Ciências Exatas
09.08.2019Texto de Ana Paula Lins e José Arnaldo
Ao longo da história, as mulheres deram contribuições valiosas para o desenvolvimento científico mundial. A grega Hipátia de Alexandria é considerada a primeira matemática. A polonesa Marie Curie é a mãe da física moderna graças a sua pesquisa pioneira sobre radioatividade. A alagoana Nise da Silveira promoveu uma reviravolta no mundo da psiquiatria ao defender tratamentos humanizados para os pacientes. Apesar destes exemplos, a participação feminina no ambiente científico ainda é tímida, em especial nas ciências exatas. Para fomentar um maior ingresso feminino nessas áreas, a Universidade Federal de Alagoas (Universidade Federal de Alagoas) promove projeto que conta a parceria da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e de escolas estaduais.
A ação nasceu a partir de uma chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) intitulada “Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação”, a qual visa apoiar projetos que contribuam com o desenvolvimento científico e tecnológico. Dentre os projetos aprovados, está o da vice-diretora e Professora Doutora do Instituto de Matemática da Ufal Juliana Theodoro, o qual envolve também as docentes Viviane de Oliveira Santos, do Instituto de Matemática e Lidiane Omena, do Curso de Física.
O projeto, que envolve também acadêmicas dos cursos de graduação da universidade, abrange cinco escolas estaduais, todas em Maceió: Margarez Lacet, no Osman Loureiro; Benedita de Castro, no Clima Bom; Correia das Neves, no Prado, Princesa Isabel e D. Pedro II, ambas no Cepa.
Aula mais interativa – Na Escola Estadual D. Pedro II, a professora de Matemática Maria de Jesus Sant’Ana é uma das colaboradoras da ação. Por meio da iniciativa, ela trabalha a disciplina de forma lúdica com suas estudantes o que inclui, por exemplo, oficinas de produção e lançamento de foguetes artesanais.
“É uma grande satisfação integrar este projeto, pois propicia trabalhar o conhecimento de uma maneira diferente, a aula fica mais leve, divertida e atrativa. Percebemos que as alunas que estão participando do projeto estão com um melhor rendimento, autoestima mais elevada. A experiência tem sido tão boa que pretendemos manter as atividades mesmo quando o projeto for concluído”, conta a professora.
A diretora-geral da Escola Estadual D. Pedro II, Sandra Vanessa da Silva, também é uma entusiasta do projeto. “Todo o curso é ministrado por mulheres e é lindo de se ver o crescimento de nossas alunas. A experiência tem sido incrível, sobretudo o estímulo e a sensibilização de que lugar de menina é onde ela quiser atuar, independentemente de ser nas exatas, nas humanas, na Saúde ou em qualquer outra área, desde que ela se sinta feliz”, declara a gestora.
Novos horizontes – Estudantes da 7º ano do ensino fundamental, Ana Clara da Silva, Kamily Silva e Laura Beatriz Lopes falam com entusiasmo da iniciativa. “É muito legal, aprendemos coisas novas e as aulas de matemática e ciências ficam mais interessantes. Gostamos de todas as atividades, principalmente os lançamentos de foguetes”, contam Ana Clara Kamily. “Com esse contato que temos com temos com as meninas, a gente melhora o aprendizado daquilo que já estuda na escola”, complementa Laura.
O projeto também é um aprendizado para as universitárias que participam da ação. Uma delas é Sheila Oliveira, acadêmica da Química da Ufal. Ela conta que, ao todo, 30 universitárias percorrem as cinco escolas contempladas em atividades para despertar o interesse pelas ciências exatas em alunas da rede pública. Uma experiência duplamente gratificante para Sheila, que é ex-aluna da Escola Estadual Padre Teófanes, de São José da Laje.
“Ficamos muitos felizes com esse contato e saber que estamos mudando o pensamento delas em relação às ciências exatas. Por meio deste projeto, elas já estão tendo as primeiras noções de física e química, algo que só estudarão no ensino médio. Por meio da ciência, incentivamos as meninas a fazerem universidade e cursarem graduações na área das exatas. Ainda temos poucas mulheres nesta área: quando ingressei no curso de Química, por exemplo, éramos apenas cinco mulheres na sala”, relata Sheila.