Conhecimento
26.05.2020Com as aulas presenciais suspensas desde o mês de março, as escolas alagoanas buscaram alternativas para manter as atividades pedagógicas à distância. Na rede pública estadual, desde o dia 07 de abril, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) estabeleceu o Regime Especial de Atividades Escolares Não Presenciais (REAENP), documento orienta como as atividades escolares devem ser realizadas nesse período de quarentena. Uma das medidas orientadas por esse regime foi a criação de laboratórios de aprendizagem para as turmas de 1º ano do ensino fundamental à 2ª série do ensino médio, onde as atividades acontecem de forma interdisciplinar – com professores de várias disciplinas trabalhando juntos.
Os laboratórios de aprendizagem estão divididos nas seguintes áreas: Língua Portuguesa, Matemática, Comunicação, Iniciativas Sociais ou Comunitárias, Desenvolvimento de Atividades Lúdicas, Ideias Inovadoras e Clube do Livro.
“Os laboratórios de aprendizagem possibilitam a interação entre os envolvidos em suas atividades à medida que proporcionam o estímulo à criatividade, à construção, à autoestima, à descoberta e ao desenvolvimento de competências e habilidades, além de romper fronteiras que ultrapassam os muros da escola e alcançam o território, a cultura, os saberes construídos no convívio familiar”, relata Jacielma Pereira, gerente de Desenvolvimento Educacional da Seduc.
Criatividade - E criatividade não falta aos professores e estudantes na condução desses laboratórios. Na Escola Estadual Pedro Teixeira, em Maceió, os professores de Química, Física e Biologia utilizaram o Laboratório de Ideias Inovadoras para ensinar os alunos a fazerem um repelente caseiro à base de álcool 70 e cravo da Índia. “Empreendedorismo é usara a criatividade para ajudar o próximo, principalmente a comunidade. Por isso trouxemos essa receita caseira muito importante para os tempos atuais, pois estamos próximos da estação chuvosa, quando aumentam casos de doenças como dengue e chicungunha”, explica o professor Luciano Raposo, de Química.
Já na Escola Estadual Dom Constantino Luers, de Campo Alegre, o Laboratório de Língua Portuguesa propôs aos alunos a elaboração de um diário de quarentena, onde os alunos registram como têm sido seus dias de isolamento social. “É uma forma de expor nossas emoções e tudo o que a gente está vivendo. Agradeço por essa oportunidade, pois escrever liberta nossos sentimentos, e, no futuro, quando ler esse diário, vou me lembrar de tudo o que vivi”, conta Alana da Silva Santos, estudante da 2ª série do ensino médio.
Os gestores das duas escolas contam como organizaram as atividades dos laboratórios. “A partir dos temas norteadores, a nossa equipe diretiva e pedagógica, dividiu os laboratórios segundo as áreas de competência. Temos visto iniciativas muito interessantes”, fala Sirleide Dantas, diretora-adjunta da Pedro Teixeira, que acompanha todas as atividades junto com o diretor-geral Nerivaldo Valença e a articuladora Patrícia de Oliveira.
Maria Aparecida do Nascimento, gestora da Dom Constantino Luers, relata que as atividades foram distribuídas tanto usando meios virtuais como físicos. “Estamos usando ferramentas como Whats App, Instagram, Google Sala de Aula e, para os que não possuem acesso a internet, deixamos material impresso em quatro pontos distintos no município. Temos uma equipe unida e ajudamos uns aos outros para nos adaptarmos a este momento”, frisa Aparecida.
Diário de bordo – Paralelo aos laboratórios e clubes do livro, os estudantes também estão produzindo diários de bordo, onde relatam todas as atividades das quais participaram. “É um instrumento avaliativo que nos ajuda a acompanhar o desempenho de nossos estudantes nesse momento de quarentena, mostrando seus avanços e dificuldades na construção do conhecimento”, informa Jacielma.
Aluna da Escola Estadual Pedro Joaquim de Jesus, de Teotônio Vilela, Laisa Rayane elogia a iniciativa. “Nele, coloco as atividades pendentes, concluídas, as dúvidas. Isso me ajuda e sei que também ajudará aos professores quando as aulas presenciais voltarem”, avalia a jovem.
Fátima Pimentel, diretora da Pedro Joaquim de Jesus, destaca a importância da ferramenta como um registro histórico dos dias de quarentena. “Considero o diário de bordo uma das tarefas mais interessantes de se fazer, pois o aluno contará esse período, que marcará a história mundial, do seu ponto de vista. Tempos depois, ele poderá ler esses relatos e perceber como foi importante registrar tudo o que viveu nesses dias”, observa.