A Secretaria de Educação e Esportes (SEE), entregou  tablets para os cursos técnicos em EaD da Escola Estadual Padre André Coopman, que funciona na Unidade Prisional Doutor Rorenildo da Rocha Leão, na cidade de Palmares, Mata Sul de Pernambuco. A escola passou a ofertar os cursos de Segurança do Trabalho e Administração para os internos no início deste ano e já conta com 53 estudantes. Esta é uma experiência piloto da pasta. 

O processo de inscrição começou no início de 2021, e a quantidade de internos interessados impressionou a gestão da escola. Dos 53 alunos, 29 cursam Administração e 24 Segurança do Trabalho. Eles recebem apostilas com o material teórico e estudam durante a semana em suas celas. Nas quartas-feiras, os alunos de Administração vão à unidade de ensino assistir as vídeo-aulas e responder, nos tablets, as atividades com o apoio de uma professora. Nas sextas é a vez dos estudantes de Segurança do Trabalho. 

Os tablets doados pela Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional (Seip) da SEE complementam os equipamentos já existentes na unidade de ensino. Todos eles estão programados para acessar somente o site dos cursos profissionalizantes da Secretaria sob a supervisão da escola. Cada curso tem duração de um ano e seis meses e, ao final, os alunos recebem certificados. 

Segundo a gestora da escola, Cláudia Gonçalves, os cursos são um fenômeno na unidade prisional e já têm lista de espera de 18 internos. “A participação dos alunos é de 100%. E isso é algo que nos surpreende. Há um tempo que a gente vinha pensando em fazer a proposta para a Seip de implantar os cursos técnicos aqui como forma de dar mais oportunidades aos internos, e agora estamos muito felizes em poder qualificá-los para que eles saiam daqui diretamente para o mercado de trabalho. É muito bonito de ver. Eles (os alunos) não faltam às aulas, e se empenham bastante nas leituras e nas atividades”, disse. 

A escola prisional da unidade conta com quase 50% dos homens detentos estudando. Ao todo, a Unidade Prisional Doutor Rorenildo da Rocha Leão comporta 850 homens. Desses, 343 estão matriculados na Escola Estadual Padre André Coopman.

O estudante João* está entusiasmado com a possibilidade de sair da unidade prisional com mais um curso técnico. Ele, que agora estuda administração, já tem diploma de técnico em eletricista e sonha em unir as duas profissões. “Esse curso representa, para mim, uma transformação aqui dentro. Quando sair daqui, vou procurar um meio de sobrevivência sem precisar fazer algo ilícito. As pessoas acham que quando alguém entra no sistema prisional, sai pior do que entrou. E na verdade a gente está provando que é o contrário”, contou, enquanto respondia as questões no tablet. 

“Eu quis fazer um curso para ter uma nova profissão. Antes de entrar aqui eu era técnico em enfermagem e agora pretendo seguir outra carreira. Estou bastante curioso para atuar na área e muito feliz com essa oportunidade. Espero que esse curso me dê uma nova maneira de sair daqui, de mudar a minha vida, fazer novas amizades lá fora”, contou Pedro*.

*Nomes fictícios para preservar a identidade dos personagens