Projeto Batuque do Colégio Estadual de Cristalândia utiliza a dança para abordar a consciência negra

Tocantins

22.11.2019

Josélia de Lima/Governo do Tocantins

Por meio de danças, de representações e artesanato, estudantes do Colégio Estadual de Cristalândia expressaram a cultura afro-brasileira nas apresentações da 16ª edição do Projeto Batuque. Nesta sexta-feira, os estudantes apresentaram o resultado do trabalho realizado durante o ano, para uma plateia formada por educadores, alunos e representantes da comunidade.

A culminância do projeto foi realizada como forma de lembrar a Semana da Consciência Negra. Batuque é um projeto que aborda a temática História e Culturas Afro-brasileira e Africana, conforme a Lei 10.639/03.

O projeto tem a coordenação da professora Elizabeth Aires Leite, que desenvolve metodologias diversas para despertar o interesse dos estudantes para a pesquisa. A professora aponta dois motivos para que o projeto tenha êxito: um deles é que a participação nas atividades é voluntária, e o segundo é que ações são desenvolvidas ao longo de todo o ano. “Em 2019, contamos com 100% dos nossos alunos participando das ações. Primeiro, começamos o trabalho com a sensibilização sobre o racismo; depois, distribuímos temáticas para pesquisas. A terceira parte é a realização de seminário de apresentações dos temas estudados; em seguida, são realizadas palestras e as oficinas”, explicou Elizabeth.

E como atividades do Projeto Batuque, a escola promoveu filmes, um baile de máscara e confecção de artesanatos, utilizando telhas e confecção de bonecas negras. Durante a culminância do projeto, os estudantes transmitem os conteúdos que aprenderam utilizando a arte: como dança, poesia, desenho e figurino.

Os estudantes utilizaram pinturas tribais, simbolizando a tradição de muitas culturas de nações africanas. E no figurino, foram utilizados a adinkra que representa um conjunto de símbolos ideográficos dos povos açã, grupo linguístico da África Ocidental.

Apresentações

O Projeto Batuque fez referências a figuras como o poeta moçambicano José Craveirinha, com o ecoar dos tambores; o poeta baiano Castro Alves e o líder Zumbi dos Palmares. E as danças retrataram ritmos como o maculelê, afropop e o frevo; e para promover uma interação com o público, foram realizadas brincadeiras do Congo.

O estudante Abiel Bezerra Morais Santos tem apenas 12 anos e estuda na turma do 6º ano do ensino fundamental, encantou o público com a sua paixão pela dança. “Aprendi que o racismo não deve existir, e que precisamos aprender o valor de cada um”, contou.

A estudante Rosemara Gama Silva, 16 anos, aluna do ensino médio, destacou a oficina de bonecas. “Gostei muito de participar desse projeto porque tem várias atividades. Participei da oficina de bonecas que nos trouxe várias reflexões. No comércio não encontramos bonecas negras para vender, produzimos um modelo simples, mas que trouxe vários significados”, comentou.

Alícia Gomes Pereira tem 17 anos, participou das danças. “Queremos apresentar a cultura da paz, mostrar para a sociedade que somos importantes, que cada um tem seu valor”, destacou.

A estudante Débora Soares, 16 anos, fez uma homenagem à professora Elizabeth como forma de gratidão. “Só existe uma nação, que é a raça humana, esta é a principal lição que queremos mostrar, o valor do respeito e do amor”, esclareceu.

Érika Josefa de Freitas Ferreira, 16 anos, juntamente com a colega Emilly Cristina apresentaram um poema que retrata a cultura do Congo. Ela estava acompanhada com a sua mãe Rita Ferreira. “Aqui, aprendemos valores que são para a nossa vida, como o de não aceitar o preconceito”, frisou. Rita disse que estava muito feliz com o desempenho de sua filha na escola. “É maravilhoso vê a mudança no comportamento de minha filha, já desenvolvemos uma cultura de paz, mas ela está aprendendo valores mais amplos”, explicou.

A diretora da escola, Euzilene Oliveira Lima, abordou as conquistas que a escola vem tendo, e a abrangência que o Projeto Batuque está alcançando a cada ano. “O que mais nos encanta são os depoimentos dos alunos e alunas que participaram das ações e que desenvolveram uma nova postura de comportamento na vida. Somos seres humanos capazes de respeitar e conviver com as diferenças”, enfatizou.

Magnólia Mendes, assessora de Fortalecimento da Gestão Pedagógica da Diretoria Regional de Educação de Paraíso, ressaltou a dimensão do projeto. “São ações como essa que nos faz acreditar que teremos uma sociedade com mais respeito e dignidade. Esse projeto proporciona lições de respeito às diferenças, lições que são para a vida”, comentou.

O Colégio Estadual de Cristalândia conta com 530 estudantes matriculados no 6º ao 9º ano do ensino fundamental e ensino médio.