Mato Grosso
20.10.2022Estudantes da Classe Estudantil instalada no Hospital Universitário Júlio Muller, em Cuiabá, receberam um presente especial da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT), na sexta-feira (07.10), em alusão ao Dia da Criança, comemorado nesta quarta-feira (12.10). Profissionais da Educação, médicos, enfermeiros e parceiros como a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Doutores da Alegria, entre outros, proporcionaram uma manhã com atividades recreativas, distribuição de brinquedos, lanche e muito acolhimento aos estudantes internados por conta de tratamento hospitalar.
Participam da Classe Estudantil Hospitalar, crianças e adolescentes impossibilitados de irem à escola por questões de saúde. De fevereiro a setembro desse ano, foram realizados mais de três mil procedimentos pedagógicos beneficiando estudantes nessa condição em Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Barra do Garças, Apiacás, Primavera do Leste, Colíder e Sinop. Em Cuiabá, por exemplo, há alunos-pacientes no Hospital Universitário Júlio Muller, Hospital Estadual Santa Casa, Hospital do Câncer de Mato Grosso e na Casa de Apoio AACC.
“É um direito a todas as crianças e adolescentes internados por conta de tratamento hospitalar dar continuidade às atividades escolares na chamada Classe Hospitalar”, explica Lélia Brun, secretaria adjunta de Gestão Educacional (SAGE).
A professora e Técnica Pedagógica, Valéria Melli Arisi, trabalhou diretamente na organização do evento no Hospital Universitário Júlio Muller e destaca o diferencial dessas classes instaladas nos hospitais. “São espaços apropriados equipados com brinquedos, jogos e materiais didáticos. Além do mais, os professores são preparados para essa educação diferenciada e atuam numa abordagem lúdica, afetiva e amorosa”.
Valéria é lotada na Coordenadoria de Educação Especial, que faz parte da Superintendência de Diversidades (SUDI) da Secretaria Adjunta de gestão Educacional (SAGE). Ela observa que o atendimento ao aluno-paciente, tanto na unidade hospitalar quanto em domicilio, é feito por um protocolo regularizado em Caderno de Gestão Pedagógica onde toda a estrutura de trabalho foi pensada e avaliada em anos de exercício.
As matérias oferecidas pela Classe Hospitalar fazem parte de uma matriz curricular pautada pela Seduc-MT. Nela, cada aluno recebe as atividades propostas, que correspondem à série cursada. Por meio das avaliações, são identificadas as áreas nas quais o aluno está apresentando maior dificuldade. Com isso, os professores dedicam mais tempo e atenção a elas. “Hoje somos referência nesse atendimento”, completa Valéria Arisi.
Lélia Brun salienta que, quando um estudante recebe um diagnóstico de doença, isso causa uma certa desordem na vida dele e da própria família. As visitas periódicas aos hospitais, realização de exames, o próprio tratamento e os longos períodos de internação são alguns dos exemplos que podem causar a mudança de importantes rotinas, como ir à escola. “Para evitar que crianças e adolescentes percam o ano escolar e, claro, a oportunidade de aprendizado e acesso à educação, é que são mantidas as classes hospitalares”.
Para a superintendente de Diversidades, Lucia Santos, promover a integração entre a criança, a família, a escola e o hospital, atenuando os traumas da internação e contribuindo para interação social, é o mesmo que oportunizar educação, saúde e segurança.
“A prática pedagógica, além do espaço escolar, vem se consolidando em Mato Grosso. Essa experiência positiva no hospital é uma iniciativa que merece muita atenção, por tratar-se de uma ação pedagógica não muito comum no cotidiano escolar. Porém, é desafiadora e as nossas equipes vem mostrando que é possível e que é muito gratificante para ambos os lados”, finalizou Lélia Brun.
Direito garantido
É garantido por lei o direito de toda criança e adolescente ter acesso à educação. Com isso, a Seduc-MT faz parceria com a rede hospitalar para legitimar os atendimentos prestados aos pacientes. Qualquer estudante da Rede Estadual de Ensino que esteja internado, que esteja matriculado em uma escola regular a partir do 1º Ano do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, tem o direito de pedir o atendimento escolar.
Para solicitar esse atendimento, os pais precisam fazer um requerimento no hospital junto à Classe Hospitalar. Após isso, a própria equipe entrará em contato com a escola original para colher informações da vida escolar do tendo e poder dar início aos atendimentos, tendo a mesma a oportunidade de continuar mantendo um vínculo com os estudos.