Distrito Federal
09.04.2020Dossiê investigou 40 unidades escolares que já existiam antes da transferência da capital federal. Vinte e uma delas ainda estão ativas
O Dossiê Temático “Escolas Pioneiras de Brasília: a instalação das primeiras instituições educacionais até a inauguração da nova capital”, da Revista Com Censo, da Secretaria de Educação do Distrito Federal, neste mês de abril traz uma verdade: a escola, no DF, veio antes de Brasília. A educação nas terras do cerrado já era prioridade entre 1957 e 1960, anos analisados pela revista. As primeiras escolas da capital eram de cidades que pertenciam ao estado de Goiás, de acampamentos das construtoras que trabalhavam no desenvolvimento de Brasília e aquelas instaladas pela Novacap.
Há cerca de 10 anos, a professora Vanessa de Paula Reis, que atua junto ao Censo da SEEDF analisando bancos de dados da rede, deu início à pesquisa que ganhou a coautoria da professora Lucilene Cordeiro, da Diretoria de Informações Educacionais (DIED). O trabalho de uma década foi reforçado pelas pesquisas no Arquivo Público do DF e no Museu da Educação. “Já trabalhava com alterações de denominação, transformações, alterações de tipologia e extinção de escolas, por exemplo. Para o aniversário de 60 anos de Brasília, surgiu a demanda por um material relativo a essas questões e a revista Com Censo possibilitou publicar o histórico das escolas que já existiam antes da designação da nova capital federal do país”, relata Vanessa.
O professor Mário Sérgio Mafra, atual vice-presidente do Conselho de Educação do Distrito Federal (CEDF) também colaborou com o trabalho das professoras. Em entrevista, o docente, que vivenciou a época da CASEB e diversos momentos da Secretaria de Educação, esclareceu algumas dúvidas e curiosidades sobre as unidades do passado. “A participação do Mário Sério Mafra foi fundamental. A memória dele é impressionante. Tudo que perguntávamos ele respondia de prontidão. A confirmação dessas lacunas apresenta uma história ainda mais ampla que a comunidade escolar desconhece. Estamos tentando resgatar essa história e dar valor ao patrimônio da SEEDF”, conclui a professora Vanessa.
Acesse na íntegra o Dossiê Temático “Escolas Pioneiras de Brasília: a instalação das primeiras instituições educacionais até a inauguração da nova capital”.
Entre os diversos fatos históricos, o dossiê relata que em 1956 foi criado o Departamento de Educação e Saúde, logo denominado de Departamento de Educação e Difusão Cultural, pela recém-inaugurada Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (a atual Novacap), para que fossem atendidos os filhos dos funcionários e operários da construtora. A maioria dos brasileiros que chegava à região se concentrava na Candagolândia e na Cidade Livre (atual Núcleo Bandeirante).
Com a necessidade de um sistema educacional moderno e condizente com a proposta da capital, Ernesto Silva, nomeado pela Novacap como responsável pela educação, participou à frente da implantação da Comissão de Administração do Sistema Educacional de Brasília (CASEB), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), em 1960, e estruturada a partir da Portaria nº 4 de 5 de janeiro de 1960.
A CASEB, na época, ficou responsável pelo levantamento da situação educacional na região e das condições para construções de novas escolas. A Comissão constatou, então, que algumas unidades já existiam próximas ao novo terreno, como:
⇒ Grupo Escolar São Sebastião, criado em 1929, passando a se chamar Escola-Classe nº 01 de Planaltina em 1960, quando incluído no sistema de ensino do Distrito Federal;
⇒ Escola Normal Regional ‘D. Olivia Guimarães’, criada em fevereiro de 1950, passando a se chamar Escola Normal de Planaltina em 1961;
⇒ Escola Rural das Palmeiras que também foi incluída no sistema de ensino da rede oficial do Distrito Federal em 1960;
⇒ Escola Paroquial em Planaltina, criada em 1936, que, pertencente à secretaria do Estado do Goiás, também passou a integrar, em 1962, o sistema de ensino do DF (DISTRITO FEDERAL, 1984);
⇒ Grupo Escolar de Brazlândia, escola primária criada em 1933. Em 1961 passou a integrar o sistema de ensino do DF como Escola Rural de Brazlândia.
Pioneira entre os pioneiros
No DF, a primeira escola da rede pública de ensino foi criada em 18 de outubro de 1957, na Candangolândia. Era o Grupo Escolar número 1 (GE-1), posteriormente conhecido como Escola Júlia Kubitschek em homenagem à mãe do presidente Juscelino Kubitscheck, que também era professora. As 480 crianças da unidade estudavam em turno integral, com três horas extras de atividades sociais. O projeto arquitetônico foi executado em 20 dias, com autoria de Oscar Niemeyer. Mas, posteriormente, a escola criada no Núcleo Novacap foi extinta.
São cerca de 10 anos de pesquisas da professora Vanessa de Paula Reis, que atua junto ao Censo da SEEDF analisando bancos de dados da rede. “Já trabalhava com alterações de denominação, transformações, alterações de tipologia e extinção de escolas, por exemplo. Para o aniversário de 60 anos de Brasília, surgiu a demanda por um material relativo a essas questões e a revista Com Censo possibilitou publicar o histórico das escolas que já existiam antes da designação da nova capital federal do país”, relata.
O professor Mário Sérgio Mafra, atual vice-presidente do Conselho de Educação do Distrito Federal (CEDF), e a professora Lucilene Cordeiro, servidora lotada na Diretoria de Informações Educacionais (DIED), colaboraram com a pesquisa. Em entrevista, o docente, que vivenciou a época da CASEB e diversos momentos da Secretaria de Educação, esclareceu algumas dúvidas e curiosidades sobre as unidades do passado. “A participação do Mário Sério Mafra foi fundamental. A memória dele é impressionante. Tudo que perguntávamos ele respondia de prontidão. A confirmação dessas lacunas apresenta uma história ainda mais ampla que a comunidade escolar desconhece. Estamos tentando resgatar essa história e dar valor ao patrimônio da SEEDF”, conclui a professora Vanessa.
Escolas criadas à época de construção de Brasília até a transferência da Capital
Edição nº 20
O volume especial da revista Com Censo, dedicado especialmente aos 60 anos de Brasília, foi publicado no dia 31 de março, organizado em dois grandes eixos temáticos: Educação e Patrimônio. Foram compilados artigos que permitem conhecer e refletir sobre as narrativas históricas dos processos educativos da capital, com um breve mergulho pelos sonhos de Anísio Teixeira.
A doutora em Museologia pela cátedra Unesco, Karolline Pacheco Santos, escreveu o artigo “Educação Patrimônios e pertencimentos: A Educação Patrimonial como instrumento de democratização cultural” e Juscelino da Silva Sant’Ana, professor da Secretaria de Educação, publicou sobre o “Ensino de línguas no CIL: A política pública como patrimônio ou sobre como ele me faz tão bem”.
Outros autores também podem ser acessados na publicação, como as entrevistas realizadas com a professora emérita da Universidade de Brasília (UNB), Eva Waisros Pereira, para falar sobre o tema “Museu da Educação do Distrito Federal: legado e projetos para a democratização da Educação Pública”, e Manoel Barbosa Neres, graduado em filosofia, que destacou o “Quilombo Mesquita: história, identidade e pertencimento”.
Veja a Revista Com Censo, edição nº 20.
Nathália Borgo, Ascom/SEEDF
Marilene Almeida, Estagiária Supervisionada