Reabilitação pela educação

Distrito Federal

13.04.2021

Mesmo durante a pandemia, sistema prisional mantém aulas por meio de materiais impressos da Educação de Jovens e Adultos


Material pedagógico impresso organizado pelos professores do CED 01 de Brasília | Crédito: Divulgação

Dois adolescentes infratores do Distrito Federal conseguiram notas boas no último Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade e Jovens sob medida Socioeducativa (Enem PPL). Atualmente disputam vagas na universidade pelo Sistema de Seleção Unificado (SiSU).

Não são os únicos casos de pessoas buscando na educação a reabilitação de suas vidas. O Distrito Federal tem seis unidades prisionais e todas elas contam com Núcleos de Ensino atendidos pelo Centro Educacional 01 de Brasília. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) atende turmas de todos os segmentos de ensino dentro do sistema prisional.

Durante a pandemia, os estudantes mantêm-se ocupados. Eles não podem usar equipamentos eletrônicos. Por isso, os professores do CED 01 de Brasília disponibilizam o material pedagógico impresso.

Segundo a diretora de Educação de Jovens e Adultos, Lilian Sena, no cenário de pandemia, a continuidade das atividades escolares é essencial dentro de um processo contínuo de ressocialização.

“Precisamos considerar que a educação é um direito humano e fundamental na constituição de pessoas autônomas e críticas. Especialmente no sistema prisional contribui diretamente com o processo de ressocialização desses custodiados”, argumenta.

Os professores preparam os materiais etiquetando o nome de cada estudante nas respectivas pastas. Assim, seguem a logística de entrega quinzenal dentro das penitenciárias. Ao entrar e sair das unidades, os materiais passam por um processo de quarentena que dura uma semana e são manuseados por policiais penais na entrada e saída do local.

Educação como meio transformador 

De acordo com o diretor do Centro Educacional 01 de Brasília, Wagdo Martins, neste momento de pandemia, é de extrema relevância a garantia de direitos.

Ainda segundo Wagdo, foi elaborado um documento para acompanhar os materiais, com o qual os estudantes podem enviar dúvidas relacionadas ao conteúdo, assim como as dificuldades de aprendizagem. No final de 2020, após avaliação institucional, foi constatado que os recursos utilizados proporcionaram um resultado positivo.“Como escola responsável pelo atendimento dos estudantes do sistema prisional do DF, temos o dever de manter as atividades educacionais para o atendimento aos nossos estudantes. No caso da impossibilidade de atuar de forma presencial, é primordial a garantia das aulas por meio do material impresso, que é a forma mais adequada para este público”, acrescenta o diretor.

Sobre a importância social da educação no sistema prisional o diretor afirma: “A educação prisional tem o papel de proporcionar ao reeducando o resgate da autoestima como ser humano e, ao mesmo tempo, de possibilitar o conhecimento e o exercício da cidadania, com intuito de mediar um retorno mais digno para a construção de uma sociedade justa, humana e capaz de acolher essas pessoas.”

Por Íris Cruz, da Ascom/SEEDF