Mato Grosso do Sul
15.05.2025Entre os dias 12 e 14 de maio, a Escola Estadual Maria Eliza Bocayuva Corrêa da Costa, em Campo Grande, promoveu a 3ª edição da sua Semana Literária. Com o tema “Povos Originários”, o evento reuniu estudantes, professores e convidados em torno de atividades que celebraram a riqueza da cultura indígena.
A programação contou com palestras, oficinas e apresentações culturais. Um dos pontos altos foram as danças tradicionais, com a participação de meninas da aldeia Água Funda e jovens da etnia Terena, que emocionaram o público com suas performances cheias de significado.
Os estudantes também brilharam nas apresentações literárias e artísticas. Poesias, encenações teatrais, paródias e músicas deram vida às obras estudadas durante o projeto. Para muitos, foi a primeira vez participando de uma iniciativa como essa, como contou a aluna Ketellem Yara Ribeiro, do 6º ano.
“É a minha primeira vez participando da Semana Literária e estou gostando muito. A gente vai apresentar o livro Donos da Terra com metade da turma, em forma de poema teatral. Também estou escrevendo uma música para cantar durante a apresentação. Na escola onde eu estudava antes não tinha esse tipo de projeto, então está sendo uma experiência nova e muito legal. É um jeito diferente de conhecer os livros”, relatou.
Já para Maria Eduarda Viana, do 7º ano, que participa pela segunda vez da Semana Literária, o projeto representa uma oportunidade de se aprofundar na cultura regional e refletir sobre o papel dos povos originários na formação do estado e do país.
“Este ano, minha turma está trabalhando com um catálogo da exposição do MASP sobre a artista Conceição dos Bugres. A exposição despertou nosso interesse pelas obras e pela história dela, que virou um ícone da cultura sul-mato-grossense. Infelizmente ela já faleceu, mas o neto continua seu legado. Acho muito importante conhecer e valorizar nossa cultura, principalmente a indígena, que é parte fundamental da identidade do nosso estado. Participar desse projeto é como abrir portas para novos conhecimentos. Quando entendemos a cultura dos povos originários, percebemos o quanto ela é rica e injustamente oprimida. Para mim, é uma forma de evolução e de respeito”, destacou a estudante.
Outro destaque foi a exposição visual baseada nas obras literárias lidas ao longo do projeto. Guiados pelos próprios alunos, os visitantes puderam conhecer mais sobre os autores, as histórias e as etnias retratadas.
Para encerrar, o professor Deividson de Deus Silva, PCPI na escola, ressaltou a importância da iniciativa para os alunos e a comunidade escolar.
“A Semana Literária já está em sua terceira edição e nasceu da necessidade de incentivar a leitura e a interpretação entre os estudantes, que eram fragilidades percebidas em sala de aula. Pensamos então em unir esse objetivo com a proposta da Lei 11.645/08, que trata da obrigatoriedade do ensino da história e cultura dos povos originários. Unir literatura e cultura indígena foi uma forma de trabalhar conteúdos muitas vezes pouco explorados e ampliar o repertório dos alunos.
A participação dos estudantes é bastante ativa. Eles pesquisam, produzem poesias, desenvolvem exposições e apresentam peças teatrais, músicas e paródias. Toda a escola participa, do 4º ano do ensino fundamental ao 3º do ensino médio, o que fortalece o envolvimento coletivo e o aprendizado interdisciplinar”.
Mais do que uma atividade escolar, a Semana Literária “Povos Originários” reforçou o papel da escola na valorização da diversidade cultural e no reconhecimento da contribuição dos povos indígenas para a formação da identidade brasileira.
Texto: Jackeline Oliveira, SED
Fotos: Ricardo Agra, SED