Formar o estudante em sua integralidade, em múltiplas dimensões, e proporcionar a interação dele com a escola e a comunidade são as propostas da educação integral, objeto de discussão em um seminário no final de maio
A Secretaria de Educação do DF realizou, no final de maio, um seminário de educação integral para cerca de 480 professores e diretores das mais de 298 escolas da rede pública do Distrito Federal. O evento ocorreu na Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação (EAPE) e o tema foi Os caminhos para a construção de uma escola pública, democrática e de qualidade, já que o objetivo era oferecer elementos e materiais teóricos para que isso seja discutido e concretizado nas escolas.
Na abertura foi realizada uma leitura dramática sobre a situação da criança abandonada na contemporaneidade. O seminário deu o pontapé inicial nas atividades em prol de uma nova concepção de educação integral na rede pública de ensino, que entrará em vigor no ano que vem.
A primeira mesa-redonda teve como tema Educação integral no contexto da política pública de educação no DF: a questão do projeto político-pedagógico da intersetorialidade e da territorialidade e contou com a participação da secretária de Educação, Regina Vinhaes, da diretora de Currículos e Educação Integral do Ministério da Educação (MEC), Jaqueline Moll, e da assessora especial Rosylane Doris de Vasconcelos.
A partir do tema Educação integral em jornada ampliada no Brasil: a contribuição do Programa Mais Educação para a construção das políticas públicas, Jaqueline Moll apresentou as matrizes históricas da educação no Brasil e discorreu sobre a importância da educação integral como estratégia para a melhoria da qualidade de ensino.
A secretária de Educação, Regina Vinhaes, acredita ser este um projeto ousado, mas observou que o tema da educação integral não deve ser tratado sem planejamento.
“Temos consciência de que precisamos preparar as futuras escolas, identificar as reformas e construções necessárias, reorganizar os recursos orçamentários e construir paulatinamente uma nova proposta pedagógica”, salientou a secretária.
Ela explicou que pequenas mudanças já podem ser conferidas nas escolas que oferecem carga ampliada. “Estamos conhecendo as diversas facetas deste projeto e instruímos as escolas a uma unidade de ação no intuito de que as instituições educacionais públicas ofereçam atividades no contraturno, em pelo menos três dias por semana”, esclareceu Regina Vinhaes.
Passado e futuro
Um outro assunto discutido, intitulado A educação integral na história da educação pública de Brasília: as memórias dos educadores e os atuais desafios, teve como convidados a professora Eva Wairos, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, Erasto Fortes, secretário adjunto de Educação, e Edileuza Fernandes, subsecretária de Educação Básica.
Wairos, que apresentou a palestra Imagens de uma utopia educativa, falou dos primórdios da educação no DF. “Devemos considerar o passado para entender o presente e projetar o futuro”, destacou. Além da discussão promovida pela mesa-redonda, Heloísa Pereira Barroso narrou a experiência da educação integral no Centro de Ensino Fundamental Vargem Bonita do Núcleo Bandeirante.
O seminário propôs a formação de quatro grupos temáticos, com a participação dos coordenadores das escolas que oferecem educação integral, dos coordenadores intermediários das Diretorias Regionais de Ensino e de um representante por escola que ingressará no Projeto 2012 para discutir a educação integral na rede pública do DF.
Ensino completo
Organizado pela professora Rosylane Doris, assessora especial da Secretaria de Educação, o seminário faz parte de uma série de encontros que ocorrerão este ano nas regionais de ensino e escolas que participarão do projeto em 2012. “A ideia é que atividades classificadas como extracurriculares sejam unificadas. Com todas elas dentro da escola, teremos um currículo integral, pois a integração não é apenas no tempo, mas sim na sua plenitude”, diz a professora.
Ela conta que a proposta da mudança no horário é formar um ser humano em sua totalidade, para a sua emancipação, em torno da melhoria da qualidade de ensino. “A escola deve ser atraente, fundamental na vida da criança e da comunidade. Quando a escola está boa e influencia positivamente na vida do adolescente, a família também sai ganhando”, afirma Rosylane.
Ao descrever o projeto, ela explica que a comunidade deveria ter um sentido de pertencimento à escola. “Por isso, o espaço em torno do colégio também receberá melhoria em locais como paradas de ônibus, centros de cultura, postos de saúde, secretaria da criança e equipamentos públicos. Para dar um ganho de qualidade a toda a região”, observa.
Por: AMANDDA SOUZA
Redação Jornal da Comunidade
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