Professor da Rede Estadual estimula produção científica em jovens do Coroadinho

Projetos e Premiações

04.11.2019


Fomentar nos estudantes a vontade de fazer pesquisa científica usando uma forma diferente de ensinar os tradicionais conteúdos da Biologia, essa é a proposta de Tiago dos Anjos, professor de Biologia do Centro Educa Mais Dorilene Silva Castro, localizado no bairro do Coroadinho, na capital maranhense, através do Grupo de Pesquisa e Estudos sobre Adolescências e Ciência.

“Eu estudei na Universidade Federal de São Carlos, no interior de São Paulo, e nós aprendemos durante a nossa formação que, antes de ensinar qualquer coisa, seja Biologia ou qualquer outra disciplina, nós precisamos primeiro conquistar o aluno. E existem diversas formas de fazer esse universo de conquistas”, destaca o professor.

Paulista que veio para o Maranhão após ser aprovado em concurso público e atraído pelo maior salário do Brasil ofertado pelo Governo do Estado. Tiago lecionou Biologia no Centro de Ensino Raimundo Rodrigues, em Serrano do Maranhão, em 2016, e viu nos experimentos científicos uma forma de engajar os estudantes no aprendizado da disciplina, e a partir daí, criou o Grupo de Pesquisa, envolvendo estudantes do Ensino Médio em práticas que, além de tornarem o aprendizado mais lúdico, os aproxima das rotinas da vida acadêmica.

“Eu decidi fazer os projetos de extensão, de iniciação científica, que os alunos acabam gostando bastante e demonstrando maior interesse na hora de aprender Biologia. A receptividade dos alunos foi muito boa. Eles ficaram bastante ansiosos, porque eu tive que passar por um processo de escolha dos alunos e o critério que nós usamos foi a vontade de querer aprender, principalmente, e a questão das notas. A dinâmica da sala de aula fica melhor com interação mais positiva porque eles se sentem atraídos e com vontade de aprender”, explica Tiago Anjos.

Apaixonado pela produção acadêmico-científica, quando iniciou os trabalhos no Maranhão, o docente enviou para a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão  (FAPEMA) a submissão do Projeto de Iniciação Científica intitulado ‘Influências do Enem na construção do projeto de vida de adolescentes do litoral ocidental maranhense’, desenvolvido com estudantes do CE Raimundo Rodrigues, e que, além da aprovação com bolsa aos estudantes, rendeu a participação em um livro que será lançado pela Fundação até o final desse ano.

“Nós mandamos para a Fapema o relatório final do Projeto que desenvolvemos em Serrano do Maranhão e em Apicum Açu, e eles escolheram o nosso relatório para participar de um livro com os trabalhos que foram destaques no ano de 2018. Ele já foi submetido, foi revisado e nós estamos só aguardando a publicação”, disse Tiago.

Atualmente no Centro Educa Mais Dorilene Silva Castro, Tiago Anjos desenvolve mais projetos, agora, com três estudantes de iniciação científica e seis estudantes de projetos de extensão. Todos eles também são bolsistas pela Fapema.

“Com o projeto deste ano, nós fizemos a submissão em um Congresso de Biologia, na Universidade Estadual do Maranhão, na Maccbio Jovem, e o nosso trabalho foi premiado como ‘trabalho destaque’, ficando em primeiro lugar. Agora nós temos como objetivo entender as influências do Enem na construção do projeto de vida dos alunos que participam da escola em tempo integral”, reiterou o professor.

“Possibilitar essa vivência, mais próxima do mundo acadêmico, trazer os alunos do ensino médio para essa vivência que eles terão no futuro, na universidade, para mim, é imprescindível, porque eu acredito que uma boa formação durante o Ensino Médio vai ter influências diretas sobre o profissional que esse adolescente será no futuro. E isso é muito satisfatório ‘pra mim’, porque é algo que eu gosto muito de fazer e de certa forma está contribuindo para a experiência de vida desses alunos, para transformar um pouco mais a vivência desses alunos”, complementou Tiago.

Mais que um professor, um amigo

Além de incentivar nos estudantes o espírito científico, Tiago Anjos, também se tornou uma inspiração para a formação acadêmica e vida profissional de vários estudantes. É o caso do jovem William de Sousa Silva, ex-aluno do CE Raimundo Rodrigues e atualmente acadêmico de Biologia no IFMA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão.

“Participar desse projeto foi muito importante para a minha formação acadêmica, porque eu pude presenciar como era a iniciação científica já no ensino Médio e quando eu cheguei na universidade foi muito mais fácil. Agradeço ao Tiago pela oportunidade. Eu faço Biologia licenciatura e pretendo dar aulas e o professor Tiago, com certeza, é um exemplo a ser seguido, pois eu também pretendo fazer projetos de extensão na escola”, garantiu o jovem.

Para os estudantes, os ensinamentos de Tiago Anjos são importantíssimos, pois além de trazer as elucidações da Biologia, vão além da sala de aula.

“Essa vivência trouxe uma melhora pra mim. No primeiro ano eu ainda não morava aqui e na minha antiga escola não tinha laboratório, não tinha nada disso, nós só tínhamos aula teórica. E eu sempre tive muita dificuldade com Biologia, Física e Química, depois que eu comecei a ter aulas práticas, as minhas dificuldades foram diminuindo. E o incentivo do professor Tiago foi primordial ‘pra’ isso. Ele sempre nos ajuda, mesmo não sendo da área dele”, afirma Geilma da Conceição Aroucha, que é estudante da 3ª série do Ensino Médio do Dorilene Castro.

Já para Kerllyane Carvalho Mendes, estudante da 2ª série do Ensino Médio e integrante do grupo vencedor do prêmio Maccbio Jovem, a experiência científica proporciona crescimento e amadurecimento não só acadêmico, mas pessoal também.

“Eu sou apaixonada por Biologia desde criança e penso em me formar em Biologia, também quero ser professora, é uma área que eu gosto e me identifico muito. Essa experiência me fez crescer, amadurecer, porque me trouxe uma questão mais ampla do que é o mundo realmente, de como as pessoas veem o mundo. Esse projeto me trouxe uma visão mais ampla e me faz buscar caminhos mais altos”, concluiu a estudante.

Fonte: Seduc/MA

Texto: Letícia Pinheiro