Secretaria de Educação do Rio de Janeiro
06.07.2018O universo Barroco invade as aulas interdisciplinares do Colégio Estadual Leopoldo Fróes, no Largo da Batalha, em Niterói. Durante o segundo bimestre, os alunos da 1ª série do Ensino Médio se reúnem na biblioteca para a Aula Horizontal, criada pelas professoras Ana Lúcia Azevedo (Língua Portuguesa) e Isabelle Lyra (Artes e Agente de Leitura). As aulas têm início com técnicas de relaxamento e meditação, preparando os jovens para se acomodarem pelos edredons e almofadas espalhadas pelo chão e começarem a viagem rumo aos séculos XVI a XVIII.
O primeiro sentido trabalhado é o da audição: com os olhos vendados, os estudantes são transportados por músicas de Bach e Vivaldi. Depois, todos tiram as vendas para acompanhar, em projeções no teto da biblioteca, como se estivessem olhando uma cúpula de igreja, pinturas, esculturas e a arquitetura do período Barroco, além de conhecer importantes autores do estilo. São trabalhados textos de Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, telas de Caravaggio e El Greco, além de esculturas de Aleijadinho e Bernini, entre outros mestres.
– Queria que eles sentissem a experiência da arquitetura olhando para o alto, o simbolismo de espiritualidade do Barroco, a relação entre céu e terra – disse Isabelle.
Há três anos, as professoras realizam essa aula. Elas contam que, de início, os estudantes têm certa resistência pela novidade. Após um tempo, todos curtem e embarcam no conhecimento. Juntamente com as professoras, eles vão se acomodando no chão forrado, colocam as máscaras, confeccionadas por Isabelle, e começam a meditação, que é conduzida para levá-los ao ambiente da época proposta.
– A ideia é ampliar o conhecimento sobre o Barroco, que vai além da literatura. O efeito, além do conhecimento nas disciplinas, é trazer essa experiência para o dia a dia dos alunos – contou Ana Lúcia.
Respeito às diferenças
Para fazer o contraste com o tempo em que a religiosidade ditava as regras, as professoras mostram que, hoje, a ciência e a fé podem conviver sem conflitos. Ao final da aula, os alunos falam de suas experiências, associando-as ao que foi aprendido. E vão desenvolvendo formas de administrar a relação com a família e amigos, que, às vezes, causam divergências por questões religiosas.
– Explicamos que há diversas formas de professar a fé, ou não professar nenhuma. Baseando-se nessas experiências, eles passam a se respeitar mais entre eles e na vida fora do colégio – explicou a professora de Português, Ana Lúcia.
A professora Isabelle já pensa em um desdobramento dessas aulas, em que os estudantes costurariam uma colcha de retalhos: cada pedaço representando a historia de cada um deles, e mostrando, mesmo com diferenças, como todos estão conectados.