Professor alagoano usa criatividade para dinamizar aulas de História

Alagoas

11.06.2018

Texto de Manuella Nobre

Imagine chegar à escola e se deparar com Martinho Lutero, precursor da Reforma Protestante na Europa. Ou mesmo com um navegador português do século XVI ou o imperador francês Napoleão Bonaparte. Esta é a rotina nada previsível dos estudantes da Escola Estadual Manoel de Araújo Dória, no Conjunto Henrique Equelman, em suas aulas de História. Tudo isso é possível graças ao dinamismo e criatividade do professor José Claudevan Alves.


Em uma mistura de entusiasmo, gratidão e amor à profissão, ele incorpora os mais variados personagens históricos para deixar suas aulas mais atraentes e proporcionar maior aprendizado aos estudantes do ensino fundamental.

Oriundo da escola pública, Claudevan foi aluno da Escola Estadual Virgínio de Campos, na Ponta da Terra, de onde trouxe o exemplo da professora Rosa, de Geografia, que utilizava desenhos para ensinar. Ele investe ainda na confecção de personagens, produção de cenários, músicas e dá um show de criatividade para transmitir seus conhecimentos.

Das páginas à prática

Docente desde 2001, ele ingressou na rede estadual em 2010 e há sete anos atua no ‘Dória’, como a escola é conhecida. De lá para cá muitas histórias são recontadas de maneiras bem especiais e métodos nada convencionais.


“Fujo da ‘decoreba’ e repasse de datas que às vezes não fazem sentido. Quando entro em sala não sou o Claudevan, trago o personagem e foco no assunto, utilizando música, desenhos e outros materiais. Quando usamos a questão visual, situamos e ajudamos o aluno a entender e fixar o conteúdo. Pesquiso em livros, internet, em filmes, vou ao comércio em busca de itens para confeccionar as fantasias e, se não achar, eu mesmo produzo e monto meus personagens”, explica o professor.

Ele fala como surge a inspiração para seus trajes. “Para a aula sobre a conquista do Oeste americano, aplicada aos meninos do 8º ano, criei um xerife, enquanto para a aula sobre o Egito Antigo do 6º ano, fiz esta caracterização de Anubis, deus dos mortos na mitologia egípcia. Entro na sala já falando, adaptando à língua do personagem, mas de uma forma que entendam. Eles riem, brincam, mas depois incorporam a ideia e interagem. É gratificante”, declara Claudevan.


Aprendizado garantido

A inovação surtiu efeito. As personalidades históricas que têm passeado pelos corredores e salas de aula do Doria não só atraem olhares, mas têm garantido aprendizados e muitos ‘selfies’ por onde passam.

“Aprendemos sobre as 13 Colônias do Norte, a ocupação do lado Oeste dos Estados Unidos e a guerra contra os nativos, os índios, pela posse das terras”, explica Maria Clara Bernardo da Silva, estudante do 8º ano.


“Já respondi questão da prova na semana passada só pelo desenho dele”, afirma a colega Janette Emanuelle.

“Ele já veio de Napoleão (Bonaparte), de rei e com a bandeira da França, para falar sobre Revolução Francesa, de pirata e as caravelas, de clero, de xerife, são muitas fantasias”, relembra Natalha Santos de Gusmão, da mesma turma.


Na sala dos professores, onde muitas vezes a produção começa, a interação e troca de experiências também acontecem. “Ele gosta de surpreender e ver o concreto ajuda, sim, na fixação dos conteúdos”, considera a professora de Artes, Aldina Medeiros.

A diretora-geral Ana Adélia de Melo, diz que os personagens de Claudevan ajudam a fixar melhor o aprendizado. “Os alunos ficam encantados, principalmente os do 6º ano, pois para eles é uma novidade”, conta a gestora, cuja escola conta com 700 alunos do 6º ao 9º ano.