Bahia
09.09.2019Os 182 anos do Colégio Estadual da Bahia – Central, localizado no bairro de Nazaré, em Salvador, foram comemorados nesta sexta-feira (6) pela comunidade escolar, com atividades culturais e artísticas. Depois do hasteamento da bandeira e da entoação do Hino Nacional, se apresentaram a Orquestra Neojiba e o coral da Universidade Estadual da Bahia (UNEB). Os alunos da unidade também protagonizaram os festejos com performances de teatro, dança e poesia.
Neste dia comemorativo, gestores, professores, funcionários e estudantes falaram sobre a importância do Central para as suas vidas. Foi o caso de Elen Jesus Sena, 16 anos, 1º ano Ensino Médio. “O Central me atraiu por ser um dos centros históricos da Bahia e pela sua arquitetura. Eu também procurava um ensino mais exigente, puxado mesmo, que me provocasse à pesquisa e a leituras. Essa riqueza histórica e o conteúdo mais rico, certamente, vão engrandecer meu currículo futuramente”, pontuou.
O estudante Daniel Santos Nascimento, 16, 1º ano, também falou sobre o impacto da história do Central no seu interesse pelos estudos. “A essência desta escola é puramente história. Nossos pais, nossos avós estudaram aqui. São gerações e gerações que passaram por aqui. A primeira vez que eu vi a imagem do colégio e conheci a história dele eu falei para mim mesmo que queria estudar aqui”, disse.
A professora de História Deborah Kelman de Lima, que é responsável pelo patrimônio histórico do colégio, falou sobre o papel do Central para os soteropolitanos. “O Central tem um papel marcante na história da educação. Foi aqui que tivemos as primeiras mulheres presentes no ensino secundário. Tivemos uma vanguarda política extremamente importante para a luta da democracia no Brasil. Na década de 1960, fomos o epicentro na discussão da luta contra o regime militar, era o fórum onde mais havia debates. Tínhamos as praças de guerra na Avenida Joana Angélica, nossos alunos combativos, lutavam contra o regime. Somos uma escola de vanguarda, uma escola de tradição acadêmica. Por aqui passaram os professores Aristides Maltez e Pirajá da Silva, que é um nome internacionalmente conhecido. O Colégio Central sempre foi uma referência e os nossos 182 anos celebram essa resistência e superações”, declarou.
A diretora Rosenita Mesquita de Santana falou que o Central faz parte da história da Educação na Bahia. “Ver esses estudantes encantados com a trajetória da unidade, curiosos pela história da escola, me deixa orgulhosa de trabalhar aqui, que é um aprendizado muito grande”, relatou, destacando a biblioteca do Central, que contém um acervo composto por seis mil volumes e que ajuda a contar a história da Bahia.
A professora de História da unidade, Erica Carla Barreto, destacou o sentido de trabalhar em um local com tanta simbologia para a cidade. “Lecionar em uma escola que tem toda uma trajetória histórica é muito rico e emocionante. Eu sinto um grande prazer. Hoje, temos a oportunidade de homenagear a escola e demonstrar o nosso carinho. Por aqui passaram pessoas muito importantes para a nossa história e para a democracia brasileira”, relatou.
História
O Central é o primeiro colégio público de Ensino Médio da Bahia, criado em setembro de 1837. Atualmente oferece Educação em Tempo Integral e sedia o Centro Juvenil de Ciência e Cultura (CJCC), que oferece cursos e oficinas para estudantes da rede estadual de ensino.
Em quase dois séculos de história, passaram pelo Central professores ilustres, como o padre Doutor Antônio Joaquim das Mercês, Luiz Vianna Filho, Edgar Santos, Severino Vieira e Carlos Corrêa de Menezes Sant´Anna. Entres os estudantes mais famosos, destaque para Glauber Rocha, Calazans Neto, Carlos Marighella, Raul Seixas, João Ubaldo Ribeiro e Waldir Pires.