Minas Gerais
18.04.2023A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) participou nesta segunda-feira (17/4) da Assembleia Fiscaliza Segurança nas Escolas, realizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Os parlamentares e representantes do Governo discutiram sobre as ações de combate à violência no ambiente escolar e medidas para a criação de uma cultura de paz. Secretários de governo apresentaram as providências já adotadas e as ações a serem implementadas.
O secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga, apresentou as ações adotadas nas escolas da rede estadual e explicou sobre a adoção de um protocolo criado em conjunto com outras entidades da sociedade. Ele também destacou o trabalho dos psicólogos e assistentes sociais contratados no ano passado para atuarem nas escolas estaduais, além da instalação de câmeras de vigilância nas instituições de ensino. Para disseminar informações sobre segurança nas escolas, uma live será transmitida no YouTube da SEE/MG, nesta quinta-feira (20/4), às 15h30.
Também participaram da audiência a secretária de Estado de Desenvolvimento Social, Elizabeth Jucá; o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco; a
secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto; a Chefe da Polícia Civil, delegada-geral Letícia Gamboge; o Comandante-geral da Polícia Militar, coronel Rodrigo Piassi e a Defensora pública-geral, Raquel Gomes.
O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco, disse que alunos e professores serão treinados para agir em caso de ataques a escolas. Um botão do pânico será disponibilizado para alunos e professores acionarem a polícia em caso de ataques.
Além disso, a pasta vai providenciar treinamento para que os professores possam fazer o atendimento pré-hospitalar em vítimas de atentados. O trabalho de inteligência policial, para monitoramento de redes sociais e fóruns de discussão na chamada dark web, também será reforçado.
As ações de policiamento escolar foram intensificadas ao longo do mês de abril, como informou o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Rodrigo Piassi. Segundo ele, já foram visitadas 6.310 escolas, e a intenção é percorrer todas as instituições de ensino do Estado até o final do mês. Nesta quinta-feira (20/4), a ação será intensificada com a presença de todos os PMs que atuam em funções administrativas.
Por sua vez, a Polícia Civil reforçou o trabalho de investigação de possíveis ameaças de ataques a escolas. Segundo a chefe de Polícia, delegada Letícia Baptista Gamboge Reis, foram identificados 154 suspeitos de encaminhar mensagens ameaçadoras.
Ela lembrou que a difusão de fake news é crime e pediu o apoio da população para evitar a disseminação do pânico. Em caso de ameaças a pessoas ou escolas, a orientação da Polícia Civil é não compartilhar as mensagens, mas procurar a unidade policial mais próxima para fazer uma denúncia.
O representante do Ministério da Justiça, Romano Carneiro da Cunha Costa, reforçou que o Governo Federal tem trabalhado para evitar que novos ataques aconteçam nas escolas. Ele frisou que o problema não é apenas de segurança pública, uma vez que o processo de radicalização dos jovens é potencializado pelas redes sociais.
Segundo a promotora Ana Carolina Zambon Pinto Coelho, entre 2002 e 2023 foram registrados 27 ataques a escolas no Brasil. Desse total, 13 atentados ocorreram nos últimos oito meses, o que evidencia o agravamento do problema. Na avaliação da representante do Ministério Público, uma das causas desse fenômeno é a radicalização dos jovens, que frequentam fóruns de discussão na internet. As redes sociais funcionam como ambientes de escuta e reverberação para o ressentimento de jovens vítimas de bullying, que encontrariam no ambiente digital um espaço de acolhimento que incentiva a violência.
Para a promotora, o foco na segurança pública não será suficiente para conter o problema. Ela citou o exemplo dos Estados Unidos, onde já foram registrados 19 ataques a tiros desde o início deste ano. “Precisamos construir uma cultura de paz nas escolas”, defendeu a promotora. Na sua opinião, é preciso investir em programas de mediação de conflitos e de prevenção do bullying, além de garantir que os pais acompanhem a vida escolar de seus filhos.
Foto: Henrique Chendes