Bahia
20.11.2019Como parte das comemorações dos 120 anos de nascimento de um dos mais renomados educadores baianos, Anísio Teixeira (1900-1971), a Secretaria da Educação do Estado (SEC) realiza, de 26 a 28 de novembro, a primeira etapa da Caravana Anísio Teixeira. A caravana integra a ampla programação que está sendo desenvolvida desde o último mês de julho e seguirá até julho de 2020, pelo projeto “2020: Ano Anísio Teixeira”, que visa resgatar a memória e obra histórica, filosófica, pedagógica e política do educador.
Nesta primeira etapa da caravana, o grupo se deslocará de Salvador para Caetité, cidade natal do educador, passando por Jequié e Vitória da Conquista. O ato inaugural será no dia 26 de novembro, às 16h, no Centro Educacional Carneiro Ribeiro - Escola Parque, em Salvador, com descerramento da placa memorial, apresentação cultural e lançamento do livro “Menino Movimento”. O local é considerado uma instituição de ensino pioneira no país por trazer a então revolucionária proposta de Anísio Teixeira de trazer, ao ensino público, a educação profissionalizante e integral voltada para as populações mais carentes.
O secretário da Educação, Jerônimo Rodrigues, fala sobre a importância da homenagem ao educador Anísio Teixeira. “Por meio de um grupo de estudos que envolveu universidades, conselho e fórum de Educação, Academia Baiana de Letras e secretarias de Educação municipais, entre outros, determinamos que dedicaríamos o ano de 2020 a homenagear o grande educador baiano e brasileiro Anísio Teixeira pela sua enorme contribuição, que consolidou políticas como a Educação em Tempo Integral e o Sistema Nacional de Educação”.
Ainda segundo Jerônimo, serão realizados um conjunto de atividades pedagógicas nas escolas e debates com a sociedade civil. “O nosso ano letivo será marcado com ações relacionadas à redação, ao estudo, à pesquisa e à formação. Mas iniciaremos de fato o projeto “2020: Ano Anísio Teixeira” com a caravana por todo o Estado da Bahia. E a primeira será uma agenda em que iremos para a cidade natal de Anísio. Passaremos por Jequié e Vitória da Conquista para debater com as universidades e estudantes, de forma mais profunda, o legado do educador. Nesta etapa também teremos uma reunião com o Conselho Estadual de Educação e diversos conselhos municipais para demarcarmos a importância desta caravana”, disse.
Projeto
No dia 12 de julho, data do 119º aniversário de nascimento de Anísio, aconteceu o lançamento do projeto Ano Anísio Teixeira em 2020, por meio da publicação do decreto governamental 19.132/2019 que nomeou uma Comissão Executiva para gestão de atividades em homenagem ao educador. A programação de atividades para o Ano Anísio Teixeira, proposta pela Comissão, consistirá em eventos, publicações, lançamentos, premiações, celebrações e outros atos públicos.
Biografia
Nascido em 1900, em Caetité, no interior da Bahia, Anísio Spínola Teixeira (1900-1971) teve formação religiosa com educadores jesuítas. Ainda jovem, recém-graduado em Direito, foi convidado para ocupar um cargo que hoje equivale ao de secretário de Educação do Estado. Ele, então, se destaca como gestor público e, em menos de três anos, faz uma verdadeira revolução ao garantir acesso pleno ao Ensino Básico em Salvador. Anísio foi um dos mais destacados signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, documento em defesa do ensino público, gratuito, laico e obrigatório, divulgado em 1932.
Em 1946, ele é convidado para organizar o Departamento de Educação Superior da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Depois de cumprir sua tarefa, aceita o convite de Octávio Mangabeira para o cargo de secretário de Educação da Bahia. Esse é o momento mais frutífero da trajetória de Anísio, pois representa uma ocasião de colocar em prática várias de suas ideias, com financiamento suficiente e forte apoio político. É dessa época o conceito da Escola Parque e a criação da pioneira Fundação Estadual de Apoio à Pesquisa.
Reintegrado ao serviço público federal em 1950, Anísio passa a trabalhar no Ministério da Educação e Cultura, onde, com seu parceiro Rômulo Almeida (1914-1988), funda a Coordenação para o Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (CAPES), até hoje um dos principais órgãos financiadores da formação acadêmica no Brasil. Nessa época, ápice do projeto político desenvolvimentista de construir Brasília como a cidade vanguarda do mundo, o presidente Juscelino Kubitscheck encomenda a seus auxiliares um modelo de universidade que seja também a mais avançada do mundo.
Anísio já realizava no Ministério da Educação e Cultura um conjunto de atividades realmente de grande fôlego, baseado no Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), do qual era também diretor-geral. Ao ser convocado, convida Darcy Ribeiro, então seu discípulo e colaborador, que aproveita a oportunidade para se firmar como uma das lideranças de mais rápida ascensão naquele momento político. Os dois desenham um projeto de Universidade que recupera o ideário da Universidade do Distrito Federal, vanguarda na década de 1930, e o atualiza incluindo uma série de ideias que Anísio havia desenvolvido entre 1954 e 1958, em vários textos publicados na Revista do INEP.
A proposta de criação da Universidade de Brasília, ilustrada por um magistral plano arquitetônico criado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, foi tão valorizada que Juscelino faz dela tema da mensagem presidencial no dia do aniversário da nova capital, em 21 de abril de 1960, e encaminha ao Congresso Nacional o respectivo Projeto de Lei, tendo Anísio Teixeira como Presidente da Comissão de Elaboração e Darcy Ribeiro como seu Relator. Anísio Teixeira tinha sessenta anos no momento em que se implanta a Universidade do futuro.
Darcy fora nomeado Reitor e Anísio, vice; mas Darcy tinha assumido a chefia da Casa Civil de João Goulart, de modo que Anísio foi, de fato, o primeiro reitor da UnB. que nasce com um desenho revolucionário, pois se propunha a ser uma estrutura nova de instituição universitária, organizada em institutos de ciências básicas e centros de formação, superando o modelo bonapartista de faculdades e grandes escolas isoladas. Sob a liderança de Anísio e o apoio político de Darcy, a UnB, ao se organizar tendo a pesquisa científica e a ação cultural como referência institucional, torna-se uma “meca acadêmica” no Brasil.