Professoras narram sua luta contra o câncer

Distrito Federal

17.10.2019

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Aos 41 anos de idade, a professora de língua inglesa do Centro Interescolar de Línguas de Ceilândia (CILC) recebeu o diagnóstico de câncer de mama, após exames de rotina. Apesar do susto, ela tinha consciência de que tinha iniciado uma batalha e que precisava vencer.

Para a professora Sabrina Gondim, a descoberta ocorreu durante o autoexame. “Fiquei apreensiva e procurei um médico. Os exames comprovaram minha suspeita: eu estava com câncer de mama. Inicialmente, foi desesperador”, explica Sabrina.

Sheila, que tem dois filhos com quatro e dois anos, imediatamente começou a quimioterapia e há dois meses fez a mastectomia. Hoje faz hormonioterapia. “O maior desafio foi passar a viver um dia de cada vez. Eu era muito ativa e tinha tudo planejado. A ajuda da família e dos amigos foi fundamental”, relembra Sheila.

A professora Sabrina relembra emocionada que seu maior desafio foi após a quimioterapia, a cirurgia e a radioterapia ao descobrir que o câncer tinha voltado. “Estava em pleno tratamento, seguindo tudo à risca. Fiquei chocada, pois agora eram treze tumores. Minha vida passou a ter outro sentido, hoje aceito bem mais o próximo, não julgo mais as pessoas, passei a dar importância às pequenas coisas do cotidiano”, explica.

Mãe de três filhos, Sabrina venceu mais essa etapa e hoje está em remissão, quando não são encontrados sinais de câncer nos exames físicos, de imagem e laboratoriais. “Sei que ainda tenho muito a fazer. Na fase inicial, usei o Facebook como uma plataforma para esclarecer a doença que ainda é um tabu. Há pessoas esclarecidas que sequer pronunciam o nome. Tive uma amiga também professora de escola pública que adiou o tratamento para concluir o semestre com os alunos. Quando buscou tratamento, foi tarde. A questão do tempo é fundamental”, destaca.

Lições de vida

“Há alguns anos o diagnóstico de câncer era uma sentença de morte. Hoje o câncer de mama é o mais curável e mais tratável. Mas a descoberta deve ser no início. Por isso, a importância de exames regulares. São muitas lições aprendidas ao lidar com a doença. Um dos efeitos colaterais da quimioterapia é a alteração no sabor dos alimentos. Com o fim do tratamento, tenho prazer em apreciar o gosto de cada alimento, algo que antes, não prestava atenção”, afirma Sheila.

“Hoje consigo dar risada de algumas situações que enfrentei porque as pessoas muitas vezes não sabem o que dizer e como lidar. Nessas horas é possível saber com quem realmente podemos contar. Na maioria das vezes, eu não precisava de nada mais que um abraço”, ressalta Sabrina.

As duas professoras já se conheciam, mas a batalha contra o câncer uniu as duas ainda mais. “Quando recebi o diagnóstico, anunciei pelo Facebook e fui abraçada virtualmente e presencialmente. Falar é terapêutico. Criou-se uma rede de amor. Minha amizade com a Sabrina foi fortalecida e suas atitudes frente à doença me encorajaram a vencê-la. De tudo resta a certeza que o que a gente leva da vida é o que vive e o amor”, enfatiza.

O Ministério da Saúde destaca a importância do autoexame para o diagnóstico precoce do câncer de mama, mas reforça a importância da realização de exames como a ação mais indicada para o rastreamento da doença.

Aldenora Moraes, Ascom/SEEDF