Rio de Janeiro
16.05.2025As ações da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ) para otimizar a gestão da alimentação escolar foram destaque no último dia do 3º Encontro Nacional de Conselhos de Alimentação Escolar, no Teatro João Caetano, no Centro do Rio. O evento, realizado nesta quarta e quinta-feira (14 e 15/05), reuniu cerca de 600 pessoas para debater os desafios das políticas públicas para a área e compartilhar boas práticas da nutrição educacional entre os estados brasileiros.
O subsecretário de Gestão Administrativa da Seeduc, David Marinho, ressaltou que o evento é de extrema importância para o exercício da cidadania e a educação no estado. Ele apontou algumas das ações implementadas pela secretaria para melhorar a gestão da alimentação escolar, como a pesquisa de valores máximos para aquisição de gêneros alimentícios e o aprimoramento dos contratos da agricultura familiar.
– A gente conseguiu fazer o cumprimento da lei, que exige que 30% da verba destinada ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) seja utilizada em agricultura familiar. Temos mais de 200 contratos. Conseguimos também aumentar os contratos de oito para 12 meses, que era uma demanda muito grande das escolas e dos processos de alimentação escolar – esclareceu o subsecretário, que representou a secretária de Estado Educação, Roberta Barreto.
O incentivo ao fornecimento da agricultura familiar nas escolas estaduais foi tema específico de uma das palestras do evento. Roseli Zerbinato, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário, falou sobre a importância do órgão no fortalecimento da comercialização e da atividade de pequenos produtores de alimentos.
Sobre a atuação dos conselheiros estaduais, David Marinho destacou que eles não são apenas fiscais da aplicação dos recursos destinados à alimentação escolar, mas, também, apoiadores e parceiros de um projeto mais amplo para a melhoria da infraestrutura das cozinhas das escolas estaduais e o fornecimento de uma melhor alimentação para os estudantes.
– Trabalhamos não só com o país, mas com um estado que passa por várias mazelas sociais, uma delas é a fome. Então, o aluno bem nutrido, bem alimentado é muito importante para melhorar o processo de ensino-aprendizagem – disse o gestor.
O encontro, uma parceria entre a Seeduc e o Fórum Nacional dos Conselhos de Alimentação Escolar (FNCAE), contou com a participação de membros do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), conselheiros de diversos estados, gestores do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), além de diretores escolares e regionais, trabalhadores da agricultura familiar, especialistas e autoridades.
– Nosso intuito é colaborar com informação e capacitação, porque aqui é o controle social. Sou conselheiro de alimentação escolar há uns 16 anos, sempre representei a sociedade civil. Entrei como pai de aluno, que foi reclamar da alimentação, fui numa reunião e saí de lá como presidente do CAE. – contou Marcelo Colonato, coordenador-geral do Fórum Nacional e presidente do Conselho Estadual de Alimentação Escolar de São Paulo, ressaltando a importância do papel dos conselheiros.
REAPROVEITAMENTO DE ALIMENTOS
Outro destaque no evento foi a apresentação de Nilda Paes, consultora gastronômica do projeto Gastronomia Cultural, que é a “comida boa para sua saúde e amiga do meio ambiente”. Aos 62 anos, ela conta que trabalhou como merendeira volante em escolas municipais de Mesquita, na Baixada Fluminense, formou-se em gastronomia há 10 anos e virou empreendedora há cinco, passando a fazer oficinas, palestras e aulas-show. Além disso, mantém um perfil no Instagram, onde dá dicas de receitas sustentáveis, como a do molho de tomate natural.
Na palestra, Nilda falou de educação alimentar e reaproveitamento de alimentos. Ela defendeu ainda ser fundamental a capacitação das merendeiras, para trabalharem em conjunto com as nutricionistas das escolas, possibilitando que os estudantes tenham uma refeição cada vez mais saudável e de qualidade.
– Dá para reaproveitar tudo, aquela sobra do arroz do jantar, aquele franguinho desfiado. É possível fazer coisas com casca, claro que cuidando da higiene, trabalhando alguns elementos juntos. São pequenos detalhes que fazem a diferença e que eu vi nos dois anos que passei no projeto ABC dos Direitos Humanos. Isso faz diferença na alimentação da nossa população de baixa renda – disse ela.
Foto: Ellan Lustosa