Formação continuada e o foco na gestão são caminhos apontados para melhorar a educação pública brasileira.
O último dia do I Seminário Internacional de Boas Práticas em Gestão Escolar foi marcado pela palestra “Os desafios e as perspectivas da Gestão Escolar no Brasil”, ministrada por Yvelise Arco-Verde, diretora de Apoio à Gestão Educacional do Ministério da Educação - MEC, e, por Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco; e contou com a mediação e debate da coordenadora do Setor de Educação da Unesco, Maria Rebeca Otero Gomes, e de Luciano Dias Monteiro, diretor de Relações Institucionais da Fundação Santillana. Durante pouco mais de uma hora, temas como a centralidade do diretor na gestão escolar e a importância de uma gestão democrática, apoiada em práticas pedagógicas foram a tônica da mesa de debate, bem como, a essencialidade da gestão escolar para a mudança da escola pública. Para Ricardo Henriques, a aprovação do Plano Nacional de Educação – PNE, é importante para o futuro da gestão escolar. Henriques aponta a gestão como uma forte ferramenta de redução das desigualdades educacionais, “colocar a gestão no centro da educação é dar concretude ao direito da educação que precisa ser técnica e pedagogicamente forte”, afirmou e continuou “ter o sentido de direção e objetivo e definir a forma como alcançá-lo, bem como formular rotinas, organização pedagógica e infraestrutura são formas de dar centralidade a gestão”. A formação continuada de professores e gestores é um dos caminhos apontados por Yvelise Arco-Verde para dissipar a fragilidade da gestão no país, bem como “desenvolver um novo olhar sobre a figura do diretor, que além de ser um bom gestor, precisa ser um educador”, ressaltou. A participação dos profissionais da educação nos Planos Municipais e Estaduais, o fortalecimento dos Conselhos Escolares e formação dos conselheiros e o estímulo a participação e consulta de alunos e pais na formulação do projeto pedagógico, foram estratégias apontadas por Arco-Verde para fortalecer a gestão. Para Luciano Monteiro é preciso sintonizar os propósitos entre os profissionais da educação, sendo necessária uma capacidade de entendimento afinada para a dinâmica da gestão, “alinhar propostas, compromissos e responsabilidades potencializa a gestão escolar”. A importância da formação e conhecimento em técnicas pedagógicas foi apontado por Maria Rebeca Otero, como essenciais ao conhecimento do gestor, “no curso de pedagogia pode-se formar professor da educação infantil, alfabetizador, gestor do ambiente escolar. Se não for pedagogo, a formação inicial dele é em outra disciplina, mas em algum momento da formação dele foi preparado para a gestão macro e micro”. Para ela a formação inicial do professor está frágil, demonstrando pouca expectativa de resolução, pois, no PNE é colocado um ano para rever as licenciaturas, o qual apontou ser pouco tempo, sendo importante “investir na formação continuada e inicial do diretor”. No momento destinado aos debates, Ricardo Henriques ressaltou que para gerir uma escola é necessário aprender a ser um gestor, não apenas educador. “Esse gestor precisa ser formado dentro dessa nitidez a que se referiu anteriormente para além das capacidades inatas dessa pessoa. É preciso entender e clarear o que é específico de cada papel porque um bom professor não é necessariamente um bom gestor porque ele se afastou da prática”, pontuou Já a professora Yvelise destacou que a formação é peça chave para pensar formas de resolver a escola brasileira. “A formação precisa ser feita, retomada e as vezes desde a formação inicial (...) A formação é muito complexa, tanto inicial quanto continuada.” Para ela as escolas ainda não estão no nível desejado, “é preciso cuidar delas, ter muita atenção”, finalizou.