Programa GoiásTec contribui para combater evasão escolar e estimular jovens a concluírem o Ensino Médio

Goiás

11.01.2022

No segundo semestre de 2020, uma preocupação incomodava a estudante Maria Vitórya Freitas de Oliveira. Para dar continuidade aos estudos, ela teria que deixar a família na zona rural e se mudar para Goiânia, onde tem parentes e poderia cursar o Ensino Médio.

Na época, a adolescente estava concluindo o Ensino Fundamental e a possibilidade de morar longe do pai e da mãe não era uma ideia que lhe agradava muito. “A fazenda onde moramos foi o lugar onde eu nasci e cresci. E eu sempre fui muito apegada aos meus pais. Além disso, gosto muito do sossego, da paz e da tranquilidade do campo”, explica ela.

A solução para o impasse de Vitórya veio no início do ano passado, com a implantação do programa GoiásTec na Escola Municipal Alexandrina Pereira dos Santos, onde a jovem já estudava. A instituição de ensino funciona como extensão do programa criado pelo Governo de Goiás com o intuito de combater a evasão escolar e garantir que jovens das comunidades rurais mais distantes possam concluir a Educação Básica.

O GoiásTec utiliza a metodologia da mediação tecnológica para ampliar o alcance do programa. As aulas são gravadas em estúdio e transmitidas por meio de TVs instaladas nas salas de aula, onde um professor mediador acompanha os alunos, tira dúvidas e orienta na resolução das atividades pedagógicas.

Qualidade e inovação

Para Vitórya, de 15 anos, o programa une duas grandes vantagens, que são qualidade e inovação. “Para mim foi uma oportunidade muito importante de continuar meus estudos e ficar perto de casa. Fiquei muito feliz quando soube dessa possibilidade e fui uma das primeiras alunas a fazer matrícula”, conta ela.

Em agosto do ano passado, a estudante foi uma das contempladas pelo Governo de Goiás com os chromebooks. Ela conta que utiliza bastante o equipamento para estudar e pesquisar conteúdos relacionados às aulas. “Percebi que o aproveitamento tem sido bem melhor do que antes, quando eu usava apenas o celular”, afirma.

O professor mediador da turma, Dalmir Pereira Nunes, explica que os chromebooks têm auxiliado muito os estudantes durante as aulas, na elaboração dos trabalhos escolares e na resolução dos exercícios propostos. Formado em Agronomia e Pedagogia, o educador destaca que o diferencial do GoiásTec é a qualidade do material disponibilizado aos alunos.

“É um projeto sensacional em termos de apresentação dos conteúdos”, diz ele, elogiando também o apoio dado pelos professores no estúdio. “É minha primeira experiência com mediação no ensino à distância, mas eu me sinto amparado em todos os sentidos”, completa.

Quilombo São Sebastião

Na E. M. Alexandrina Pereira dos Santos, o programa GoiásTec atendeu no ano passado 11 alunos na 1ª série do Ensino Médio. As aulas são ofertadas todo os dias no período matutino. A grande maioria dos estudantes reside em pequenas propriedades rurais dos municípios de Vianópolis, Silvânia e da região do quilombo São Sebastião da Garganta.

A aluna Giovana do Nascimento Silva, de 15 anos, mora na Fazenda Boa Esperança, na zona rural de Silvânia. Ela nasceu no interior do Piauí e veio com a família para Goiás aos 5 anos de idade, em busca de melhores condições de vida. Sobre o GoiásTec, ela diz que optou pelo programa por questões econômicas.

Giovana considera a qualidade das aulas muito boa e a metodologia inovadora. “Eu acho a proposta excelente por nos dar condições de estudar mais perto de casa e de concluir o Ensino Médio”. O chromebook, Giovana diz que ficou surpresa ao receber o equipamento, que ela utiliza como ferramenta de estudo e pesquisa.  

O estudante Diego de Almeida Barbosa, também de 15 anos, aponta a dificuldade de deslocamento como um desafio a ser vencido, caso tivesse que estudar em Vianópolis, município mais próximo do povoado de São Sebastião da Garganta, onde ele mora. “Seria muito mais difícil e provavelmente eu já teria desistido, pois preciso chegar cedo em casa para ajudar meu pai nos serviços da propriedade”, revela ele.

Praticidade

Diego diz que costuma usar o chromebook todos os dias para acompanhar os conteúdos das aulas e para resolver os exercícios e atividades propostas pelos professores no estúdio. “É muito melhor do que pelo celular, que eu usava antes de ganhar esse computador”, comenta.

Cristian Abreu Bueno, de 16 anos, outro aluno da turma, avalia que a principal vantagem do GoiásTec é a praticidade, por estar mais perto de casa e de sua família. “Tem a questão econômica também”, acrescenta o estudante, que mora na Fazenda Santa Fé, na região do quilombo São Sebastião da Garganta. De acordo com ele, a experiência de estudar pelo GoiásTec tem sido muito proveitosa e até melhor do que imaginava no início, quando o programa começou. “A ajuda e orientação do professor mediador em sala de aula faz toda a diferença”, frisa ele.

Sobre o GoiásTec

O GoiásTec foi criado por meio da Lei estadual de nº 20.802, de 20 de julho de 2020, sancionada pelo governador Ronaldo Caiado. A proposta do programa é levar o Ensino Médio para todas as unidades escolares da zona rural, distritos e regiões de difícil acesso ou que possuam déficit de professores em áreas específicas de conhecimento, por meio da transmissão ao vivo de aulas via satélite.

O programa propõe ampliar o atendimento aos alunos a partir de uma metodologia inovadora por meio de aulas transmitidas em tempo real, via satélite. As aulas são mediadas, de forma presencial, por professores em sala de aula.

A iniciativa integra os esforços do Governo de Goiás no sentido de promover o fortalecimento e a expansão do Ensino Médio para todos no Estado. Em 2021, o programa atendeu 4.235 estudantes da 1ª e 2ª séries em 97 unidades escolares e 45 extensões, alcançando 73 municípios.

“Com o GoiásTec, podemos levar aprendizagem para todos os cantos do Estado, independente da quantidade de alunos que lá esteja, e garantimos professores especialistas para dar a melhor aula para os estudantes. É um projeto ousado e inovador que assegura a educação para todos”, ressalta a secretária de Estado da Educação, Fátima