Pernambuco
17.04.2020O isolamento social, medida usada por países do mundo inteiro para conter a pandemia do Coronavírus, vem reinventando a nossa rotina e nosso modo de viver. E na área da educação não tem sido diferente. Desde o início da quarentena, o Governo de Pernambuco vem criando formas de viabilizar o ensino e aprendizagem dos pernambucanos estudantes do ensino básico, como a disponibilização de materiais de estudos no site da Secretaria de Educação e Esportes (Confira aqui), e o Educa-PE, plataforma de transmissão de aulas ao vivo em TVs abertas e internet. No entanto, um movimento que reforça o senso de coletividade humana vem chamando a atenção de todos: a união de estudantes e professores via lives (transmissões ao vivo), chamadas de vídeo e conferência para revisar e reforçar os assuntos.
A corrida é contra o tempo. Um dia sem aprendizagem é arriscado para estudantes que estão concluindo o Ensino Médio e, principalmente, para os que vão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) ainda este ano, até então mantido pelo Ministério da Educação, cujas aplicações (impressa e digital) estão programadas para outubro e novembro. E foi pensando assim que o professor de Química da Escola Técnica Estadual (ETE) Miguel Arraes de Alencar, Severino Bezerra Chaves, decidiu ministrar suas aulas via conferência para os estudantes dos segundos e terceiros anos.
No dia 18 de março, início da quarentena, o docente divulgou, por aplicativos de mensagens, suas aulas em um programa que permite realizar conferências com dezenas de pessoas. “Nas primeiras aulas, cerca de 40 alunos participavam. Hoje em dia, conto mais de 80”, detalha o professor. As aulas acontecem a cada 8 dias. Durante os 40 minutos de chamada, Bezerra ensina alguns assuntos dos livros didáticos distribuídos pelo Governo de Pernambuco no início do ano letivo, passa exercícios e tira dúvidas. Além disso, ele fica disponível quase 24h por dia na internet caso algum estudante queira alguma ajuda, e ainda grava vídeos e compartilha com todos sobre as principais dificuldades dos alunos nas atividades.
“Eu venho fazendo o que posso para que eles não percam o pique dos estudos. Tudo é muito novo pra gente. É muito diferente de dar aulas presencialmente, mas acredito que está havendo aprendizado, sim, e percebo que os alunos continuam interessados. Além das minhas conferências, eles contam com o Siepe, onde disponibilizei todos os slides da disciplina, com o Educa-PE e com o site da Secretaria. Eu estou fazendo o que posso para ajudá-los. Tem sido desafiador para todos”, analisa Bezerra.
Antes de ser decretada a quarentena nas escolas públicas estaduais, os estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Escritor José de Alencar, Jéssica Ângela da Silva e Felipe José criaram o projeto Estude Comigo, cujo objetivo era realizar lives dos dois, com dicas para criação de planos de estudos para seus colegas de turma que vão fazer a prova do Enem. “Mas os planos mudaram. Quando começou a quarentena e todos os estudantes foram dispensados das escolas, procuramos os professores para que eles nos ajudassem e fizessem lives no nosso projeto para ajudar a galera”, comenta Jéssica.
Ao que tudo indica, a reconfiguração do projeto vem dado certo. Atualmente, mais de 100 alunos participam das lives via Instagram. “Nós dois (Jéssica e Felipe) sempre participamos dessas transmissões, porque a ideia inicial era estudante dar dica para estudante. Era produzir conteúdo da gente para nossos colegas. E prezamos muito para manter esse formato porque vemos que deu certo por diversos fatores, como a nossa linguagem e a nossa cara jovem para para tudo. O nosso objetivo é fazer com que ninguém pare de estudar. Que quem tiver acesso à internet, que aproveite para manter os assuntos em dia porque o Enem vai rolar. A quarentena é tudo diferente do que já vivemos, mas não podemos parar”, acrescenta a jovem, que estuda para ser aprovada em Educação Física no Enem.
Além da ETE Miguel Arraes de Alencar e EREM Escritor José de Alencar, a EREM Doutor Mota Silveira, ETE Senador Wilson Campos, EREM Frei Orlando e tantas outras unidades de ensino estão fazendo o mesmo: segurando firme as mãos uns dos outros para que a educação e o desenvolvimento de todos se mantenham firmes em tempos de isolamento social.