Iniciativas Inovadoras
12.08.2019Texto de Ana Paula Lins e Manuella Nobre
É sempre assim: toca a sirene, eles pegam os livros e saem de uma sala para outra. Esta não é a rotina de um professor saindo de uma turma para outra, mas de alunos que se deslocam de uma sala para outra de acordo com a disciplina. O que parece cena de filme de high school norte-americana é o cotidiano de uma escola da zona rural de Palmeira dos Índios e que já inspira outras unidades de ensino.
Localizada no Povoado Lagoa do Caldeirão, a Escola Estadual Egídio Barbosa conta com 260 alunos do 8º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio, que estudam em seis salas temáticas. Nesta modalidade, o professor permanece em sala, enquanto os estudantes se movimentam. Todos prezam pela preservação dos espaços e, a cada ano, a escola se mobiliza para a mudança de decoração das salas temáticas por meio do evento ExpoEgídio – cuja próxima edição está prevista para este segundo semestre.
A unidade adota esta prática desde 2013. Algo que, inicialmente, foi visto como estranho, hoje é considerado imprescindível na escola. De acordo com a diretora-geral Weudja Costa, a implantação desta metodologia trouxe não só ampliação das oportunidades de aprendizagem, mas também o aumento da satisfação docente, redução da indisciplina, do abandono e da evasão e aumento da taxa de aprovação.
"Transformamos nossa sala de aula em ambiente onde é possível vislumbrar como o componente curricular está sendo trabalhado. Percebemos que, com esse método, o aluno fica mais atento e o professor tem a chance de deixar a sala com 'a cara' da sua disciplina. Além disso, eles ficam mais próximos e interagem mais", relata a diretora-geral Weudja Costa.
A estudante Cinthia Maria Gomes, aluna do 8º ano do Ensino Fundamental, é uma das que estranhou a metodologia no início, mas disse ter se adaptado com facilidade. "Não existe método melhor e hoje não me vejo em outra escola senão aqui", revela a garota, que deseja ser arquiteta.
Inspiração – O modelo de salas temáticas da escola já inspira outras unidades da rede estadual para a implantação do Novo Ensino Médio que terá, dentre outras ações, a adoção dos ateliês pedagógicos. A partir do ano letivo 2020, as aulas já serão ministradas nos ateliês pedagógicos em 162 escolas estaduais de Ensino Médio.
Segundo explica Daniel Macedo, supervisor de Ensino Médio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), os ateliês pedagógicos permitirão uma nova organização/ambientação das salas de aula, de forma que os conteúdos tenham um tratamento didático mais específico, proporcionando o desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras e dinâmicas e garantindo a ampliação da aprendizagem.
“Toda vez que a gente pensa em ateliê, a gente pensa no ambiente que é colaborativo, que vai permitir situações de simulação, situações de desafio, situações que vão possibilitar que os estudantes se envolvam em práticas pedagógicas mais colaborativas”, avalia Macedo.
Ele elogia a experiência vivenciada na Escola Estadual Egídio Barbosa. “Verificamos que, com a implantação destas salas temática, houve aumento da taxa de matrícula, aumento da taxa de estudantes com acesso ao ensino superior, melhor desempenho nas avaliações externas, maior interesse dos estudantes por atividades cognitivas, artísticas e culturais, diminuição de episódios de indisciplina e aumento do nível de satisfação docente”, enumera o supervisor.