Professores da rede estadual falam das mudanças no ensino provocadas pela pandemia

Educação em tempo de pandemia

13.01.2021

Com a suspensão das aulas presenciais por causa da pandemia do novo coronavírus, os professores tiveram um grande desafio, aprenderem a ministrar as aulas nas plataformas digitais. O ano de 2020 foi de aprendizagem para todos os professores da rede estadual do Tocantins, eles tiveram que se adaptar com as aulas não presenciais. Alguns professores criaram blogs e outros improvisaram estúdios de gravação em suas casas.

A professora Normacelia Martins Bispo Patriarca, que leciona História e Projeto de Vida para alunos do ensino médio no Colégio Estadual São José, em Palmas, explicou que o desafio foi vencer as limitações estruturais e as dificuldades tecnológicas. “Estamos num cenário nunca vivido antes na história da educação brasileira, em que as circunstâncias trouxeram muitos desafios para a equipe escolar, estudantes e para os pais ou responsáveis”, frisou.

E como processo de adaptação para a nova realidade das aulas, a educadora improvisou um escritório em sua casa. “Trouxe a sala de aula para o meu quarto e adaptei a minha rotina para poder dar conta de todas as demandas, familiar e profissional. Mas, graças a Deus, estamos vencendo a cada dia e procurando oferecer o melhor para que os estudantes não desistam dos seus sonhos”, explicou.

A preocupação de Normacelia foi treinar com os alunos a autodisciplina e ajudá-los a organizar uma rotina de estudos. “Um aspecto muito relevante neste desafio foi fazer com que os estudantes não perdessem o foco de seu projeto de vida, pois é ele que irá levá-los aonde desejam chegar”, afirmou.

A professora Wersdenya Batista Glória Coelho, de Língua Portuguesa, da Escola Estadual Pedro Macedo, localizada na cidade de Novo Acordo, também falou dos desafios enfrentados nessa pandemia. “Houve uma necessidade de rever as formas habituais de lecionar e eu precisei modificar o planejamento pedagógico e encontrar alternativas para envolver, motivar e propiciar o desenvolvimento dos estudantes”, ressaltou.

Wersdenya lamentou que o distanciamento físico, necessário para prevenir o contágio pela Covid-19, tenha a afastado do contato direto com seus estudantes. “Talvez aqui esteja a maior perda. A falta do olho no olho e das interações entre professor e alunos, assim como entre estudantes e colegas. E um dos principais desafios foi adequar aulas, materiais e atividades para um outro modelo que não é o presencial”, esclareceu.

Para essa professora, o tradicional quadro-negro foi substituído por um celular, e essa comunicação de olho no olho foi transferida para as interações por meio das videochamadas. “Tenho muito carinho por todos os meus alunos. Na sala de aula, o professor pode ver facilmente o que os estudantes estão produzindo. Na educação a distância, isso não é tão fácil, precisamos aumentar o cuidado com cada um observando suas dificuldades e limitações”, enfatizou.

Marco Aurélio José Duarte leciona Matemática e suas tecnologias na Escola Estadual Vale do Sol, em Palmas, e já era um entusiasta das novas tecnologias. Tinha trabalhado com eletrônica e com sonorização automotiva, o que o levou a uma constante aprendizagem sobre tecnologias.

Antes mesmo da pandemia, o professor já incentivava os seus alunos a conhecerem novas aplicações, utilizando as planilhas digitais para correções de exercícios. E com a necessidade de produzir aulas on-line, além de continuar aprendendo a usar as tecnologias para o ensino, o professor ajudou outros docentes, inclusive de outros estados, dando o suporte necessário para a produção das aulas virtuais.

Marco Aurélio utiliza em suas aulas os aplicativos de salas virtuais e o WhatsApp, no qual compartilha informações e divulga links e os vídeos gravados. O professor, contudo, foi além e pesquisou softwares para ampliar e melhorar as imagens e as apresentações das aulas.

No processo de ensino e de aprendizagem, o professor Marco Aurélio ressaltou que prepara os alunos para as etapas subsequentes, isso engloba o que deve aprender no momento e revisões do que não lembra. “É uma tarefa árdua, porém gratificante, pois fica evidente que faço um trabalho diferenciado e reconhecido por quem, de fato importa, os educandos. Nessa perspectiva, não me sinto pressionado a aprender novas tecnologias, sou estimulado e faço questão de também compartilhar isso com os colegas que se mostram dispostos a encarar o novo com o propósito de aprimorar sua prática docente. Trabalho com Matemática e Raciocínio Lógico Matemático para concursos e, isso, enriquece minha prática em sala de aula, pois ensino o caminho tradicional e os atalhos que o aluno pode e deve tomar para chegar mais longe em menos tempo”, destacou.