Autoestima, bullying e assédio. Estes são alguns dos temas trabalhados dentro do projeto Espelhos, promovido por estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Ageu Magalhães, em Casa Amarela. A partir de rodas de conversa, troca de experiências e da prática da empatia, o grupo formado por cinco meninas vem mudando a atmosfera da unidade de ensino.

O projeto surgiu em 2017, com base em demandas sugeridas por estudantes que participavam do Núcleo de Estudo de Gênero da escola. “A partir das discussões do núcleo as meninas passaram a ficar mais sensíveis a certas situações e começaram a perceber, e se envolver, em situações que aconteciam ao redor, com os amigos”, diz Ana Rosa, professora de História e Direitos Humanos, que acompanha o grupo desde o início. O projeto conta ainda com a supervisão de Leni Peixoto, educadora de apoio da escola. 

Mas foi somente no ano seguinte, em 2018, que o grupo começou a elaborar um plano de ação. Com base em temas que fazem parte da vida dos adolescentes, mas que nem sempre tem o espaço para ser debatido na escola, foram eleitos aqueles que eram vivenciados pela comunidade. “Nossa primeira apresentação superou todas as nossas expectativas, pois a resposta dos estudantes foi extremamente positiva. Pudemos perceber o quanto eles estavam precisando desabafar e, o mais importante, o quanto precisavam conhecer-se. Por isso o nome do projeto: espelho”, explicou Leni Peixoto.

O que podemos fazer para ajudar? Esta foi a pergunta que deu origem ao Espelhos, de acordo com Lara Gonçalves, idealizadora do projeto. “Não queríamos mais uma aula ou uma palestra. O que desejamos é que seja uma conversa entre estudantes, para que todos percebam que não estamos sozinhos. O que alguns passam hoje, outros já passaram antes. Eu já passei. E ali a gente mostra como podemos resolver ou lidar com as situações“, conta a estudante do segundo ano, que completa: “Os problemas não são 100% da nossa vida. É ruim, mas não representa tudo. Isso são momentos, e momentos passam”.

“O espelho está interligado a todos outros projetos da escola, é um momento onde os estudantes interagem, desabafam e expõem suas angústias por meio de dinâmicas e rodas de diálogos. No mesmo momento a gente mostra a eles que é possível enfrentar e superar as dificuldades apresentadas. A intenção é mostrar que estamos todos juntos, que eles não estão sozinhos”, explica Ana Rosa.

“Queremos que cada um se olhe no espelho e se enxergue de verdade. Muitas vezes a gente não vê nosso potencial, nem o que a gente é de verdade. Aqui estamos incentivando cada um a viver o que deseja viver, de forma que eles se sintam bem”, conclui Lara Gonçalves.