Programa Mais Matemática muda índices da educação do Piauí

Piaui

31.05.2019

A Unidade Escolar Luiz Soares da Silva é a escola que atende os estudantes do ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA) na cidade de São José do Peixe, que fica a 315 km da capital Teresina e tem 3.700 habitantes. Por lá, uma professora tem mudado o gosto dos alunos pela Matemática.

Rejane Sousa há 20 anos se dedica à sala de aula e desde 2017 é multiplicadora do Mais Matemática, projeto da Secretaria de Estado da Educação do Piauí (Seduc) vinculado à Unidade de Ensino e Aprendizagem no programa Pacto pela Aprendizagem, que incentiva a aprendizagem da disciplina que ainda é temida por muitos. 

De forma lúdica e com novas metodologias, professores de toda a rede aplicam as ações do projeto em oficinas realizadas pelo menos uma vez por semana. "Com isso, vamos diminuindo a quantidade de alunos com o desempenho abaixo do básico nas avaliações do Sistema de Avaliação Educacional do Piauí (Saepi). Estamos mudando a forma de ensinar Matemática e desmistificando a ideia de que é difícil aprender a matéria", fala a profissional da educação.

Graças ao projeto, logo no primeiro ano de execução foi possível avançar mais do que a soma dos 5 anos anteriores. Os resultados das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), também responsáveis por qualificar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), comprovam essa realidade assim como o aumento do número de medalhas e menções honrosas conquistadas na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep).

A professora Rejane Sousa é uma das Multiplicadoras do Mais Matemática pela 10ª Gerência Regional de Educação (GRE), sediada na cidade de Floriano, que atende 7 municípios circunvizinhos. O Multiplicador, como o próprio sugere, é quem passa todos os conteúdos a serem abordados e, principalmente, como serão trabalhados nas oficinas. De acordo com o planejamento, todo o mês os Multiplicadores da 10ª GRE devem se reunir com cerca de 20 professores de matemática das escolas públicas da região.

"O Mais Matemática não é só fazer as atividades dos cadernos que passamos. A intenção do projeto é que os alunos respirem Matemática em atividades interessantes com o foco na aquisição de competências", explica o professor Sérgio Ramos Carvalho, coordenador do Mais Matemática pela Seduc.

E assim tem sido na prática. Com os alunos da Unidade Escolar Luiz Soares da Silva, por exemplo, a professora Rejane Sousa trabalha desde jogos que levem o aluno desenvolver o raciocínio lógico a gincanas matemáticas. "Fazemos muitas rodas de conversa discutindo questões e daí também surgem as ideias de gincanas, do Café com Matemática e da competição de jogos, que são objetos de ensino e aprendizagem produzidos por todos", complementa Rejane Sousa.

A aplicação de simulados semanalmente e a elaboração de projetos interdisciplinares também fazem parte do plano de atividades. "Nós podemos aplicar a Matemática até na música", diz a professora que confessa o gosto de trabalhar com projetos. "Focando nos jogos associados aos conteúdos trabalhados em aula podemos demonstrar que o aprendizado se torna atrativo, é mais fácil assimilar", reitera.

Logo no início deste ano, a coordenação do Mais Matemática se reuniu com os Multiplicadores para formação. Quem não pôde vir a capital acompanhou as pautas via mediação tecnológica pelos 380 polos do Canal Educação. No próximo dia 4, um novo encontro está marcado para o balanço do andamento das atividades, repasse de material e sugestão de novas abordagens.

Além de auxílio na parte metodológica, os professores multiplicadores do projeto são acompanhados pela equipe do Núcleo de Acompanhamento Pedagógico (NAP) da Unidade de Ensino Aprendizagem (Unea) da Seduc, o setor diretamente responsável pelo Mais Matemática na secretaria. A equipe pedagógica é que passa as demandas aos Multiplicadores, que por sua vez repassam aos coordenadores pedagógicos das unidades.

De norte a sul, em outras cidades do interior do Piauí, o Mais Matemática foi um um dos projetos bem mais aceitos entre os estudantes podendo ser aplicado nas mais diversas áreas. 

Em Uruçuí, os alunos puderam aprender equações com uma balança e a utilizar os números em cálculos.

As escolas que estiverem com o rendimento abaixo do esperado são visitadas pessoalmente pelo gestor, "é um trabalho difícil, de continuidade, por isso precisamos acompanhar de perto", fala Sérgio Carvalho.

O próximo resultado a ser trabalhado é o do Saepi (Sistema de Avaliação Educacional do Piauí), "estamos aguardando na expectativa de atingir resultados mais ousados do que em 2017", finaliza o coordenador.