KUKI: do gramado para a sala de aula

Pernambuco

19.09.2019

Uma manhã cheia de histórias e surpresa. Surpresa porque até a hora do encontro os estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Jarbas Pernambucano, em Cajueiro, não sabiam quem iria ministrar a palestra. Pátio lotado, olhares atentos e muita expectativa. De repente, entra um dos maiores jogadores de futebol da história de Pernambuco, Kuki. A ida à escola, nesta quinta-feira (19), foi para contar sua história de vida e carreira profissional em um bate-papo informal e descontraído.

Sua carreira no futebol começou aos 22 anos, no Esporte Clube Encantado, do Rio Grande do Sul, um time de segunda divisão. Em 2001, veio para Recife e começou a jogar no Náutico. No time alvirrubro ficou até 2007, quando foi contratado pelo Santa Cruz. Aposentado desde 2010, recebeu um convite do Náutico para trabalhar na coordenação do clube, onde exerce o cargo de auxiliar-técnico e celebra 18 anos de dedicação ao time. Entre altos e baixos, contusões e desilusões, o ex-jogador sentiu a necessidade de voltar à sala de aula, pois já havia feito 24 anos que ele não frequentava a escola. Em 2017, Kuki resolveu voltar aos estudos para concluir o Ensino Médio na EREM Santos Dumont, no Recife, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Um ano após a conclusão, o ex-jogador se preparou para dar mais um passo importante na sua vida: entrar em uma universidade. Hoje, aos 48 anos, Kuki se divide entre o trabalho e o curso de fisioterapia, na Universidade Salgado de Oliveira (Universo), no Recife.  “Eu resolvi voltar a estudar por incentivo da minha namorada. No início eu não queria, pois eu não me imaginava mais em sala de aula”, confessou. Kuki contou ainda que não pretende parar quando concluir o curso e que já vislumbra uma especialização. “Pretendo sim continuar os estudos, porque a fisioterapia é um campo muito amplo e que está sempre em constante mudança”, revelou. “Meu papel hoje aqui foi mostrar para esses estudantes que eles são capazes de realizar seus sonhos. Sempre quando eu vejo um jovem desestimulado eu procuro dar força”, completou.

Ao final da palestra, foi aberta a rodada de perguntas para o ídolo pernambucano responder. O estudante Cleyton Rodrigues, 17 anos, não perdeu tempo e aproveitou para fazer algumas indagações. Pensando em seguir a carreira futebolística, o jovem disse que não ia deixar de lado os estudos e iria conciliar a carreira profissional com a acadêmica. “Quando eu vejo pessoas assim como o Kuki, que relatou sua vida no futebol e as dificuldades que ele passou, me inspira mais, porque eu vejo também que eu passo por muitas lutas e eu sei que mesmo com dificuldades e passando por várias batalhas, eu não vou desistir dos meus sonhos e vou correr sempre atrás deles”, confessou o estudante que pretende estudar educação física.

“Eu queria que os estudantes percebessem que ele é famoso, mas ele é acessível e que eles podem sonhar também, seja para ser um engenheiro ou um médico, por exemplo. Além disso, ele jogou em outros clubes e eu fiquei com receio da recepção dos estudantes porque aqui é reduto do Santa Cruz. Mesmo assim, eles receberam muito bem e eu fiquei impressionada com o silêncio, o respeito, e independentemente do time eles respeitaram a pessoa e o ídolo que ele é. Isso mostra para esses jovens que eles podem sentar, jogar e conviver com os outros e correr atrás para realizar seus sonhos”, considerou a professora de educação física, Joseane Cristina.

O evento também serviu como um “esquenta” para os Jogos Internos, que acontecem entre os dias 3 e 4 de outubro. “A gente dividiu as equipes por cores e salas diferentes. Estudantes do 2º ano vão jogar no mesmo time que estudantes do 3º ano. Dessa forma, a gente quebra a disputa e proporciona a socialização entre eles. Todos são alunos da mesma escola e eles são colegas e essa rivalidade não deve ter aqui nem em canto nenhum”, acrescentou. Durante as competições, os estudantes irão participar de jogos de futebol de salão e voleibol.