Rio Grande do Norte
02.07.2025Dois professores da rede estadual de ensino do Rio Grande do Norte estão entre os concorrentes ao Prêmio Jabuti 2025, a mais importante premiação da literatura brasileira. Késsia Pessoa, gestora da Escola Estadual 4 de Março, em Canguaretama, disputa na categoria Educação, enquanto José Osório de Lima Filho, professor mediador de leitura da Escola Estadual de Tempo Integral Professor Antônio Dantas, em Apodi, está inscrito na categoria Biografia e Reportagem.
A obra de Késsia, intitulada “Uma escola que sente: narrativas reunidas”, narra o processo de reinvenção de uma escola 4 de Março, que quase foi fechada por falta de estudantes, mas que hoje é uma das mais procuradas da cidade. O livro revela o caminho trilhado a partir de um projeto de gestão participativa, com escuta ativa da comunidade, plano de ação estratégico e forte envolvimento dos professores. “Construímos a escola junto com a comunidade, daí o sentimento de pertencimento. A diferença da escola é o trabalho em equipe”, conta Késsia. “Quero que as pessoas acreditem, de fato, na Educação. É uma luta que todos devem assumir”, acrescenta.
A escola, que tinha cerca de 50 estudantes, hoje soma quase 400 alunos matriculados. Entre as conquistas, estão prêmios como a Olitef — Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira —, visitas da Unesco e do Unicef, e o reconhecimento do Ministério da Educação, que convidou a unidade para representar o RN em evento nacional.
O professor Osório de Lima traz à tona um relato sobre a saúde mental no Brasil com “A Morte Social do Indivíduo – A história nua e crua de um esquizofrênico sofredor”, obra lançada pela Editora Paruna Libres (SP). Com um olhar sensível, o autor constrói uma narrativa sobre exclusão, dor e superação, baseada em uma história real. “É uma obra que mostra uma anamnese e uma catarse, demonstrando como ocorreu o processo de superação e, consequentemente, de conquista”, explica.
Natural de Apodi, Osório é formado em História pela UERN, especialista em História do Brasil pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor de karatê e faixa preta da Associação Shoto Tigre de Karatê (ASTK). “Fiquei emocionado e confiante com a notícia que meu trabalho tinha sido indicado”, destaca.
A conquista foi celebrada pela secretária de Estado da Educação, Socorro Batista, que destacou o papel da rede estadual na promoção da leitura e na valorização de seus educadores. “Ver nossos professores concorrendo ao Prêmio Jabuti é um marco histórico para a educação do Rio Grande do Norte. São histórias reais, escritas com coragem e vividas na sala de aula. Isso mostra que a escola pública transforma vidas, inclusive a dos próprios educadores. Estamos muito orgulhosos”, afirmou a gestora.
A lista de semifinalistas do Prêmio Jabuti ainda será divulgada pela Câmara Brasileira do Livro. Caso avancem, os potiguares estarão entre os convidados do evento final, que reúne os principais nomes da literatura nacional.
Fotos: Ilana Brajterman (Capa); Cedida.