Rádio comunitária é reativada dentro de escola da Rede Estadual

Pernambuco

06.09.2017

Créditos: Gil Menezes

No Alto José do Pinho, onde o cenário cultural pulsa forte, os estudantes da Escola Dona Maria Teresa Corrêa participam do projeto Negritude, fala mais Alto!, que visa diminuir a desigualdade racial através de ações e da reativação da Rádio Comunitária Alto falante dentro do ambiente escolar. O projeto foi um dos vencedores do Edital Gestão Escolar para Equidade – Juventude Negra, promovido pelo Baobá – Fundo para Equidade Racial, Instituto Unibanco e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

O objetivo do projeto é capacitar os estudantes para veicular o programa “Negritude, Fala Mais Alto!” na rádio comunitária. A ideia é incentivar o protagonismo dos estudantes, docentes e gestores com ações criativas de intervenção para construir relações mais humanas e cidadãs, promovendo a equidade, o diálogo e a tolerância no ambiente escolar. Através da Gerência de Políticas Educacionais de Educação Inclusiva, Direitos Humanos e Cidadania (GEIDH), a Secretaria de Educação do Estado (SEE) está realizando formações com os professores para que eles passem a abordar a temática em suas disciplinas, estimulando a criação de conteúdos e promovendo o debate em sala de aula.

Vanessa Silva, coordenadora do projeto, diz que a reativação da rádio, em parceria com os estudantes, irá colaborar com a diversidade cultural e racial. “A rádio Alto falante foi um meio de comunicação muito importante para o crescimento e divulgação dos movimentos culturais do Alto José do Pinho em meados dos anos 90. Hoje, ela volta sob o olhar dos jovens, desses estudantes que pretendem abordar desde jogos até culinária e religião”, comenta. “Aqui no Alto, onde a comunidade é essencialmente negra, é muito importante que a juventude esteja inserida em projetos como estes”, finaliza. Vanessa também é integrante da Organização Não Governamental (ONG) Mulher Maravilha, que é parceira da escola neste projeto e luta pela promoção dos direitos humanos numa perspectiva de gênero, raça e etnia, pelo acesso à cidadania da população vítima de exclusão social e empoderamento das mulheres.

O estúdio de rádio tem previsão de ficar pronto até o início do mês de outubro, quando os estudantes irão passar para fase prática do projeto. Até o final deste mês, eles estão sendo acompanhados por dois oficineiros, Adson Alves e Tarcísio Camelo, que já têm certo histórico com rádio comunitária e produções culturais.

O projeto está em ação com uma turma inicial formada por 12 estudantes e dois formadores. As aulas acontecem às segundas, quartas e sextas, no período da manhã. Após cerca de três meses, os jovens que participam hoje das oficinas serão multiplicadores e irão fazer com que o projeto passe a andar com suas próprias pernas. “Abordamos práticas de radiojornalismo, criação de conteúdo de áudios e o uso da internet como ferramenta de divulgação dos trabalhos produzidos”, conta Tarcísio.

A partir do tema central do projeto, os oficineiros abordam a temática através de várias perspectivas e apresentam diferentes meios de produção para os estudantes. ”Uma das maiores dificuldades que sentimos com os jovens é o reconhecimento da própria etnia. Não temos a cultura de nos identificarmos como negros e isto não é algo exclusivo do Alto José do Pinho, vai muito além. A inserção da internet também tem este motivo: atingirmos outros universos através dos podcasts”, comenta Adson.