Mato Grosso do Sul
13.11.2024A Escola Estadual Castro Alves, em Dourados, participou dos dias 17 e 18 de outubro, da 21ª SNCT (Semana Nacional de Ciência e Tecnologia), com a programação ofertada nas ações do Projeto “Ñandejere oñeñongatúva: O que se guarda/preserva ao nosso redor”, aprovado na chamada CNPq/MCTI nº08/2024 – Linha C - Eventos de Abrangência Municipal-SNCT 2024.
A partir da pesquisa de Santos (2024) realizada na Escola Estadual Castro Alves, que investigou o reconhecimento da cultura indígena pelos estudantes, os resultados revelaram uma significativa diversidade na composição étnica e dificuldades de reconhecimento de ancestralidade indígena entre os estudantes.
Cultura indígena
Apesar disso, os mesmos enfatizaram que permanecem alguns aspectos culturais de seus parentes mais velhos, a exe;mplo do uso de remédios caseiros e shampoos a partir de plantas nativas como: aroeira, urucum, cedro, jatobá, ipê, entre outras em seu cotidiano.
O reconhecimento de ancestralidade indígena entre os próprios povos indígenas é um tema complexo e multifacetado que envolve diversos fatores históricos, culturais e sociais. Muitas vezes, as dificuldades de reconhecimento estão enraizadas em processos históricos de colonização, que resultaram na perda de identidades culturais, línguas e tradições.
A diversidade cultural entre os povos indígenas é notável, com cada tribo e grupo possuindo suas próprias tradições e critérios de pertencimento. Esses critérios podem variar amplamente, baseando-se em laços familiares, participação ativa nas atividades culturais ou reconhecimento comunitário. Essa complexidade dificulta a aplicação de critérios externos e oficiais.
A professora Denise Sguarizi Antonio destaca que o diálogo intercultural e a valorização das tradições são fundamentais para superar essas dificuldades. Iniciativas envolvendo educação e preservação cultural podem ajudar a fortalecer a cultura indígena, facilitando o reconhecimento de ancestrais por parte dos próprios povos e da comunidade externa. Assim, é possível construir um caminho mais inclusivo e respeitoso visando a valorização dos saberes indígenas, e o bioma em que estamos inseridos.
Portanto, é necessário que a Escola, ciente de sua função social, promova ações de aproximação entre o ambiente escolar e a cultura indígena para aprofundar o reconhecimento do Modus vivendi dos povos originários, sendo uma oportunidade de desmistificar visões estereotipadas.
Deste modo, essa proposta proporciona maneiras de resgatar os saberes tradicionais visando aprofundar a consciência ambiental da geração atual e futura dos estudantes indígenas, com relação ao conhecimento do uso e preservação dos Biomas Mata Atlântica e Cerrado.
É a partir desta problemática que várias ações foram realizadas visando conscientizar a comunidade escolar sobre a importância da preservação da biodiversidade, bem como resgatar as histórias indígenas em relação ao tema, fornecendo assim uma perspectiva única e profunda sobre a interação humana com o ambiente natural, contribuindo para o entendimento e a preservação dos Biomas Mata Atlântica e Cerrado.
A professora Tatiane Melo da Silva Tago ressalta que a programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, junto ao projeto da nossa comunidade escolar, sensibilizou os nossos estudantes, fazendo-os perceber as riquezas dos nossos Biomas e a importância dos povos tradicionais para a preservação dos mesmos. Em um momento tão delicado frente ao enfrentamento das mudanças climáticas globais, é extremamente necessário a discussão e o debate sobre a importância da preservação para a manutenção da vida no planeta.
Teve atividades propostas, como roda de conversa sobre preservação dos biomas e manifestação cultural dos estudantes da escola Guateka. Oficina do Herbário no laboratório e grafismo com estudantes indígenas.
Visita
Ocorreu visita ao Viveiro Municipal de Dourados. Palestra sobre plantas medicinais do Cerrado com a professora doutora Cláudia Andrea Lima Cardoso, da UEMS. Apresentação de animais encontrados na região pela Polícia Militar Ambiental no laboratório da escola.
Além da programação apresentada na semana nacional, os estudantes serão levados até a fazenda Green Farm CO2Free, localizada na cidade de Itaquiraí-MS, região de confluência de três biomas importantíssimos: Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal. Neste local funciona um projeto de sustentabilidade e preservação ambiental. Nessa ocasião, os estudantes serão orientados a utilizar o Google Lens para auxiliar na identificação de características dos espécimes presentes no local.
Dando continuidade, no ano de 2025, serão coletadas sementes de plantas nativas dos Biomas Cerrado e Mata Atlântica, visando a produção de mudas. Os estudantes serão envolvidos em todas as etapas do processo: seleção de sementes de alta qualidade; preparo do substrato; semeadura, nutrientes e rega adequada.
Para a PCPI (Professora Coordenadora de Práticas Inovadoras) Sirleia Vieira Portilho, momentos de trocas como aconteceu durante a roda de conversa, entre os estudantes da escola Guateka e os estudantes da escola Castro Alves, são de suma importância. “A roda de conversa foi pautada na preservação cultural dos saberes indígenas sobre os biomas brasileiros, bem como nas tradições culturais que ainda são passadas de geração em geração, nas etnias Guarani e Terena”, enfatiza.
Para estimular a aprendizagem ativa e o uso de tecnologias digitais, desenvolvendo habilidades de pesquisa, análise crítica e síntese de informações, os estudantes irão gravar com os povos originários em formato de podcast sobre a importância da preservação dos biomas existentes na região.
“Dessa forma, pretende-se documentar narrativas tradicionais que exploram a interação das comunidades indígenas Guarani-Kaiowas e Terena com o ambiente natural”, finaliza diretora Marcia Regina da Silva Wider.
Adersino Junior, SED
Fotos Arquivo escolar