santos, de 16 anos. Os dois moram no povoado Sapé, em Itabaianinha, e graças à Busca Ativa Escolar, a mãe retornou aos estudos para incentivar o seu filho. O caso chamou a atenção do Unicef, que produziu o vídeo e disponibilizou para todo o mundo.

Mãe e filho estavam presentes no encontro e se mostraram bastante emocionados durante a exibição do curta sobre suas histórias. Ela conta que parou de estudar aos 17 anos de idade para cuidar da família e trabalhar. O seu filho Everton, segundo ela, estava indo mal na escola, já pensando em desistir. "Foi quando apareceu a Busca Ativa em minha porta. Sentei, conversei com ele e disse que se fosse preciso, eu também retornaria à escola, pois não queria que ele abandonasse os estudos. Eu sou o homem e a mulher da casa, e para comer, preciso trabalhar. Mas sei que com a educação podemos ter um futuro melhor. Eu quero aprender, não importa a idade", disse ela emocionada.

Bastante tímido, Everton Rodrigues tem o sonho de ser fazendeiro. Ele agradeceu a oportunidade de estar participando do evento e disse que está muito feliz com o retorno da mãe aos estudos, "pois isso me incentiva ainda mais".

José Thiago Alves, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), elogiou os resultados da ação em seu município e em todo o Estado. "Um ano após iniciado esse processo em Sergipe a gente volta para colher as experiências do que nós vivenciamosno dia a dia dos municípios. Em Itabaianinha tivemos experiências que levaram o município a criar essa rede de proteção. Buscamos ampliar as parcerias com o judiciário, ministério público, conselho tutelar, outras secretarias municipais, para fazermos esse enfrentamento da forma mais ampla", afirmou.

Quem também destacou a importância da Busca Ativa foi Ibernon Macena, coordenador do Serviço de Educação de Jovens e Adultos (Seja), um dos setores que estão mais ligados à ação. "O Busca Ativa tem resgatado pessoas que deixaram seus sonhos para trás em algum momento, por qualquer motivo, e que agora voltaram a estudar. A equipe operacional vai de porta em porta e conversa com as famílias para que seja feito um diagnóstico. Esse mapeamento faz com que essas pessoas sejam identificadas e, a partir daí, a equipe da Educação as convida para que voltem à escola. É importante mostrar às pessoas que ainda é possível aprender, independentemente da idade", explicou.

Presenças

Estiveram presentes também ao encontro a vice-presidente do Conselho Estadual de Educação, Luana Boamorte; a diretora da DEA, Gilvânia Guimarães; os gestores de Diretorias Regionais de Educação, Franz Russemberg (DRE 1), Marleide Cruz de Araújo (DRE 8), Daniela Silva Santana (DRE 3) e coordenadores de diversos setores da Seduc.