A Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc), por meio do Departamento de Educação (DED) e do Programa Estadual de Correção de Fluxo Sergipe na Idade Certa (ProSIC), participou na manhã desta quinta-feira, 28, de um encontro online intitulado “Caminhos para a Educação Pós-pandemia”, promovido pelo Unicef, em parceria com o Instituto Claro. 

Na pauta, consta a apresentação do estudo “Enfrentamento da Cultura do Fracasso Escolar”, coordenado pelo CENPEC Educação, com indicadores educacionais coletados em 2019, cujos resultados apontam as taxas de aprovação, reprovação, abandono e distorção idade/série a partir do recorte de cor, raça, gênero e território. Romualdo Portela de Oliveira, diretor de pesquisa e avaliação do CENPEC Educação, destacou índices de reprovação identificados em maior incidência nos Anos Finais do Ensino Fundamental, um ciclo que interrompe a trajetória escolar de crianças e adolescentes em todo o Brasil, sobretudo para estudantes das regiões do Semiárido e da Amazônia Legal. 

Para Romualdo Portela de Oliveira, ao avaliar os dados do censo escolar, resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNADS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e as PNADS covid-19, que resumem basicamente as  três dimensões do da cultura do fracasso escolar: reprovação, abandono e a distorção idade-série. “Eles se retroalimentam, são processos que ocorrem e são potencializados entre eles”, explicou. Quando a análise trata da região que envolve o Nordeste, o abandono é maior do que a média nacional em todas as etapas analisadas. 

Por isso, parceiros como o Unicef com o CENPEC Educação, o Instituto Claro, o Instituto Avisa Lá  viabilizam a inserção de Estados e os municípios aos programas de promoção da educação. De acordo com o chefe de Educação do Unicef, Italo Dutra: “Nós estamos trabalhando para construir um conjunto de apoios que ajudem Estados e municípios a enfrentar a cultura de fracasso escolar, mudando o currículo da escola”, concluiu. 

Danyele Gomiero, vice-presidente do Instituto Claro, contribuiu discorrendo sobre a conexão do campo da educação com o campo de trabalho, na perspectiva de que sejam ofertadas vagas de emprego para os jovens. Em 2019, o Governo de Sergipe, por meio da Seduc, lançou o Programa Estadual de Correção de Fluxo Sergipe na Idade Certa (ProSIC), o qual foi peça de prática exitosa na região do Semiárido, em que Ana Carolayne Santana Gomes e Joherllysson dos Santos Sitineta, dois estudantes do Colégio Estadual João Fernandes de Brito, localizado no município de Propriá, concluíram o Ensino Fundamental no ano letivo de 2020.   

Em vídeo publicado no encontro, o secretário de Educação, professor Josué Modesto dos Passos Subrinho, aparece declarando: “Nós temos exemplos exitosos, exemplos inspiradores, feitos em parceria com o Unicef, para correção dessa distorção”, sintetizou. A jovem Ana Carolayne Santana Gomes, encontrou no recém-programa disponibilizado na Rede Pública Estadual de Educação de Sergipe, uma oportunidade para acelerar a trajetória escolar sem perder de vista a adequação à uma metodologia que gera autonomia para o indivíduo. Foi no Projeto de Vida, disciplina eletiva que trabalha o processo de planejamento no qual os indivíduos se conhecem melhor; que a jovem conhecer meios de estabelecer estratégias e metas para alcançar os seus próprios objetivos e atingir a sua realização em todas as dimensões da vida. 

“Eu gostei muito do ProSIC por conta de uma matéria, Projeto de Vida, porque ela ajuda a gente a projetar o nosso futuro”, argumentou a jovem Ana Carolayne Santana Gomes. Segundo a Diretora de Educação da Seduc, Ana Lúcia Lima, é por meio do Projeto de Vida que o estudante vislumbra novas perspectivas, identifica e desenvolve o próprio potencial, evoluindo cada vez mais nos estudos. 

“O ProSIC é um programa que possibilita o professor a ter um novo olhar sobre os estudantes, diagnosticando a defasagem em termos de aprendizagem, acolhendo e respeitando a história de vida de cada um deles, pois alguns não conseguem enxergar a importância do estudo para a vida, vendo somente o lado obrigatório, imposto pela vida escolar; e o ProSIC veio ajudar neste processo do aluno”, enfatizou a coordenadora do Colégio, Priscilla Silva Marques.

Para o jovem Joherllysson dos Santos Sitineta, o ProSIC não salvou somente a trajetória escolar, mas a vida dele de uma forma geral. “O ProSIC faz com que a gente organize a vida. Eu e Carol estudamos na mesma sala. A gente achava que não tinha mais esperança para construir o nosso futuro. E a gente vai dar valor a esse momento”, disse, emocionado. E aproveitou para aconselhar os jovens de sua geração: “ Quero deixar um conselho para os jovens:  Aqueçam essa chama que há dentro de você. É na escola que o seu futuro vai surgir. Aos professores quero dizer que vocês não soltem a mão do aluno, acreditem realmente em cada aluno que você vê todos os dias”, concluiu.

Resultados do programa

Em 2020, 47 escolas dispõem do programa para atender a estudantes em distorção idade/série, distribuídas em todas as diretorias regionais de educação, em 21 municípios sergipanos. Ao todo, 2.649 estudantes estão sendo atendidos pelo Prosic nas respectivas escolas. Atualmente, o grupo de formadores/as da Seduc constituído da equipe gestora do Departamento de Educação é composto por uma coordenadora do Programa, seis formadores/as de professores/as dos anos finais do Ensino Fundamental, dois formadores/as de professores/as dos anos iniciais do Ensino Fundamental e uma formadora de gestores/as. Este é o grupo designado pela gestão da rede estadual com o objetivo de garantir a sustentabilidade e a continuidade do programa.