Gratidão às mães biológicas, mas, também, àquelas do coração

Mato Grosso

06.05.2022

Em 08 de maio será o Dia das Mães, uma das datas comemorativas que mais comove as pessoas. Inicialmente criado nos Estados Unidos, a data foi pensada para homenagear a ativista Ann Jarvis, personalidade que realizou trabalhos sociais junto a outras mães, principalmente durante a Guerra da Secessão (1861-1865).

Já no Brasil, a data foi estabelecida por decreto (nº 21.366) em 5 de maio de 1932, pelo então presidente Getúlio Vargas, que instituiu o segundo domingo de maio como dia para comemorar os “sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano”.

Essas atitudes nos remetem ao cuidado e à afetividade que as mães desenvolvem conosco ao longo da vida. Mas não somente ela, pois que há outras “mães” em nossas histórias. Mulheres que criam laços afetivos conosco, independente de uma ligação biológica.

É assim que, durante a nossa vida escolar, acabamos por encontrar verdadeiras mães. Mulheres que nos ensinam a escrever, fazer contas, mas, também que se tornam referências de comportamento. Pessoas que nos inspiram e, até mesmo, fazem com que a admiração seja o combustível para elegermos no futuro a educação como profissão “de fé”.

A professora de biologia Lidiane M. Queiróz, da Escola Estadual Carlos Hugueney, em Alto Araguaia, é um exemplo. Ela é mãe de dois adolescentes e atua em sala de aula há nove anos. Conhecida como professora amorosa e acolhedora, ela relata que o fato de ser mãe, a fez ver seus alunos de uma forma diferente.

“Você passa a olhar o aluno como se fosse seu filho, e pensa, como eu gostaria que meu filho fosse tratado? Com isso vem mais respeito e você passa a olhar aquele aluno como alguém que tem anseios e angústia, assim como nossos filhos. E, se eu trato meus filhos com carinho, por que não tratar meus alunos assim”, explica a professora.

A psicóloga do Núcleo de Mediação e Conflitos Escolares da Seduc, Zulmira da Silva Trindade, explica que a mulher já desenvolve um olhar diferenciado e, se ela é mãe, isto é ainda mais profundo. A mãe que atua profissionalmente, acaba desenvolvendo um cuidado que vai além do âmbito familiar e se reflete no trabalho. É um olhar especial de proteção, de saber se o outro está bem.

“E na escola isso é muito importante, porque é através desse olhar atento que se identificam transtornos ou comportamentos desajustados nas crianças e a professora passa a intervir positivamente. Por isso esse cuidado se faz tão necessário e ajuda no desenvolvimento da criança, o que acaba refletindo na sua aprendizagem. Então, essa afetividade é essencial”, defende a psicóloga.

Simone Rocha é mãe da Geovanna, hoje com nove anos, uma aluna especial da Rede Estadual de Ensino em Rondonópolis. A mãe conta que a história da filha se constituiu na escola pública e foi com o acolhimento e o cuidado da equipe que ela sentiu a segurança para deixá-la sob a proteção das professoras. Geovanna tem autismo e uma doença rara que comprometia sua mobilidade, mas, pelo cuidado que recebeu, conseguiu se desenvolver e adquirir habilidades através do convívio social, “foi lá que ela aprendeu a firmar seus passos com segurança, foi a escola que possibilitou a ela descobrir novos caminhos”, comemora a mãe.

Saber honrar e valorizar as “nossas mães”, mesmo as não biológicas, aquelas que passam pelas nossas vidas e fazem a diferença, nos garantindo um desenvolvimento emocional mais saudável e contribuindo para que nos tornemos serem humanos melhores, deve ser uma prática cotidiana. Que nossas demonstrações de carinho e gratidão não se restrinjam apenas ao segundo domingo de maio.

Que todas as mães, sejam professoras, profissionais de apoio, cuidadoras educacionais, secretárias, diretoras, técnicas, todas tenham um ‘Dia das Mães’ repleto de afeto, sentindo o quanto são importantes e valorosas para seus filhos biológicos ou do coração.

Texto de Luciana Oliveira.