Projeto Baobá eleva a autoestima de estudantes da EREM Cardeal Dom Jaime Câmara

Pernambuco

31.10.2019

A Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Cardeal Dom Jaime Câmara, situada em Moreno, está promovendo, até esta quinta-feira (31), a terceira edição do projeto Baobá, que tem como objetivo pautar e fortalecer as políticas de enfrentamento ao racismo, discutir questões raciais e melhorar a autoestima do estudantes. O Baobá é realizado em alusão ao Dia da Consciência Negra, vivenciado no país no dia 20 de novembro. Estudantes e professores, unidos pela igualdade racial dentro e fora dos muros da escola, promovem diversas atividades desde a última terça-feira (29). 

Na programação, exposições de banners, poesia dramatizada, apresentação teatral e musical, oficinas de macramê, trança nagô, turbante e mandala, além de debates, salas temáticas, palestras e rodas de conversas que contaram com a participação de artistas, professores e doutores da UFPE e outras instituições parceiras. O encerramento, que acontece nesta quinta-feira, será um desfile com figurinos temáticos dos países africanos. 

Convidada para apresentar a sua peça “O Clamor Negro”, a poetisa, atriz e educadora Odailta Alves elogiou a iniciativa do projeto e a sua programação. “Eu acredito que esse projeto fortalece as propostas de combate ao racismo, que está aí matando, excluindo e adoecendo as pessoas. As escolas públicas são os espaços onde a maioria dos estudantes são negros, e aqui é o lugar ideal para desenvolver essa sensibilidade para trabalhar essa temática tão importante”, disse. 

De acordo com o idealizador do projeto, Antônio Arnaldo, professor de história e sociologia da EREM, o Baobá é trabalhado durante o segundo semestre na escola, mas o enfrentamento a todo tipo de crime na unidade de ensino é praticado todos os dias do ano letivo. “O projeto Baobá transforma vidas. Nós temos diversos alunos que não acreditavam no seu potencial pela sua cor, e depois de participar das nossas atividades, passaram a se valorizar enquanto cidadãos, independentemente da pele. O princípio básico do nosso projeto é o respeito e ele é praticado diariamente pela escola. É a partir dele que vamos trabalhar para erradicar todo tipo de violência aqui dentro da da unidade de ensino e lá fora”, contou. 

Walter Alves, estudante do terceiro ano do Ensino Médio, ganhou, no ano passado, o concurso do negro mais bonito pelo projeto. Antes do título, o adolescente de 18 anos detalha que muito sofreu por não se identificar nos padrões de beleza ainda vigentes na sociedade. “Pela minha cor, entende? Cresci ouvindo que negro é feio, que eu deveria ter vergonha da minha cor e eu tentava ao máximo me esconder. Eu não me enxergava em lugar nenhum da sociedade. E depois de ganhar o concurso, eu passei a entender o que é ser negro, que meu cabelo é bonito, que tenho beleza. Mexeu muito com a minha autoestima e eu sou muito grato a escola por me ajudar a me reconhecer e ter orgulho de mim”, declarou.